sexta-feira, 8 de julho de 2016

A ÚLTIMA SESSÃO DE FOTOS DOS 'THE BEATLES' VAI TE DEIXAR DE OLHOS MAREADOS fotógrafos Ethan Russell e Monte Fresco


ESTE POST É PARA AQUELES QUE AMAM
THE BEATLES


Corria o dia 22 do mês de agosto de 1969, e para os fotógrafos Ethan Russell e Monte Fresco, aquele definitivamente seria um ensaio especial. Registrar a maior banda de todos os tempos, para fotos promocionais de seu então recém gravado disco Abbey Road, era, como tudo que envolvia tal banda, algo histórico. Eles só não sabiam o quanto seria. Nem mesmo John Lennon, Paul McCartney, Ringo Starr e George Harrison poderiam imaginar que aquelas seriam suas últimas imagens reunidos – as últimas fotos dos Beatles.


O clima entre os quatro, no entanto, já beirava o insuportável quando da sessão de fotos, tirada em uma propriedade de Lennon. Ainda que o anúncio oficial do encerramento da banda só fosse ser dado oito meses depois, em abril de 1970, no mês seguinte às fotos, John anunciaria para seus companheiros que não era mais um Beatle. A confidencialidade da informação foi mantida para não atrapalhar as vendas do então recém lançado Abbey Road.


Uma certa melancolia, impaciência e um tanto de tristeza parecem de fato saltar das imagens, contrastando com a simpatia e o carisma habitual com que estamos acostumados a reparar as imagens dos quatro. 



A maior banda do mundo chegava ao fim, e junto com ela os anos 1960, uma década que sonhou os mais intensos sonhos de transformação e renovação do mundo, na geração que possivelmente produziu a melhor música popular do século. 

Abaixo, o único registro em vídeo que existe da sessão. 


Se os sonhos chegam ao fim até mesmo para os Beatles, ao menos a trilha sonora dos sonhos que depois vieram era, como permanece sendo, a melhor possível. 












© Fotos: Ethan Russell e Monte Fresco


O DIA EM QUE, POR ACASO, OS "THE BEATLES" 
REALIZARAM UM SHOW EXCLUSIVO 
PARA SOMENTE 18 PESSOAS 


Em pouco mais de dois anos eles já seriam a maior banda do mundo. Em 9 de dezembro de 1961, porém, os Beatles se apresentaram pela primeira vez no sul da Inglaterra. O show aconteceu no Palais Ballroom, em Aldershot, Hampshire, horas antes deles realizarem o primeiro show da banda em Londres. E o número de presentes não era nada promissor: 18 pagantes.


A estreia dos Beatles na região seria uma estratégia para contornar o desinteresse do resto do país pela região de Liverpool, ao norte da Inglaterra. Já que nenhum grande produtor ou empresário iria até sua cidade, os Beatles então teriam de ir até eles. O que a lenda reza é que o promoter do evento pagou por um grande anúncio em um jornal local, mas o pagamento teria sido feito em cheque, e o jornal não confiou na procedência daquele dinheiro – e jamais veiculou o anuncio. O resultado: depois de uma viagem de nove horas de Liverpool até o salão, não havia quase ninguém para assisti-los. 


O anúncio que jamais chegou a ser publicado 

Para piorar, a banda que iria dividir a noite com os Beatles simplesmente não apareceu. Vale lembrar que na época os Beatles já eram a maior banda de Liverpool, e estavam acostumados a tocar em casa para plateias apaixonadas. Profissionais que eram, a banda realizou o show mesmo com a casa às moscas. 



Porém, os Beatles eram tão profissionais quanto debochados, e o show foi um festival de piadas, canções estranhas tocadas em todo volume, com a banda trocando de instrumentos e eventualmente descendo para a plateia para dançar e brincar com os poucos presentes. Uma hora da manhã Os Beatles eram esperados na porta do salão por três viaturas da polícia, convocadas por um vizinho sem qualquer senso histórico. 




O local do show anos depois se destruiu em um incêndio, e aquela bandinha se tornou a maior banda de todos os tempos. Os que assistiram o show podem se orgulhar de terem assistido os Beatles em um local pequeno e vazio, em um show quase privativo, coisa que praticamente nunca mais viria a acontecer. Foi sem dúvida a noite de um dia difícil para os quatro rapazes de Liverpool. 












A HISTÓRIA DE GEORGE MARTIN O PRODUTOR DOS 
"THE BEATLES"


Não fosse um ‘sim’ dito por George Martin em 9 de maio de 1962, e a música popular mundial não seria a mesma – assim como nossa alegria. Foi nesse dia que o produtor musical decidiu arriscar gravar aquela banda que não lhe pareceu musicalmente promissora, mas que, com seu carisma, humor e entusiasmo, parecia possuir algo de especial. Se a sorte sorriu para George Martin no dia em que ele aceitou gravar os Beatles, a sorte sorriu também para a banda – e para o mundo – pois, sem ele, todo aquele som que viria simplesmente não seria possível.


George Martin morreu no dia 8 de março de 2016, aos 90 anos, condecorado como Sir, após seis décadas de carreira, com mais de 700 gravações produzidas, 30 canções em primeiro lugar nas paradas inglesas e 23 nas paradas americanas. Ele foi o último produtor procurado pelo empresário Brian Epstein para tentar conseguir gravar aquela banda do interior da Inglaterra. E riu melhor quem enfim topou a empreitada.


A revolução protagonizada pelos Beatles na década de sessenta se deu em praticamente todas as camadas pelas quais uma banda de Rock pode atravessar em sua carreira. E uma das mais importantes transformações dessa trajetória foi justamente onde Martin se fez essencial: na gravação e produção das musicas. Antes dos Beatles, tudo era rudimentar e pouco explorado em termos de gravação, que funcionava como somente um registro fixo daquilo que os artistas realizavam ao vivo – como um produto que pudesse ser vendido. 

Foi com George Martin que os Beatles transformaram os discos em obras autônomas, com discurso próprio, estéticas específicas e possibilidades expandidas como obra de arte. O disco de rock enquanto instituição, essa entidade amada e elevada, foi forjada justamente nos estúdios da EMI em Abbey Road, e quem conduziu os quatro gênios de Liverpool nessa alquimia foi George Martin. 


Responsável por praticamente todos os arranjos de corda da banda e pela produção de todas as suas gravações, foi Martin quem soube traduzir e transformar em som os desejos irrefreáveis por novas sonoridades que John, Paul, George e Ringo lhe traziam a cada sessão.Ele aceitou o desafio de transformar a maior banda do mundo na melhor banda de todos os tempos. 



O que hoje é possivelmente resolvido em um clique, na época, em que os melhores estúdios do mundo ofereciam possibilidades de gravação menores do que qualquer notebook da Apple, esses sonhos sonoros tinham de ser resolvido na marra, muitas vezes fisicamente, cortando e colando fitas, tocando gravações ao contrário, explorando as posições dos instrumentos e microfones, criando harmonias inesperadas, arranjos inusitados, misturando o clássico com o popular (ou o indiano), transformando o estúdio de gravação em um verdadeiro laboratório. 


A quem quiser conhecer um pouco mais os processos revolucionários de gravação criados por Martin e os Beatles, principalmente no disco Sgt. Pepper’s, recomenda-se o livro Paz, Amor e Sgt. Pepper, de autoria do próprio Martin. Ou simplesmente ouvir com atenção as minúcias de gravações como Eleanor Rigby, Strawberry Fields Forever, A Day in the Life, Yesterday, In My Life ou Penny Lane. 


George Martin ainda gravou com nomes como Ella Fitzgerald, America, Paul McCartney solo, Elton John, Jeff Beck, Stan Getz, Tom Jones, Stevie Wonder, Celine Dion e muitos outros – tendo recebido, ao longo de sua carreira, um Oscar, seis Grammys, diversos títulos de doutor em música, e de fazer parte do Hall da fama do Rock. 



E, como se não bastasse, George Martin era uma das figuras mais elegantes e amáveis da música pop. Seu significado como produtor foi tamanho, que é possível dizer que tal profissional hoje, com tantas facilidades e artificialidades oferecidas pelo digital (e tão distante do nível de excelência a que Martin se propunha) simplesmente não existe mais. Martin era um gênio raro em seu ofício, que perde uma de suas páginas mais bonitas. É, no entanto, uma vida e uma obra a ser comemorada – preferencialmente, ouvindo em alto volume algumas de suas produções. 


Fontes:



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