domingo, 31 de maio de 2015

É PROIBIDO por Pablo Neruda



É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos ....



COMO ELIMINAR A NECESSIDADE DE APROVAÇÃO por Casandra Vidal



Todos, em maior ou menor grau, precisam de uma dose de aprovação externa. Somos seres sociais por natureza, mas há uma linha que separa o normal, que todos já sentimos alguma vez, do patológico, onde a pessoa tem problemas pessoais por este motivo.

Como disse Steve Jobs “não permita que o ruído das opiniões dos outros abafe sua voz interior”. Uma frase sábia que é fácil de entender, mas difícil de colocar em prática. Todo ser humano deseja agradar, se sentir lisonjeado, etc… o que não é algo necessariamente negativo, desde que não seja excessivo e o bem-estar pessoal não dependa dos outros.

A necessidade de aprovação desde que nascemos

Para entender por que alguns adultos têm essa necessidade de aprovação devemos voltar à infância. Nos primeiros estágios da vida precisamos de aprovação externa que, se não for recebida, poderá trazer problemas de autoestima na vida adulta.

Se, por exemplo, uma mãe diz ao filho que ele é um desastre, não confia nele e, em vez de prestar atenção nas suas virtudes, foca nos defeitos, esta criança quando crescer terá uma autoestima enfraquecida e, portanto, procurará nos outros essa aprovação não lhe foi concedida por sua família.

Nem sempre essa falta de aprovação familiar irá resultar em uma baixa autoestima, pois outras pessoas na escola, como amigos, conhecidos, professores, podem substituir a valorização familiar. A família geralmente é o pilar mais importante, mas às vezes uma criança pode se desenvolver e formar uma autoestima saudável através da convivência com outros membros importantes, fora do seio familiar.

Nossa autoimagem foi construída pelo que recebemos do mundo, por isso é lógico que, inclusive na idade adulta sempre, busquemos um pouco de aprovação para nos dar segurança. Todo mundo gosta de ser elogiado, mas a linha que separa uma busca por aprovação saudável de outra problemática estaria em analisar se o nosso comportamento e decisões variam de acordo com opiniões externas.

Quando se torna dependência?

Poderíamos falar em dependência quando entregamos as rédeas da nossa vida às opiniões dos outros. Uma coisa é desejar a aprovação, mas a linha que atravessa o patológico estaria em precisar dela para se sentir bem. Pense, é um desejo ou uma necessidade? Abaixo listamos 5 atitudes de alarme que poderiam indicar que somos dependentes da aprovação alheia:

1. Ter uma opinião diferente da de alguém e não expressá-la, para agradar e não perturbar a pessoa que tem opinião oposta.

2. Nossas emoções variam de acordo com opinião externa. Se nos adulam e nos aprovam nos sentimos eufóricos e alegres, mas se nos criticam e nos reprovam nos sentimos tristes e com pouco valor.

3. Não saber dizer “não” e fazer favores aos outros antes de ouvir as próprias necessidades.

4. Preocupação excessiva com a aparência. Uma coisa é gostarmos de estar arrumados e fazê-lo com frequência; o problema é quando isso se torna uma necessidade e ninguém pode nos ver despenteados, sem maquiagem ou com um aspecto que consideremos que não seja saudável. As pessoas que não precisam da aprovação dos outros não têm nenhum problema em se mostrarem como são, logo após acordarem, por exemplo.

5- Medo da rejeição. Se perante a sociedade nos mostramos muito corretos e perdemos a naturalidade e espontaneidade, poderia ser que, no fundo, tivéssemos medo de sermos rejeitados. Por isso, tentamos passar despercebidos, para que não possamos receber nenhuma crítica.
Como eliminar esta necessidade patológica?

Podemos eliminar a necessidade de aprovação mudando os pensamentos e crenças.Não é suficiente entender; é necessário refletir profundamente e acreditar nos seguintes pontos:

Não podemos agradar a todos: Seja você quem for, tenha as virtudes que tiver, você nunca vai agradar todo mundo. Alguém sempre irá nos criticar e reprovar, e isso acontecerá a todo ser humano neste planeta. Por isso, ter a necessidade de aprovação como dependência é bastante irracional.

Ninguém nos conhece como nós mesmos: Outro pensamento errado é crer que os outros são os donos da verdade. As pessoas dependentes de aprovação acreditam mais nas opiniões externas do que nas suas próprias. Ninguém nos conhece tão bem como nós, e muitas vezes as pessoas formam opiniões erradas sem bases racionais. Por isso, nunca devemos dar tanto poder para o que os outros pensam de nós, porque eles erram, e somos nós mesmos que devemos ter critérios estáveis de autoconhecimento.

Tome suas próprias decisões: Toda vez que tivermos que tomar uma decisão deveríamos nos fazer esta perguntar: “Com base no que estamos tomando esta decisão? A opinião e o desejo dos outros nos influenciam? O que nós desejamos, deixando de lado a opinião social?”

Não somos nem mais nem menos que ninguém: Não valemos menos nem mais que os outros. Todos somos iguais, não importam os êxitos conseguidos, nem as posses nem a autoconfiança, o que importa é quem você é como pessoa, os valores humanos que definem você.

As reprovações não significam uma rejeição a nós: Normalmente, qualquer crítica é tomada como algo pessoal, quando na verdade pode ser uma rejeição a um gosto, estilo de vida, opinião, etc. Por exemplo, alguém poderia desaprovar outros por um gosto musical ou por contradições políticas. Isso não significa que estamos sendo rejeitados como pessoa, é somente uma questão de gostos incompatíveis.

A crítica a erros cometidos também costuma ser levada para o lado pessoal, quando na verdade o que foi rejeitado era simplesmente uma maneira de atuar errada. Esse erro não define uma pessoa, visto que todo ser humano comete erros e graças a eles podemos evoluir.

Costuma ter mais aprovação quem não a procura e não precisa dela: Paradoxalmente, as pessoas que não pensam na aprovação costumam ser mais aceitas do que aquelas que a procuram. A explicação seria que o autêntico agrada mais, ainda que não coincida com nossas opiniões, do que o submisso. Então, seja você mesmo sem buscar essa aprovação; seja autêntico sem se preocupar com a opinião externa, pois tentando agradar você obterá o efeito contrário.

Fortaleça a sua autoestima: Uma das principais causas da necessidade de aprovação é uma autoestima baixa. Fortalecê-la nos ajudará a melhorar o problema. Quando acreditarmos que somos pessoas valiosas e tivermos uma opinião positiva sobre nós mesmos, uma reprovação não nos fará mal, porque a veremos como algo natural que acontece na vida. O essencial é acreditar em si mesmo apesar do que acontece no exterior.

Aceite as diferenças entre as pessoas: Nem todos somos iguais; cada um de nós tem gostos, opiniões e estilos de vida distintos. Ser diferente não significa ser melhor ou pior. Encontraremos pessoas opostas com quem não concordamos em tudo, e isso é normal.


Fonte: http://amenteemaravilhosa.com/como-eliminar-necessidade-de-aprovacao/




quinta-feira, 28 de maio de 2015

QUERO ME LIVRAR DE TUDO O QUE ME FAZ MAL E TUDO QUE ME TIRA A PAZ




Quero me livrar de tudo o que me faz mal e de tudo que me tira a paz. Se for necessário mudarei meus hábitos só pra não cruzar com o mal pelo caminho. Sem indiretas, sem mentiras, sem inveja, sem falsidade e etc etc etc. Quando a gente pensa em coisas boas e faz coisas boas a vida só nos devolve coisas boas. Quero paz, tranquilidade, sossego, calma e muitas vibrações boas sobre mim. Deus esteja comigo sempre, pois declaro que sem Ele eu não seria nada. Assim Seja!




quarta-feira, 27 de maio de 2015

ABENÇOADA NOITE PARA NÓS... Sabe o que lhe desejo? De todo meu coração?



Que os planos de Deus sejam manifestos em ti... revelados pela doçura dos teus olhos, pela ternura da tua voz, pela bondade de tuas mãos...

Pois todo universo espera, com paciência sábia, que tua consciência aflore, alerte, e tu abraces, com gosto... a missão de harmonizar, de suavizar à partir de ti, toda criação divina ao teu redor...

Pensa nisto tá? É urgente que o teu calor acalente tudo... 
É urgente que tudo sinta o bem bonito que vem de ti...
Sabe o que lhe desejo, de verdade?

Que seja delicada, mas fervorosa luz...
Fazendo toda a diferença.
Sendo a mais plena paz...
Assim Seja... Amém!



FELIZES OS QUE FOGEM DOS EXCESSOS por Flávio Siqueira do livro Mensagens que chegam pela manhã



Felizes os que fogem dos excessos. Em tudo o equilíbrio é mais adequado do que o de menos ou o de mais.
Felizes os que amam. Amar nos catapulta para outra dimensão de percepção, de vínculos, de experiências, dando significado ao que, de outra forma, não parece fazer sentido.
Felizes os que aprenderam a viver no hoje. Por pior que as coisas sejam, nada supera a força que temos para suportá-la e superá-la hoje. Passado e futuro são miragens, um só aconteceu no hoje, outro, quando vier, virá no hoje. Vivamos a cada dia sua própria porção porque na verdade isso é tudo o que temos.
Felizes os que entenderam que o valor das coisas não está no tamanho, na quantidade, na altura ou profundidade, mas nos significados e, esses, somos nós quem damos. Todo o poder é relativo, toda grandeza que se apoia em dimensões é frágil, geralmente o que tem mais valor parece pequeno no primeiro momento.
Felizes os que buscam conhecimento ao invés de poder. Só quando de fato abrirem mão de serem poderosos é que conhecerão o verdadeiro poder. A vida é feita de pequenas coisas e o sentido natural do seu fluxo é de dentro pra fora. Entender e praticar a vida com simplicidade, renovando-se todos os dias, sabendo que crescerei enquanto caminhar.
Ainda que haja tropeços, felizes os que tentam. 


SER BOM NÃO É SINÔNIMO DE SER IDIOTA






OPINIÕES DE CRIANÇAS SOBRE AMOR E CASAMENTO por Paula Romano



É preciso ouvir as crianças.

Às vezes a gente passa muito tempo tentando achar as respostas sobre as mais variadas perguntas e daí chega uma criança e ‘plim’ responde da maneira mais honesta e óbvia possível. Não há como negar, há sabedoria na opinião delas.

Prova disso é esta publicação que fez diferentes perguntas sobre amor e casamento para crianças entre 5 e 10 anos de idade; e as respostas são as mais incríveis possíveis.

Separei as minhas preferidas abaixo, mas você pode ler todas aqui.

O que é exatamente o casamento?

“Casamento é quando você fica com uma garota e não devolve mais ela para os seus pais!” – Eric, 6

Qual a idade apropriada para se casar?

“84 anos! Porque nessa idade, você não precisa mais trabalhar e pode usar todo o seu tempo para amar um ao outro em seu quarto.” – Carolyn, 8

O que a maioria das pessoas fazem em um encontro?

“No primeiro encontro, eles apenas contam mentiras um para o outro e isso é o suficiente para ir ao segundo encontro.” – Martin, 10

É melhor ser solteiro ou casado?

“É melhor para as meninas ser solteiras, mas não para os meninos. Os meninos precisam de alguém para limpá-los!” – Anita, 9

Por que o amor acontece entre duas pessoas em particular?

“Ninguém sabe ao certo por que isso acontece, mas ouvi dizer que tem algo a ver com cheiro… É por isso que perfume e desodorante são tão populares.” – Mae, 9

Como é estar apaixonado?

“É como uma avalanche que você precisa correr para salvar a sua vida.” – John, 9

Sobre a beleza no amor

“Nem sempre é apenas sobre como você aparenta. Olhe para mim. Eu sou bonito e não tenho ninguém para me casar ainda.” – Brian, 7

Opiniões particulares sobre o amor

“O amor vai encontrar você, mesmo que você tente se esconder dele. Eu tento me esconder desde que eu tenho cinco anos, mas as meninas continuam me encontrando.” – Dave, 8

Como fazer o amor durar

“Não esqueça o nome de sua esposa… Isso vai atrapalhar o amor.” – Erin, 8

“Não diga que você ama alguém e, em seguida, mude de ideia… O amor não é como escolher qual filme você quer assistir.” – Dave, 8



terça-feira, 26 de maio de 2015

O DIA EM QUE EU MORRI por Lígia Guerra



Estranho? Nem tanto. Se depois de ler esse texto você achar que ainda está vivo, ótimo!

Caso contrário, é bom repensar se ainda existe algum sopro de vida aí dentro. Vou contar como tudo aconteceu.

A minha primeira parcela de morte aconteceu quando acreditei que existiam vidas mais importantes e preciosas do que a minha. O mais estranho é que eu chamava isso de humildade. Nunca pensei na possibilidade do auto abandono.

Morri mais um pouquinho no dia em que acreditei em vida ideal, estável, segura e confortável. Passei a não saber lidar com as mudanças. Elas me aterrorizavam.

Depois vieram outras mortes. Recordo-me que comecei a perder gotículas de vida diária, desde que passei a consultar os meus medos ao invés do meu coração. Daí em diante comecei a agonizar mais rápido e a ser possuída por uma sucessão de pequenas mortes.

Morri no dia em que meus lábios disseram, não. Enquanto o meu coração gritava, sim! Morri no dia em que abandonei um projeto pela metade por pura falta de disciplina. Morri no dia em que me entreguei à preguiça. No dia em que decidir ser ignorante, bulímica, cruel, egoísta e desumana comigo mesma. Você pensa que não decide essas coisas? Lamento. Decide sim! Sempre que você troca uma vida saudável por vícios, gulodice, sedentarismo, drogas e alienação intelectual, emocional, espiritual, cultural ou financeira, você está fazendo uma escolha entre viver e morrer.

Morri no dia em que decidi ficar em um relacionamento ruim, apenas para não ficar só. Mais tarde percebi que troquei afeto por comodismo e amor por amargura. Morri outra vez, no dia em que abri mão dos meus sonhos por um suposto amor. Confundi relacionamento com posse e ciúme com zelo.

Morri no dia em que acreditei na crítica de pessoas cruéis. A pior delas? Eu mesma. Morri no dia em que me tornei escrava das minhas indecisões. No dia em que prestei mais atenção às minhas rugas do que aos meus sorrisos. Morri no dia que invejei , fofoquei e difamei. Sequer percebi o quanto havia me tornado uma vampira da felicidade alheia. Morri no dia que acreditei que preço era mais importante do que valor. Morri no dia em que me tornei competitiva e fiquei cega para a beleza da singularidade humana.

Morri no dia em que troquei o hoje pelo amanhã. Quer saber o mais estranho? O amanhã não chegou. Ficou vazio… Sem história, música ou cor. Não morri de causas naturais. Fui assassinada todos os dias. As razões desses abandonos foram uma sucessão de desculpas e equívocos. Mas ainda assim foram decisões.

O mais irônico de tudo isso?

As pessoas que vivem bem não tem medo da morte real. As que vivem mal é que padecem desse sofrimento, embora já estejam mortas. 

É dessas que me despeço.
Assinado,
A Coragem




sexta-feira, 22 de maio de 2015

PERSISTÊNCIA x CORAGEM DE MUDAR À DIREÇÃO por Karin Izumi



Todos enfrentamos lutas e desafios, que alguns teimam em chamar de dificuldades. E dai?

Tem muita gente por aí que mal encontra algum obstáculo e logo resolve deixar tudo de lado. Interpretam obstáculo como impedimento. Dessa forma, não perseveram, não insistem, desistem e estão sempre mudando, recomeçando. Não dão chance a si mesmos. Querem resultados imediatos, mal tenham iniciado um investimento.

Para qualquer conquista, temos de saber apreciar os períodos de semeadura, crescimento e amadurecimento para então vir a fase de colheita. Nada dá saltos em lugar algum do Universo. É preciso amadurecer sua visão de mundo e de si mesmo.

A inveja da vitoria alcançada pelo outro faz com que você pense que ele recebeu tudo o que possui de forma privilegiada. Logo, você não consegue ver além daquilo que imagina ocorrer. Acredita que alguns obtém privilégios e não percebe ou simplesmente desconhece quanto tais pessoas silenciosamente lutaram, sem que você soubesse. Do trabalho alheio, você enxerga a melhor parte - o resultado - e pondo a cobiça-lo, adia suas lutas individuais em busca do sucesso e da vitória.

Há ainda outro fato interessante e oposto ao que acabamos de comentar. É que muita gente teimosa, anda insistindo em um caminho que não é o seu. Nesse caso, precisa adquirir coragem de recomeçar, de renovar, de inovar em vez de continuar dando cabeçada nas mesmas situações que a vida provou serem inadequadas. Tem gente que insiste em perder, devido ao medo de recomeçar.

Portanto veja bem. De um lado temos o desafio de continuar e perseverar naquilo que elegemos para nós e de outro lado precisamos ter sensibilidade e bom senso e a coragem para redirecionar nossos projetos pessoais quando se fizer necessário. Parece paradoxal? Parece mesmo, mas a vida é isso. Tentativa real e consistente, e não superficial.




terça-feira, 19 de maio de 2015

NÓS, OS FABRICANTES DE SOLIDÃO publicado em sociedade por Mariana Ribeiro



É um erro acreditar que a experiência de se relacionar superficialmente irá gerar experiência para um relacionamento duradouro. Relacionar-se superficialmente ensina a ser cada dia melhor nisso, enquanto a experiência de fazer durar só se adquire fazendo durar.




Somos tão livres como nunca fomos. Pode-se escolher carreira, viagens, hobbies, pessoas. Acima de tudo pessoas. Pode-se trocar de carreira, de hobbies e de pessoas, o tempo todo. Por que o resultado disso não é maravilhoso? Por que os cidadãos da era tinder são tão solitários? Por que os pregadores do desapego nas redes sociais parecem tão felizes e divertidos por lá e na realidade estão em desespero, viciados em remédios? E de onde foi que eles saíram? 

Estas pessoas são solitárias, não por que não socializem, não saiam com os amigos, não se divirtam. Elas fazem tudo isso e ainda têm um tinder que bomba. Mas não criam laços. Todas essas coisas e pessoas (excetuando um bom amigo ou outro) são efêmeras e desaparecem quando se está doente ou sem dinheiro. Puf! 

O trabalho do sociólogo polonês Zygmunt Bauman nos emprestou as palavras para falarmos desse fenômeno social que estamos vivendo. 

As explicações sobre a atual liquidez de tudo vieram a calhar, para aqueles que têm a coragem de admitir e que têm interesse no que se passa ao nosso redor. Em trabalhos como: “modernidade líquida” e “amor líquido” encontram-se temas chave que nos ajudam a nos situar no caos moderno. Tais como: a perda de espaço e tempo implicados pelo avanço tecnológico, a fragilidade dos laços humanos, a substituição de relações presenciais por on-line e etc.

Mas este artigo não é para falar de Zygmunt e sim para entendermos através do embasamento que seu trabalho nos oferece, como nos tornamos fabricantes de solidão e legitimadores da mesma. 

Quando falo do que “vivemos hoje”, não é por empatia com tempos passados, falo do fenômeno social ocorrido como consequência de avanços tecnológicos e culturais, principalmente a ideologia moderna da “liberdade”. A ideia de ser livre e de poder fazer o que quiser, a desconstrução de valores, que agora são extremamente relativos.

Você começa uma família se quiser e quando quiser, você tem filhos se quiser, você viaja para onde quiser, você não precisa se relacionar com o sexo oposto, você é livre! Estamos todos inseridos na cultura do respeito às diferenças. E tudo isso são avanços inegáveis, mas ainda não estamos no paraíso por quê? 

Todos os nossos avanços vieram acompanhados de evoluções tecnológicas que nos tiraram a noção de espaço e tempo interligados, como disse Bauman: “O tempo se tornou dinheiro depois de se ter tornado uma ferramenta (ou arma?) voltada principalmente a vencer a resistência do espaço: encurtar as distâncias, tornar exequível a superação de obstáculos e limites à ambição humana.” (BAUMAN, Modernidade Líquida, 2001, p.130)

Está dada a largada então, para a conquista de espaço no menor tempo possível e os competidores são, as um dia crianças, ensinadas que podiam ser o que quisessem. E isso é o que importa agora, sucesso financeiro, aquisição de espaço, ambição. Laços de afeto e a espiritualidade são complementos necessários na vida de um cidadão moderno, saudável e bem-sucedido, mas apenas complementos. E é muito bom que todos tenham esses complementos, assim como carimbos no passaporte. E o ideal é que sejam colocados em um futuro seguro e incerto (porque nada é certo), onde não possam afetar suas prioridades de carreira e dinheiro. 

É preciso um espaço só seu para se concentrar nas prioridades, para focar e competir no dia a dia com máxima eficiência. Cria-se uma bolha. 

E de dentro das bolhas do individualismo olha-se para fora, para uma imensidão de possibilidades. As redes sociais disseminam a sensação de que há uma infinidade de pessoas a nossa volta, todas legais e felizes, tentando parecer mais bonitas e mais felizes que outros. Todas postando seus momentos de alegria e sucesso. Cria-se um ideal inalcançável, pois é atualizado o tempo todo nas redes. Então cá no nosso dia a dia como escolher alguém? 

Com uma escolha feita parece-se estar perdendo tanto! Como amar alguém e perder as experiências maravilhosas com as pessoas maravilhosas que lotam o facebook e o instagram? 

Além disso, as pessoas presenciais são humanas e falhas, dão trabalho e nunca correspondem ao ideal disseminado pelas redes. E aí é que são descartadas e trocadas por outras. Sempre na compulsão de tentar de novo, de achar a pessoa certa, que “cabe no sonho”, como disse Cazuza. É muito fácil dizer que não deu certo e se desprender de responsabilidades na tentativa, dizer: “é a vida”. 

E volta-se para casa só e começa-se tudo de novo amanhã. 

Fazemos-nos todos descartáveis e reclamamos quando somos descartados, reclamamos da solidão dentro da bolha. Coloca-se a culpa num mundo louco e insensível, quando nós somos o mundo. E a coisa real que todos compartilhamos no fim das contas é a solidão. Ninguém está realmente lá, todos estão indo e vindo. Bauman explica o fenômeno dos laços frouxos e repetitivos que fazemos:O cidadão de nossa líquida sociedade moderna — e seus atuais sucessores são obrigados a amarrar um ao outro, por iniciativa, habilidades e dedicação próprias, os laços que porventura pretendam usar com o restante da humanidade. Desligados, precisam conectar-se... Nenhuma das conexões que venham a preencher a lacuna deixada pelos vínculos ausentes ou obsoletos tem, contudo, a garantia da permanência. De qualquer modo, eles só precisam ser frouxamente atados, para que possam ser outra vez desfeitos, sem grandes delongas, quando os cenários mudarem — o que, na modernidade líquida, decerto ocorrerá repetidas vezes. (BAUMAN, Amor Líquido, 2004, p.6).

As consequências da liberdade são assustadoras. Ela é um fenômeno que a maioria ambiciona entender, uma fonte de prazeres e dores de que ninguém abre mão. Talvez todos pensem entender a liberdade, pois têm um conceito individual da mesma, mas ela está acima das ideias. 

A liberdade é acima de tudo ambígua. Zygmunt diz que nenhuma sociedade conseguiu ainda o equilíbrio entre segurança e liberdade, se estamos seguros somos escravos e se estamos livres, não temos segurança. Estamos mais para o segundo caso, somos livres, mas temos tudo líquido a nossa volta, nada seguro. 

E quem vai ter a coragem de construir um relacionamento seguro abrindo mão da sua liberdade pessoal? Esta pseudo-liberdade de fazer tantas coisas que não darão frutos e que oferece momentos de inserção na ideia atual de felicidade. 

E ainda, quem serão os mais que corajosos a investir em algo sólido, com laços afetivos, confiança, lealdade e durabilidade, com dores e prazeres a longo prazo, quando o resto do mundo irá considerá-los fora de moda e sem ambição? 

Talvez, por isso, é que nem mesmo pessoas totalmente conscientes dessa realidade conseguem criar laços duradouros, afinal, é suicídio social ser fora de moda e sem ambição. 

E como diz Bauman: “Sem humildade e coragem não há amor. Essas duas qualidades são exigidas, em escalas enormes e contínuas, quando se ingressa numa terra inexplorada e não-mapeada. E é a esse território que o amor conduz ao se instalar entre dois ou mais seres humanos.” (BAUMAN, Amor líquido, 2004, p.12).

Como já foi dito, os planos de formar família ou mesmo um relacionamento duradouro são colocados num futuro incerto e distante, “vou querer quietar um dia”, ouve-se muito isso. As pessoas acreditam estar aprendendo com suas experiências de amores líquidos, ficadas e rolos, para um dia aplicar a um relacionamento que já vem sendo idealizado, mais inalcançável depois de cada experiência, obtida com pessoas defeituosas, de forma que se exige mais e mais daquela que seria a certa. 

É um erro acreditar que a experiência de se relacionar superficialmente irá gerar experiência para um relacionamento duradouro. Relacionar-se superficialmente ensina a ser cada dia melhor nisso, enquanto a experiência de fazer durar só se adquire fazendo durar. Sobre isso Bauman diz:Essa é, contudo, outra ilusão... O conhecimento que se amplia juntamente com a série de eventos amorosos é o conhecimento do “amor” como episódios intensos, curtos e impactantes, desencadeados pela consciência a priori de sua própria fragilidade e curta duração. As habilidades assim adquiridas são as de “terminar rapidamente e começar do início” [...] Guiado pela compulsão de tentar novamente, e obcecado em evitar que cada sucessiva tentativa do presente pudesse atrapalhar uma outra no futuro... (BAUMAN, Amor Líquido, 2004, p.11). 

Toda essa cultura e essa vivência de correr atrás do vento fabricam solidão e não daquele tipo que se precisa de vez em quando, mas de um tipo disfarçado e disseminado, que está nas nossas músicas e filmes, está nas redes e na moda, está no estilo de vida e tem corroído por dentro a fé da humanidade na humanidade. 

Quem não viu o primeiro episódio do famoso seriado Americano, Sex And The City, baseado no livro de Candace Bushnell? A narração de Carrie Bradshaw que abre o seriado:

Bem-vinda à época da não-inocência [...] Autopreservação e fazer bons negócios são mais importantes. O cupido voou do pedaço. Como diabos viemos parar nessa bagunça? Há milhares de mulheres nessa situação, todos as conhecemos e concordamos que são ótimas. Elas viajam, pagam impostos, pagam 400US$ em um par de sandálias Manolo Blahnik e são solitárias.
Quem não viu o filme Her, e acompanhou a maneira fácil e a gradual com que o personagem Theodore se apaixona por um programa de inteligência artificial, chamado Samantha, criado para ajudar usuários a se organizarem em suas vidas online? A ex-esposa de Theodore diz a ele:

É o que você sempre quis. Ter uma esposa sem o desafio de ter que lidar com algo real.

Se quisermos alterar essa realidade, será preciso parar a corrida em diversos momentos e olhar para o outro, desobrigando-o de ser fantástico, pois ele não é um filme ou seriado, é um ser humano. E o outro ser humano é o único que pode corresponder com a companhia que nós, por natureza, necessitamos.

Desculpe, também não é seu cachorro!



Fonte: http://obviousmag.org/inquietudes/2015/05/nos-os-fabricantes-de-solidao.html



O AMOR por Ricardo Prado



Que linda declaração de amor!! 
Sentida e vivida! 
Parabéns ao casal Ricardo e Ana Carolina. 
Roberta Carrilho


O amor não é representado simplesmente pela quantidade de bons momentos ou pela quantidade de doces palavras. 
O amor não é representado simplesmente pela quantidade de declarações íntimas ou públicas, ou pela quantidade de presentes oferecidos ou recebidos. 
O amor não é representado simplesmente pela afinidade de gostos, crenças e ideais ou pela quantidade de anos de união.
O amor é representado pela capacidade de se superar dificuldades, desafios, desavenças, indiferenças e momentos ruins sem permitir que estes momentos adquiram mais peso e significado do que o real sentimento que você tem por alguém. 
O amor é a leveza de seu espírito ao ter a alegria de encontrar alguém que não lhe pede mais nada além de seu respeito, sua lealdade, sua amizade sincera e sua companhia. É neste momento que você descobre que amor não é uma união de mentes, de corpos, de patrimônios ou de objetivos pessoais. O amor é uma união de consciências e de almas harmônicas e livres.
Amor não é coisa que se faz ouvir no barulho da mente e na inquietude do corpo. Amor é coisa que se faz sentir no silêncio do coração e na paz da alma. 
É desta forma que homenageio este dia único e especial. Estar em paz ao lado de quem amamos neste mundo de egos, desavenças e desafios crescentes não é uma conquista. É uma bênção !
Que esta simples homenagem possa se tornar uma inspiração e um estímulo a todos que já entenderam e a todos que ainda buscam entender o que é o amor além das aparências, além das crenças, além das condições sociais, além das palavras e além dos bens adquiridos.


Ricardo Prado



domingo, 17 de maio de 2015

SOMOS CONTRADITÓRIOS. NÃO ACEITAMOS QUE NOS PRENDAM, MAS NÃO ADMITIMOS QUE NOS SOLTEM por Karen Curi



Somos a certeza do que não queremos, a dúvida pelo caminho a seguir, o talvez que pende entre o sim e o não, mudando de acordo com o vento. Somos a conformidade dos dias cinzas, o corpo acolhido na cama, o cansaço tardio do tempo em que a vida cabia numa mochila. Somos uma mala remendada e bagunçada, remexida, precavida. Somos a leveza esquecida, a impulsividade amarrada, a risada contida, a paixão amornada.

Somos nós com a nossa melhor companhia, sem o medo da solidão, confortáveis com a própria presença. Passamos a nos entender mais e nos aceitar melhor. Percebemos que verdadeiros amigos são poucos e que amores verdadeiros são raros. Não entendemos como fomos tão tolos e tão felizes, e porquê a sabedoria tem que vir de mãos dadas com a melancolia. 

Somos a nostalgia daquilo que fomos, a saudade do que foi vivido e sentido, a lamentação da entrega cega, a dor latente da queda. O pensamento de que teríamos feito tudo diferente e exatamente do mesmo jeito. O arrependimento pelo que fizemos ou não, os porquês sem resposta, o tempo perdido. A falta de tempo que não deu tempo para nada. O vazio que ficou. 

Somos a perspicácia adquirida depois de alguns golpes. A malícia extenuante que prefere mil vezes ceder o seu lugar à singeleza da boa fé. O agradecimento por ainda ter um bocado de lisura no meio de tanta desconfiança. Somos o faro aguçado e as unhas felinas, precavidos ao bote, antecipando o movimento suspeito. E nos convencemos de que somos melhores assim, mais fortes e preparados para as bordoadas, quando, na verdade, queríamos mesmo é voltar à época da credulidade e ingenuidade. 

Somos uma constante metamorfose e a permanência da criança de antigamente. A casca se molda enquanto a essência persevera. O que somos é diferente do que nos tornamos, mesmo que o lado de fora influencie o de dentro. Mudamos a nossa forma de enxergar o mundo, o outro e nós mesmos. Modificamos o olhar sobre tantas coisas sem que deixemos de sentir cada uma delas. Os sentimentos perduram, enquanto a necessidade de ter razões para eles perde o sentido. 

Somos o passo mais firme, a decisão coerente, a prudência sentimental, a disponibilidade laboral. Somos a necessidade de fazer parte de um grupo e a total falta de vontade de pertencer a um meio. Somos o duelo entre a soltura e a prisão. Não gostamos quando nos prendem, mas não admitimos quando nos soltam. Somos carentes da profundidade e dependentes da superficialidade. 

Somos uma mistura do tudo e do nada que nos identifica e nos assemelha. Viver é isso. É um somatório de momentos, uma coleção de emoções, uma constante construção do ser. No fim das contas o importante é permitir-se. Por isso somos o que somos; o resultado daquilo que fomos e o rascunho do que um dia seremos. 



Fonte: http://www.revistabula.com/4277-somos-contraditorios-nao-aceitamos-que-nos-prendam-mas-nao-admitimos-que-nos-soltem/


CADA VELHO QUE MORRE É UMA BIBLIOTECA QUE SE INCENDEIA por Eberth Vêncio



Acendi o cigarro de um bebum e fui pensar naquele provérbio supostamente africano. Nem sempre era assim. Conhecia certos velhotes que, mesmo bem medidos e apurados, não dariam mais que um montinho de folhas secas, de esterco de frango, de absorventes ensanguentados a arderem em chamas no quintal. Homens são incendiários. Tem gente que toca fogo em tudo, vocês sabem. Eu não. Eu preferia inflamar as discussões.

Por exemplo: há poucos dias, fui convidado para um almoço familiar numa cidadezinha interiorana, e que foi deveras indigesto para alguns presentes. Pra mim foi quase tudo hilário. Enquanto eu digladiava com uma chuleta que mais parecia ter morrido de tétano, três irmãos sexagenários ligeiramente entorpecidos com cerveja confidenciaram-me que não cumprimentariam, muitos menos, conversariam com um caquético velhote que sorria com cara de paisagem do seu moderno catre sobre duas rodas, como se não beirasse os mil anos de idade, como se ainda possuísse dentes originais para mastigar tanta carne de pescoço, como se pudesse tirar outras modalidades de proveito de uma estupenda cuidadora, uma morenaça cor-de-picanha-bem-passada que me fez viajar na maionese ao ponto de me iludir “nunca vou ficar velho”.

A história foi a seguinte: era uma vez, num passado bem longínquo, quando aqueles três senhores ainda eram moleques e urinavam nas calças, o sujeito aplicou um grave golpe financeiro ao pai deles, seu legítimo irmão. Portanto, o homem senil e fofinho na cadeira de rodas era tio do triunvirato ébrio. Nos bons tempos da juventude, do vigor e da intrepidez, o salafrário idoso — que mal conseguia levar à boca os picadinhos de bisteca clandestina que o manteriam vivo por mais uma tarde — fugiu, sumiu com uma mala de dinheiro angariado às custas de mentira e traição, pois vendera a serraria do irmão como se fosse propriedade sua. Não era.

Eu sei que o crime não compensa, mas, aquela morena valia o risco. Embora devaneasse sob efeito da cerveja choca, eu não podia negar: a língua de vaca estava mesmo uma delícia. Apesar disso, senti uma vontade danada de ver o velhote morrer à míngua durante o banquete. A minha proposta aos três irmãos era clara, absurda, e fez com que eles rissem mais que um deputado federal comemorando um conluio: que levantássemos os quatro e fossemos tirar satisfações quanto à tramoia engendrada pelo tio malandro no século passado, uma baita mazela que vinha entalada na garganta da memória tinha bem uns cinquenta anos. Aquele enredo, para mim, significava quase nada, senão outro exemplo de como os seres humanos eram tão confiáveis quanto um abalo sísmico.

Apesar das condições físicas deploráveis, o velhote me parecia cínico à beça. Beber — vocês podem imaginar — deixa a gente mais besta que o usual. Cismei de me divertir com a situação: estumei a trinca de irmãos com vara curta. Sugeri que confiscássemos a peixeira do garçom passador de carnes, a fim de passarmos o entrevero a limpo, de convencermos o velhaco a assinar um cheque em branco e se retratar aos descendentes.

Pensei, mas não tive coragem suficiente para propor o seguinte atentado ao cadeirante-gracinha: enfiaríamos, deliberadamente, um caroço de azeitona no buraco da traqueostomia ou grampearíamos a mangueirinha da sonda vesical, até que o malandro-na-melhor-idade explodisse, senão com gás carbônico, intumescido de urina. Observem: assim como a chuleta, a vingança era um prato que se comia frio. Além do mais, eu já me encontrava lamentavelmente embriagado, ao ponto das meias-verdades escapulirem latindo da focinheira mental.

Embora concordássemos que os canalhas também envelheciam, ninguém ali naquele humilde e precário estabelecimento gastronômico estava revoltado o bastante, ao ponto de se comprometer a estragar uma festa que visava ao congraçamento de parentes esparramados pelo Brasil, e que há tempos não se viam. “Vocês não queriam confraternizar? Agora, aguenta, cambada…” — provoquei.

Foi dizer essas palavras, o velhinho apagou, capotou, pendeu o corpo para o lado, sofreu uma espécie de síncope, de colapso natural de quem já viveu pra cacete, e teve que ser retirado às pressas do salão, para morrer que nem passarinho no lotado estacionamento da churrascaria. Senti um vazio tão grande no peito que mandei descer outra cerveja.

Não me queiram mal. Eu sou apenas o escritor a tocar um pouco mais de fogo no pavio dos seus olhos.



Fonte: http://www.revistabula.com/4280-cada-velho-que-morre-e-uma-biblioteca-que-se-incendeia/


NÃO TENHA PRESSA. MAS TAMBÉM NÃO PERCA TEMPO COM QUEM NÃO TE QUER por Rebeca Bedone


Ilustração: Alex Colville


O AMOR É PARA OS ATREVIDOS. DEIXE DE COISA E VÁ BUSCAR O SEU por André J. Gomes



Então fica assim. Para o bem de todos os amantes, para a saúde de todo ser amado, quem quiser um amor verdadeiro vai ter de ir buscar. Esse negócio de esperar no sofá, a TV ligada, o olhar perdido, a vida em estado de suspensão por longos fios de baba enquanto a pessoa perfeita não vem, tudo isso fica revogado até segunda ordem. Desista que do céu não vai cair.

Quer amor? Levante e vá buscar. Não tem delivery, compra por catálogo, encomenda, disque-pizza. Não se pode pedir pela Internet. Faça por merecer!

Aos distraídos de boca aberta, os encalhados na correnteza, os pesos mortos e os zumbis sentimentaloides só chegam moscas, mariposas, lesmas, vermes e outros pequenos bichos. O amor é para quem sabe o que quer e, sobretudo, para quem sabe o que oferecer.

É para quem se atreve, se arrisca e se lança. Para os que ousam devolver o prato mal feito e o que mais não serve, para os insubordinados e os insatisfeitos, aqueles que procuram sem fim. Procuram até achar. E se acaso encontram e perdem de novo, retomam a busca sem frescura.

Amar é coisa de quem tem coragem de dizer “não”, “sim”, “talvez” quando e como achar que deve. Para quem tem medo também o amor lhes cabe. Porque só os poços de perfeição, os impecáveis e os soberbos acreditam mesmo que coragem é a ausência do medo. Nós, os imperfeitos confessos, não nos vexamos em borrar as calças de medo antes de o encarar com coragem. Porque fingir que o pavor não existe não é valentia nenhuma. É burrice.

Se fosse fácil, teria outro nome. Amor dá trabalho. Então deixemos de tanta conjectura, ora essa, e sigamos logo ao que interessa!

Assim seremos, você e eu e todo mundo, como a moça que na infância estremecia quando sua avó a pegava fazendo careta no espelho, “menina, o galo canta, um anjo diz amém e você fica assim para sempre”. Mal sabia ela o que a vida lhe arrumaria. Atrevida, andou de amores por pessoa boa, sorrindo sem mais o quê, quando um arcanjo passou voando baixo, esbarrou no galo e deu-se a profecia da avó: a moça sorrindo de amor ficou assim para sempre. Amém!


Fonte: http://www.revistabula.com/4297-o-amor-e-para-os-atrevidos-deixe-de-coisa-e-va-buscar-o-seu/


FUJA DAS ALMAS MESQUINHAS. VIVER É UM EXERCÍCIO DE GRANDEZA por André J. Gomes



Ilustração: Adrian Limani


Está faltando grandeza na gente. Falta, sim. Em todo canto, falta. Vivemos à míngua de gestos generosos, intenções grandiosas, ações maiores. Como bichos tímidos, acanhados em nossos projetos, reduzimos nossas vidas aos cargos e postos e títulos e relações oficiosas e protocolares que aos poucos nos transformam em meros colecionadores de miniaturas, acumulando milhas de mesquinharias. Nós e nossas vidinhas habitadas por pessoinhas deslumbradas, sorrindo sem graça em jantarezinhos sem afeto, cozinhando pratinhos sem gosto, a partir das receitinhas de homenzinhos dos programinhas de tevê.

Falta grandeza na gente, sim. Insistimos em ser rasos, superficiais, rasteiros, trancafiados em nossas verdades minguadas, metralhando com o dedo quem passar perto. Rareiam amigos de coração aberto e mãos postas, estendidas. Falta quem se disponha a escutar mais e mostrar menos, perguntar mais do que responder, questionar mais que pontificar. Falta gente disposta a pagar a conta por pura e simples gentileza. Ah… como são raras as visitas que surpreendem quando chegam para o churrasco em casa alheia trazendo nos braços algo além do fardo de doze cervejas previamente combinadas. Um bolinho para a dona da casa, um presentinho para as crianças. Qualquer coisa para além de uma presença fria, mirrada, previsível, burocrática. 

Pior. Nossa escassez de elevação vem sob a escolta das matilhas de gênios e suas teorias em defesa da mesquinhez. “É a crise!”; “não sobra dinheiro para isso”; “também, com o preço das coisas…”; “no mundo moderno cada um paga a sua, tá reclamando do quê?”; “É cada um por si” e outras desculpas esfarrapadas. Como se a falta de dinheiro fosse o único problema. 

Será mesmo? Ou tanta evasiva não passa de nossa obtusa mania de pequeneza crescendo como verruga, aumentando como um buraco? Certo é que nos tornamos sovinas, ridículos, avarentos de emoção e entrega e disposição para nós e para os outros. Isso, minha gente, tem pouquíssimo a ver com dinheiro. Estar “no bico do urubu”, sem um tostão para nada, não faz de alguém um “mão de vaca”. Há muito mendigo por aí dividindo seu pedaço de cobertor, sua porção de comida fria e seu meio cigarro com quem necessita. Porque generosidade é coisa das almas elevadas, com ou sem fundos patrimoniais. E ela está em falta como a água que baixa nas represas e o dinheiro que some dos cofres. 

Nosso tempo na vida é tão pequeno e a grandeza anda tão pouca! Quanto será que nos resta? Por quanto mais você e eu estaremos aqui? Quanta vida nos cabe ainda? Trinta anos? Quarenta? Duas horas, um minuto? Pergunto, pergunto e com franqueza me dou conta de que, no fundo, não importa. Não interessa porque no fim do caminho qualquer tempo terá sido pouco. Muito pouco tempo para o perdermos com pequenezas. 

Sejamos francos. A vida anda mirrada demais. Reduzida contra vontade, coitada, à pequena experiência pessoal de cada um. Obrigada por nós mesmos a dar as costas à sua vocação essencial. Porque, você sabe, diferente do que querem os mesquinhos, viver é nada senão um tremendo e escandaloso exercício de grandeza. Sejamos francos. Está faltando grandeza na gente. 


Fonte: http://www.revistabula.com/4226-fuja-das-almas-mesquinhas-viver-e-um-exercicio-de-grandeza/


O QUE EXATAMENTE É UM DOUTORADO? por Igor Johansen (Demografia Unicamp)



O texto abaixo, de autoria de Matt Might, é representativo de como às vezes uma imagem (ou um conjunto delas) vale mais que mil palavras. Bastante preciso, o autor vai direto ao ponto, indicando uma das grandes riquezas de um curso de doutorado: a possibilidade de reconhecer as fronteiras do conhecimento e tentar superá-las. Vale a pena conferir!

Todo ano eu explico para um novo grupo de pós-graduandos o que é um doutorado.

Mas é difícil descrever em palavras.

Então, eu uso figuras.

Veja abaixo o guia ilustrado que eu utilizo para explicar exatamente o que é um doutorado.

Imagine um círculo que contém todo o conhecimento humano:


Quando você completa o ensino básico, você sabe um pouco:


Quando você completa o ensino médio, sabe um pouquinho mais:


Com uma graduação, você sabe um pouco mais e ganha uma especialização:


Um mestrado te aprofunda naquela especialização:


Ler e estudar teses te leva cada vez mais em direção ao limite do conhecimento humano naquela área:


Quando você chega lá, você se foca:


Você tenta ultrapassar os limites por alguns anos:


Até que um dia os limites cedem:


Este pequeno calombinho de conhecimento que ultrapassou os limites é chamado de doutorado (Ph.D.):


Mas é claro que na sua visão de mundo fica diferente:


Mas não esqueça da dimensão das coisas:


Continue ultrapassando os limites.




Fonte: https://demografiaunicamp.wordpress.com/2014/01/18/o-que-exatamente-e-um-doutorado/