quarta-feira, 29 de outubro de 2014

DEMOCRACIA BIRRENTA por Daniel Martins de Barros (psiquiatria e sociedade)



Quando se trata de eleições, ainda somos como crianças. Questionar se vale a pena ser honesto, ficar de luto pelo resultado das urnas, tudo isso indica como nosso funcionamento ainda é imaturo. Se nossa democracia é jovem, deve estar naquela fase da birra.

Passadas as eleições não queria voltar ao tema. Nem mesmo depois de ver as reações hostis tanto de derrotados como de vitoriosos. Já havia antecipado em outro texto que nas redes sociais podemos nos comportar meio como psicopatas, inclusive apontando alguns motivos para o ódio eleitoral em artigo recente. Mas não consigo resistir. Não para falar das brigas, mas para destacar, dentre as barbaridades que andei lendo, aquelas que demonstram que, no fundo, o problema é de uma tremenda imaturidade da nossa sociedade.

Das bobagens que encontrei, assustou-me texto que viralizou nas redes sociais, atribuído a um artista. Não sei se ele é o autor, mas tanto faz – importa mais sua enorme repercussão e a quantidade de pessoa endossando seu raciocínio. Resumidamente ele diz que não devemos chorar pelo resultado das eleições, mas “pelo descuido de sermos honestos“. Segundo o texto o momento não é de luto, mas de reflexão: “Até que ponto vale a pena ser honesto?”.

Vou me abster de fazer comentários valorativos sobre o conteúdo, focando na imaturidade do pensamento exposto. Nossa capacidade de realizar julgamentos morais amadurece com o tempo. Crianças têm parâmetros de certo e errado bem diferentes de adultos. Um dos psicólogos mais importantes do século XX, Lawrence Kohlberg, propôs que esse desenvolvimento se dá em 3 estágios: no primeiro, chamado pré-convencional (comum em crianças pré-escolares), o certo e o errado são definidos de forma egoísta – certo o que lhes traz benefícios e errado o que gera castigos. No segundo estágio, denominado convencional (típico de crianças mais velhas e adolescentes), as pessoas passam a considerar correto o que todos fazem (num primeiro momento), e posteriormente se dão conta que certo é o que a sociedade determina por meio das leis. Finalmente no terceiro, pós-convencional, o adulto percebe que nem sempre as leis abarcam os valores essenciais, mas que certo e errado podem transcender as normas escritas.

Então, quando um sujeito questiona se “vale a pena ser honesto” porque os outros não são, demonstra que não chegou nem ao ponto de entender que existem leis definindo a forma correta de agir. Está ainda no começo do segundo estágio de desenvolvimento moral – é como um pré-adolescente olhando para os lados, buscando nos pares o gabarito da boa conduta.

O segundo indício de criancice foi a banalização do sentimento de luto. De repente, a internet foi coalhada de tarjas pretas, declarando luto pelo resultado das eleições. Não sei quantas dessas pessoas já experimentaram a perda de um ente querido ou de alguma outra coisa que ajudasse a vida a fazer sentido. Essa é uma perda nos faz questionar o sentido da própria existência. Mal comparando, uma criança que perde um brinquedo chora de tristeza, numa dor verdadeira para ela. Seu sentimento é legítimo, pobrezinha. Ela está aprendendo a sofrer aos poucos e deve ser respeitada em sua dor pueril. Mas quem já passou mais tempo nesse vale de lágrimas sabe que há dores muito maiores, e já não chora por qualquer coisa.

Respeito quem está de luto pelo resultado da eleição, da mesma forma que respeito a criança que sofre por uma bexiga que estourou.

Se é verdade que nossa democracia é ainda muito jovem, talvez ela esteja atravessando a fase da birra. Tomara. Se for só isso, uma hora passa.

Daniel Martins de Barros
Psiquiatria e Sociedade







terça-feira, 28 de outubro de 2014

CORAGEM: ORIGEM, DESENVOLVIMENTO DA FORÇA E DA VIRTUDE E APLICAÇÃO DA CORAGEM por Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis


Foto by Tommy Hoyland - link: https://www.flickr.com/photos/tommyhigh/

Origem da coragem

A coragem pode ser incluída na lista das virtudes hu­manas, em face dos valores benéficos que propicia ao Espírito e à existência em si mesma. Encontra-se radicada no cerne do ser, em virtude de experiências morais e conquistas sociais realizadas em vi­vências passadas, quando as lutas e os desafios apresenta­ram-se exigindo solução.

No processo da evolução antropossociopsicológica, as alterações de níveis dão-se a cada momento, porquanto, conquistado um patamar de realização pessoal, outro logo surge, convidando ao avanço irrefragável.

Iniciam-se esses sentimentos, considerados valores morais, nas experiências mais simples diante das quais o Espírito não recua, nem desiste de enfrentá-las, por saber, às vezes, inconscientemente, que elas lhe constituem recur­sos de crescimento interior e de valorização da vida.

Logo depois, surgem as lutas inevitáveis entre o ego e o Self, que prosseguirão por período muito longo até que este último predomine em todas as instâncias.

Tão tenaz apresenta-se essa batalha que monges tibetanos, preocupados com a harmonia interior e a superação das paixões primárias, que desenham o futuro ego, reco­mendam o esforço de preservação da paz, em mentalização contínua e disciplinadora dos impulsos inferiores.

Narra, por exemplo, o monge Patrul Rinpoche que teria conhecido outro monge de nome Geshe Ben, que era tão rigoroso no cumprimento dessa necessidade - a da superação do ego — que discutia em voz alta, repreendendo-o sempre que era levado a uma atitude que considerava imprópria, portanto, detectando-a como inimiga do Self.

Mais de uma vez teria sido surpreendido reclamando com o ego impositivo, ao sentir ansiedade pela conquista ou realização de algo que lhe aprazia, transtornando-o, ou quando se dava conta de estar realizando algo que era contrário aos princípios adotados para a auto iluminação.

De certo modo, igualmente, narra-se que São Fran­cisco, depois de haver-se doado ao Senhor Jesus, certo dia foi surpreendido, justificando-se nada mais possuir para dar-Lhe. Sem saber o que mais oferecer, permaneceu interrogando mentalmente o Mestre, quando ouviu nos refolhos da alma a dúlcida voz responder-lhe: — Francisco, dá-me Francisco.

Sucede que é muito fácil oferecer-se coisas e alterar--se situações em nome de ideais e de interesses com o ego escamoteado por sentimentos, mesmo que legítimos, de amor e de abnegação, no entanto, sem a coragem de dar-se, de esquecer-se completamente, a fim de fazer-Lhe a vonta­de, e não aquela que é peculiar a cada um.

Essa é uma coragem grandiosa, a da superação do ego, porque é totalmente feita de despojamento, de aban­dono pessoal, de sublimação do Self.

Trata-se de um desenvolvimento interno, mediante o qual as lutas exteriores ocorrem com facilidade, diferenciando-se do esforço veraz para o equilíbrio emocional.

Normalmente, aqueles que ainda não desenvolveram os requisitos morais, nem se ativeram à introspecção, de forma que descubram as excelências da harmonia, da saúde integral, desistem nas batalhas em que a coragem desempenha seu papel de alta importância.

Acostumados aos gestos exteriores, nos quais o aplau­so ou a repreensão têm significado e sentido emocional, não sabem entregar-se a essa luta interna, silenciosa, sem testemunha, sem orquestração vaidosa.

A coragem, portanto, desenvolve-se lentamente, pas­sando de um estágio a outro, galgando degraus mais eleva­dos, desse modo, favorecendo a criatura com mais altivez e autoconfiança.

Examine-se a coragem de Jesus no desempenho da tarefa e a falta que fez a Judas e a Pedro, talvez capacitados para lutas externas, conforme sucedeu com Simão, no Jar­dim das Oliveiras, quando sacou a espada e agrediu, desnecessariamente, Malco, decepando-lhe a orelha. Esse gesto, considerado como de coragem, significou antes a reação do medo ou mesmo impulsividade, enquanto o Amigo permaneceu sereno, apresentando-se como o procurado, sem qualquer agressividade.

Jesus havia adquirido essa coragem muito antes de estar no mundo físico, enquanto Pedro demorava-se em processo de autorrealizaçáo.

Judas aguardava um Triunfador e, sem coragem para superar-se, traiu-se, traindo-O.

Amadurecido, mais tarde, com coragem moral, Pe­dro entregou-Lhe a vida, enquanto Judas, sem essa força grandiosa, fugiu, novamente perturbando-se ao dar-se con­ta do delito praticado, buscando o suicídio.

Não poucos heróis das batalhas públicas desequili­bram-se diante das lutas íntimas, nas enfermidades, nas denominadas desgraças econômicas e sociais, políticas ou artísticas, na escassez, nos dramas do sentimento, porque lhes falta a coragem.

Esse acontecimento, entretanto, torna-se forjador da coragem em desenvolvimento, que se vai fixando nos painéis do Self, preparando-o para cometimentos mais audaciosos no futuro.

Torna-se indispensável que o indivíduo cultive os sentimentos do dever reto como essenciais para o desenvolvimento da coragem, porquanto, somente assim, terá forças para os enfrentamentos, apoiando-se nesses valores transcendentes de que se constituem os compromissos elevados.

Não acostumado à reflexão nem ao descobrimento da essência do que se lhe apresenta como valioso, o Self não dispõe de recursos para o avanço moral, deixando-se vencer pelo ego vicioso.

Eis por que, a cada conquista realizada, novas áreas devem ser ampliadas, facultando mais valiosos empreen­dimentos.

A coragem moral dispensa circunstâncias e posições relevantes. É um valor que perdura no indivíduo sempre vigilante para realizar o mister que lhe diz respeito.

Conquistar essa virtude algo esquecida é uma pro­posta moderna para a aquisição da saúde integral.


Desenvolvimento da força e da virtude da coragem

A virtude da coragem tem lugar no momento em que o indivíduo liberta-se da proteção familiar, da segurança do lar, atravessando os diferentes períodos da adolescência e entrando na fase adulta, tendo que assumir responsabilidades.

Nesse período é inevitável a aquisição da autocons­ciência, que deflui dos tentames contínuos para a iden­tificação da própria realidade, para a conquista do Self, abandonando os artifícios e mecanismos de fuga da res­ponsabilidade, de modo a suportar os enfrentamentos que se impõem necessários.

O desenvolvimento biológico nem sempre se faz acompanhar pelo crescimento psicológico, porquanto, muitas áreas da emoção permanecem dependentes das circunstâncias anteriores, do protecionismo recebido na família, dos pais e mais velhos que procuraram poupar das adversidades, dos conflitos, das lutas da evolução, o jovem em crescimento.

A coragem apresenta-se, nesse momento, equipando o ser em busca da realização pessoal, mediante a seleção de valores de que se deve munir para seguir no rumo das metas que elegerá na sucessão do tempo.

Atado a imposições sociais, educacionais, tradicio­nais, não raro perde-se em conflitos desnecessários, gerando comportamentos de medo, de ansiedade e de insegurança, que se tornam verdadeiras cadeias retentivas na retaguarda.

A autoconsciência ajuda a compreender que se torna necessário discernir para acertar, insistir para lograr êxito, trabalhar com afinco nos propósitos escolhidos, dispondo-se a errar e repetir a experiência, a perder a ingenuidade para adquirir a maturidade, a vivenciar decepções que nascem nas ilusões para compreender a realidade, mantendo a coragem de não desanimar, nem desistir, entregando-se à auto-compaixão ou à depressão.

O desenvolvimento animal ocorre através de perío­dos sucessivos, tais como a infância, a adolescência ou juventude, a idade adulta, a velhice e a morte. Todas essas etapas fazem parte do esquema biológico normal e natural do processo vital.

Passa-se de um para outro estágio biologicamente, mas nem sempre com o amadurecimento psicológico correspondente, que deveria acompanhar a nova aquisição, por isso mesmo facultando que se instalem inquietações e desalentos que se podem tornar patológicos.

Necessário coragem para analisar com tranquilidade cada fase da existência física, como parte do processo de crescimento inevitável que culmina na morte orgânica, incapaz de extinguir a vida.

Essencialmente imortal, o Espírito é o ser integral, que desenvolve do germe divino que traz latente, para uti­lização no transcurso das reencarnações, aprimorando-se sempre em cada etapa vitoriosa, em cujo curso apresentam-se os valores nobres que o exornarão mais tarde, quando superados os períodos mais difíceis.

Nesse processo de evolução, a coragem assume di­ferentes aspectos, proporcionando relacionamentos saudá­veis que são indispensáveis para o desiderato feliz.

Todos necessitam de coragem fraternal para a convi­vência, resultando em vínculos de amizade profunda, capa­zes de resistir às agressões e discordâncias que, comumente, têm lugar nos comportamentos humanos.

Insistir nos bons sentimentos da amizade, na procura dos relacionamentos afetivos na área do amor sexual, livran­dose dos conflitos de qualquer natureza, com a coragem de autossuperação, constitui uma das metas a alcançar na busca da saúde plena.

Dispondo-se ao crescimento interior e à realização social e familiar, nos negócios e nos empreendimentos pro­fissionais, o indivíduo necessita dessa coragem dinâmica, criativa e fortalecedora que não esmorece diante do aparen­te fracasso, por entender que toda conquista é portadora de um preço específico.

A coragem é um ato, portanto, de bravura moral, vir­tude que deve acompanhar o sentimento humano, em vez do marasmo ante decisões ou diante da acomodação ao que já foi conseguido, da satisfação infantil pelo que se logrou, quando os horizontes mais se ampliam na direção do futu­ro, à medida que se avança.

Necessário separar o heroísmo da coragem real, por­quanto as circunstâncias e o momento podem influir para que sejam consumados atos especiais e grandiosos, enquan­to o desafio mais constante é de natureza interna como for­ma permanente de conduta emocional.

Eis por que nunca se deve alguém acovardar diante dos enfrentamentos, que são a fonte estimuladora do crescimento espiritual.

O ser humano possui reservas de força moral quase inconcebíveis, desde que estimuladas pelas ocorrências.

Verdadeiros pigmeus culturais e sociais podem alcan­çar níveis elevados de coragem, enquanto indivíduos de alta envergadura intelectual e social preferem mergulhar nos abismos do medo e da depressão, quando convidados às decisões e aos labores contínuos.

A aparência em que se transita nem sempre revela o grau de moralidade pessoal e de valor espiritual de que se é portador. Por isso mesmo, a coragem é o estímulo para que desabrochem os valores que dignificam e produzem a autorrealização.

A coragem pode assumir também outro delicado e sutil aspecto no comportamento humano, qual seja, criar, oferecendo beleza através da arte, da cultura, da religião, da bondade, da solidariedade.

Vivendo-se numa sociedade que se caracteriza pelo isolacionismo, pelo egoísmo, que prefere o interesse imediato, a troca de favores, é natural que alguém rompa o condicionamento e tenha a coragem de ser diferente, desenvolvendo o gênio criativo e o sentimento de compaixão pela ignorância, solidarizando-se com a vida e com todos os seres sencientes.

Quando falta essa virtude no indivíduo, que pare­ce haver-se cansado de trabalhar em favor dos ideais e da construção do grupo social melhor, pode-se considerar que essa conduta se firma numa acomodação covarde ante os impositivos do progresso. Sentindo-se compensado pela vida, avançado na idade, considerando a proximidade da morte, não sente mais interesse em ampliar as possibilida­des de felicidade geral, derrapando no obscurantismo, na indiferença, deixando de viver plenamente, porque elegeu apenas o momento que passa.

A coragem de lutar não espera compensação de qual­quer natureza. Mesmo quando a morte do corpo se apro­xima, o homem e a mulher de coragem prosseguem na sua faina de oferecer exemplos e contribuições que felicitam aqueles que vêm na retaguarda, e avançam confiantes na contribuição daqueles que os precedem pelos caminhos da inteligência e do sentimento.

Coragem é mais que destemor ante perigos, é a con­quista da autoconsciência que faculta a segurança nas pos­sibilidades e nos meios valiosos de prosseguir na conquista de si mesmo.


Aplicação da coragem



Nada obstante a coragem expresse o nível moral de cada indivíduo, podemos dilatar o conceito para a análise daquela de natureza física, identificada nos transes des­encadeados pelas enfermidades, pelos acidentes dilaceradores...

Muitos pacientes demonstram coragem diante de doenças devastadoras, enquanto outros deixam-se arrastar por desesperação incontrolável. Merecem, no entanto, as duas atitudes, algumas considerações.

No primeiro caso, a pessoa pode ser constituída de grande resistência orgânica, de menor sensibilidade, que dificultam a manifestação das dores acerbas. No segundo caso, conflitos emocionais que desestruturam o compor­tamento, abrem espaço para que os fenômenos aflitivos, dores e padecimentos, assumam uma gravidade que, em realidade, não existe. O próprio desconserto emocional contribui para a exacerbação da sensibilidade, transfor­mando-se em aflição desmedida.

Em ambos os casos, no entanto, o equilíbrio moral faculta a coragem ou retira-a durante a injunção aflitiva.

Na fase, porém, das ocorrências morais, aquelas que ferem os sentimentos que geram perturbação no raciocí­nio e ameaçam o equilíbrio mental, é que a coragem faz-se testada.

Nesse caso, torna-se constituída pelos elementos da autoconsciência, da compreensão do seu significado exis­tencial e do raciocínio lógico para a diluição do gravame, iminuindo-lhe o significado.

Reconhecendo-se vítima, ou identificando-se como vitimado circunstancialmente pelo ocorrido, a coragem moral acalma as reações orgânicas, evitando que os senti­mentos contraditórios da mágoa, do revide, do ódio se lhe instalem nos painéis da emoção, gerando tumultos íntimos.

A coragem deve ser exercitada em pequenas ocorrên­cias e diferentes cometimentos.

Aceitar o insucesso como uma experiência necessária para assegurar futura vitória, faculta e estimula a coragem para novos tentames.

A consideração em torno da fragilidade pessoal, ten­do em vista a vigilância, dispõe a um comportamento li­near e estável de harmonia diante de infortúnios ou de ale­grias no transcurso da existência.

Assumir a identidade pessoal, evitando a conduta-espelho, que reflete os outros em detrimento de si mesmo, propicia coragem para prosseguir de ânimo forte.

Logo surgem as manifestações secundárias da cora­gem, como servir sem preocupação de encontrar-se bem no contexto social, de fazer o conveniente em detrimento daquilo que deve, adquirindo harmonia interior, que resul­ta do fenômeno da consciência tranquila.

Confunde-se coragem com intemperança, agressivi­dade, intempestividade, que são, não poucas vezes, reações do medo expresso ou escamoteado.

A coragem é também terapêutica, porque estimula ao trabalho, à realização de obras dignificadoras, mesmo quando as circunstâncias se fazem desfavoráveis.

Quando se apresentem na conduta receios infunda­dos, insegurança para decidir, dificuldades para compor­tar-se em equilíbrio, subjazem fenômenos psicológicos de ansiedade e culpa não diluídas.

Recursos psicoterapêuticos devem ser buscados, a fim de propiciar a coragem, o valor moral para auto avaliação, sem pieguismo, e transformação interior para melhor, sem pressa.

Como corolário da coragem moral superior, o amor desempenha uma função primordial naquele que se candidata à aquisição da harmonia no processo da sua evolução.

Divaldo Pereira Franco ditado pelo
Espírito Joanna de Ângelis


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Foto by Brett Walker - link: https://www.flickr.com/photos/brettwalker/

Fatores causais da preguiça

A preguiça, ou propensão para a inatividade, para não trabalhar, também conhecida como lentidão para executar qualquer tarefa, ou caracterizada como ne­gligência, moleza, tardança, é desvio de conduta, que me­rece maior consideração do que aquela que lhe tem sido oferecida.

Surge naturalmente, expressando-se como efeito de algum tipo de cansaço ou mesmo necessidade de repouso, de recomposição das forças e do entusiasmo para a luta existencial.

Todavia, quando se torna prolongado o período re­servado para o refazimento das energias, optando-se pela comodidade que se nega às atitudes indispensáveis ao progresso, apresenta-se como fenômeno anômalo de conduta. E normal a aspiração por conforto e descanso, no en­tanto, não são poucos os indivíduos que se lhes entregam, sem que apliquem esforço físico ou moral pelo conseguir.

A preguiça pode expressar-se de maneira tranquila, quando o paciente se permite muitas horas de sono, per­manência prolongada no leito, mesmo após haver dormi­do, cortinas cerradas e ambiente de sombras, sem que o tempo seja aproveitado de maneira correta para leituras, reflexões e preces.

Não perturba aos demais, igualmente não se predis­põe ao equilíbrio nem à ação.

Lentamente, essa conduta faz-se enfermiça, gerando conflitos psicológicos ou deles sendo resultante, em face das ideias perturbadoras de que não se é pessoa de valor, de que nada lhe acontece de favorável, de que não tem merecimento nem os demais lhe oferecem consideração. Esse tormento, que se avoluma, transforma-se em pessimismo que propele, cada vez mais, a situações de negatividade e de ressentimento.

Pode também transformar-se em mecanismo de autodestruição, em face da crescente ausência de aceitação de si mesmo, perdendo o necessário contributo da autoestima para uma existência saudável. 

A pessoa assume posição retraída e silenciosa, evitan­do qualquer tipo de estímulo que a possa arrancar da constrição a que se submete espontaneamente. Danosa, torna os membros lassos, a mente lenta no raciocínio, apresentando, após algum tempo, distúrbios de linguagem e de locomoção.

Sob outro aspecto, pode apresentar-se como perda do entusiasmo pela vida, ausência de motivação para rea­lizar qualquer esforço dignificante ou algum tipo de ação estimuladora.

O seu centro de atividade é o ego, que somente se considera a si mesmo, evitando espraiar-se em direção das demais pessoas, em cuja convivência poderia haurir entusiasmo e alegria, retomando o arado que sulcaria o solo dos sentimentos para a plantação da boa vontade e do bem-estar.

A avaliação feita pelo indivíduo nesse estágio é sem­pre deprimente, porque não tem capacidade de ver as conquistas encorajadoras que já foram realizadas nem as pos­sibilidades quase infinitas de crescimento e de edificação.

O tédio domina-lhe as paisagens íntimas e a falta de ideal reflete-se-lhe na indiferença com que encara quais­quer acontecimentos que, noutras circunstâncias, consti­tuiriam emulação para novas atividades.

Esse desinteresse surge, quase sempre, da falta de horizontes mentais mais amplos, da aceitação de antolhos idealistas que impedem a visão profunda e complexa das coisas e das formulações espirituais, limitando o campo de observação, cada vez mais estreito, que perde o colorido e a luminosidade.

Em outra situação, pode resultar de algum choque emocional não digerido conscientemente, no qual o ressentimento tomou conta da área mental, considerando-se pessoa desprestigiada ou perseguida, cuja contribuição para o desenvolvimento geral foi recusada.

Normalmente, aquele que assim se comporta é víti­ma de elevado egotismo, que somente sente-se bem quan­do se vê em destaque, embora não dispondo dos recursos hábeis para as ações que deve desempenhar.

Detectando-se incapacitado, refugia-se na inveja e na acusação aos demais, negando-se a oportunidade de recupe­ração interior, a fim de enfrentar os embates que são perfei­tamente naturais em todos e quaisquer empreendimentos.

O desinteresse é uma forma de morte do idealismo, em razão da falta de sustentação estimuladora para conti­nuar vicejando.

Pode-se, ainda, identificar outra maneira em que se escora a preguiça para continuar afligindo as pessoas desavisadas. É aquela na qual o isolamento apresenta-se como uma vingança contra a sociedade, não desejando envolver-se com nada ou ninguém, distanciando-se, cada vez mais, de tudo quanto diz respeito ao grupo familiar, social, espi­ritual.

Normalmente, esse comportamento é fruto de algu­ma injustificada decepção, decorrente do excesso de autojulgamento superior, que os outros não puderam confirmar ou não se submeteram ao seu desplante. Gerando grande dose de ressentimento, não há como esclarecer-se ao indivíduo, na postura a que se entrega, mantendo raiva e desejo de destruição de tudo quanto lhe parece ameaçar a conduta enfermiça.

Do ponto de vista espiritual, o paciente da preguiça, que se pode tornar crônica, ainda se encontra em faixa pri­mária de desenvolvimento, sem resistências morais para as lutas nem valores pessoais para os desafios.

Diante de qualquer impedimento recua, acusando aos outros ou a si mesmo afligindo, no que se compraz, para fugir à responsabilidade que não deseja assumir.

A preguiça prolongada pode expressar também uma síndrome de depressão, mediante a qual se instalam os distúrbios de comportamento afetivo e social, gerando profundos desconfortos e ansiedade.


Transtornos gerados pela preguiça

A entrega à ociosidade torna débil o caráter do paci­ente, impedindo-o de realizar qualquer esforço em favor da recuperação.

Sentindo-se bem, de certa forma patologicamente, com a falta de atividade, a tendência é ficar inútil, tornan­do-se um pesado fardo para a família e a sociedade.

Em relação a qualquer um dos motivos que desen­cadeiam a preguiça, conforme referidos, a baixa estima e a fuga psicológica são os fatores predominantes nesse comportamento doentio.

O corpo é instrumento do Espírito, que necessita de exercício, de movimentação, de atividade, a fim de preser­var a própria estrutura. Enquanto o Espírito exige refle­xões, pensamentos edificantes contínuos para nutrir-se de energia saudável, o corpo impõe outros deveres, a fim de realizar o mister para o qual foi elaborado. A indolência paralisadora pela falta de ação conduz à flacidez muscular, à perda de movimentação, às dificuldades respiratórias, di­gestivas, num quadro doentio que tende a piorar cada vez mais, caso não haja uma reação positiva.

Em razão do pessimismo que se assenhoreia do enfer­mo, a sua convivência faz-se difícil e o seu isolamento mais o atormenta, porque a autolamentação passa a constituir-lhe uma ideia fixa, culpando, também, as demais pessoas por não se interessarem pelo seu quadro, nem procurarem auxiliá-lo, o que equivale a dizer, ficarem inúteis também ao seu lado, auxiliando-o na autocomiseração que experimenta.

Em realidade, não está pedindo ou desejando ajuda real, antes apresenta-se reclamando da sua falta para melhor comprazer-se na situação a que se entrega espontaneamente.

A existência, na Terra, é constituída por contínuos desafios, que sempre estão estimulando à conquista de no­vas experiências, ao desenvolvimento das aptidões adormecidas, ao destemor e à coragem, em contínuas atividades enriquecedoras.

A mente não exercitada em pensamentos saudáveis, descamba para o entorpecimento ou para o cultivo de ideias destrutivas, vulgares, insensatas, que sempre agra­vam a conduta perniciosa.

Pensar é bênção, auxiliando a capacidade do raciocí­nio, a fim de poder elaborar projetos e propostas que man­tenham o entusiasmo e a alegria de viver.

Concomitantemente, surge, vez que outra, alguma lucidez, e o paciente critica-se por não dispor de forças para modificar a situação em que se encontra, desanimando ain­da mais, por acreditar na impossibilidade da reabilitação. Faz-se um círculo vicioso: o paciente não dispõe de ener­gias para lutar e nega-se à luta por acreditar na inutilidade do esforço.

Outras vezes, oculta-se no mau humor, tornando-se ofensivo contra aqueles que o convidam à mudança de alternativa, explicando-lhe tudo depende exclusivamente dele, já que ninguém lhe pode tomar a medicação de que somente ele necessita.

A destreza, o esforço, a habilidade, em qualquer área, são decorrentes das tentativas exitosas ou fracassadas a que o indivíduo permite-se, resultando da repetição sem enfa­do nem queixa para a conquista e a realização pessoal.

Na preguiça ocorrem uma adaptação à inutilidade e uma castração psicológica de referência aos tentames libertadores. O paciente, nesse caso, prefere ser lamentado a re­ceber amor, experimentar compaixão a ter o companheirismo estimulante, permanecer em solidão a experienciar uma convivência agradável.

Armado contra os recursos alternativos da saúde, foge daqueles que o desejam auxiliar infundindo-lhe ânimo, e quando é surpreendido por alguma orientação, logo reage com violência intempestiva, afirmando: "Você não sabe o que eu sinto e certamente não acredita no que se passa no meu mundo íntimo... Pensa que estou fingindo?

Certamente, o outro não conhece o transtorno que se opera no enfermo, mas sabe que o esforço desprendido po­derá contribuir eficazmente para alterar a situação em que se encontra.

A partir de então, o amigo e candidato ao auxílio torna-se evitado, é tido como adversário, censor, perturba­dor da sua paz, como se a indolência algo tivesse a ver com tranquilidade e harmonia íntima... 

A quase total insensibilidade em relação a si mesmo, à sua recuperação e ao sofrimento que ocasiona à famí­lia, que se desestrutura, complica mais o quadro, porque bloqueia o discernimento em torno dos próprios deveres, transferindo para o próximo as responsabilidades que lhe pesam na consciência e as tarefas que devem ser desempe­nhadas em seu benefício.

A preguiça mina a autoconfiança e destrói as possibi­lidades de pronta recuperação.

É natural que atraia Espíritos ociosos, que se comprazem no banquete das energias animais do paciente, tele mentalizado e conduzido às fases mais graves, de forma que prossiga vampirizado.

Os centros vitais da emoção e do comportamento são explorados por essas Entidades infelizes, e decompõem-se, funcionando com irregularidade, destrambelhando a organização somática, já que a psíquica e os sentimentos estão seriamente afetados.


Terapia para a preguiça

Às vezes, o paciente pode receber alguma inspiração superior e interrogar-se: - Por que estou sofrendo desnecessariamente? Até quando suportarei esta situação deplorável?

Isto constitui um despertar terapêutico para a mu­dança de conduta, sempre a depender do próprio paciente.

Começam a surgir-lhe a vergonha pelo estado em que se encontra, o constrangimento pela inutilidade exis­tencial, dando início ao labor de renovação íntima e ao desejo de reconquistar a saúde, assim como o bem-estar, sem mecanismos escapistas ou perturbadores.

Surgem, então, os pródromos do equilíbrio emo­cional, o natural desejo pela recuperação, passando a ver a preguiça como algo enfadonho e monótono, irritante e sem sentido, causador de aflições desnecessárias, porquan­to nada de útil dela pode ser retirado.

Esse processo inicial de vê-la conforme é, proporcio­na estímulos para a mudança de comportamento, a aceita­ção de novos exercícios de despertamento, liberando gran­de quantidade de energia armazenada, que se encontrava impedida de funcionar em razão dos mecanismos de fuga da realidade.

O próximo passo é a destruição da identidade de preguiçoso, de doente ou inútil, experimentando a alegria que decorre do ato de servir, dos instrumentos ativos para a produção de tudo quanto signifique realização pessoal.

Em seguida, caem os antolhos que dificultam a visão global da vida, o ego cede lutar à necessidade de convivên­cia e de compreensão fraternal, abrindo espaços emocional e mental para mais audaciosas realizações.

Certamente, não se trata de uma simples resolução com efeitos imediatos, miraculosos, que não existem, por­que após largo período de ociosidade, todo o organismo emocional e físico encontra-se com limites impostos pela lassidão.

É necessário que as leituras edificantes passem a in­fluenciar os painéis mentais, e as velhas histórias de auto-compaixão a que se estava acostumado, fazendo parte do cardápio existencial, cedam lugar aos estímulos da boa con­vivência social e afetiva, motivando aos avanços constantes.

Nesse sentido, a oração e a bioenergia oferecem re­cursos inestimáveis, ao lado de uma psicoterapia baseada em labores bem-direcionados, a fim de que o paciente volte ao mundo real com nova disposição, encontrando estímu­los para prosseguir no próprio trabalho realizado.

A atividade bem-dirigida constitui lubrificante eficaz nos mecanismos orgânicos e nos implementos mentais, estimulando as emoções agradáveis de modo que se consiga a saúde integral.


Divaldo Pereira Franco ditado pelo 
Espírito Joanna de Ângelis


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MEDO: PSICOPATOLOGIA, DIFERENTES MANIFESTAÇÕES E ERRADICAÇÃO



quinta-feira, 23 de outubro de 2014

ALCOOLISMO: OBSESSÃO, PREJUÍZOS FÍSICOS, MORAIS, MENTAIS E TERAPIA por Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis


Foto by Brett Walker - link:https://www.flickr.com/photos/brettwalker/


Alcoolismo e obsessão

O alcoolismo é grave problema de natureza médica, psicológica e psiquiátrica, que merece assistência urgente, uma vez que também se apresenta como terrível dano social, em face dos prejuízos orgânicos, emocio­nais e mentais que opera no indivíduo e no grupo social ao qual pertence.

O alcoolismo envolve crianças mal orientadas, jo­vens em desalinho de conduta, adultos e idosos instáveis, gerando altos índices de intoxicação aguda e subaguda em todos, como consequência da facilidade com que se pode conseguir a substância alcoólica, que faz parte do status da sociedade contemporânea, como de alguma forma ocorreu no passado.

Apresentam-se dois tipos de bebedores: os de ocasião, que se permitem a ingestão etílica em circunstâncias especiais, e os habituais, aqueles que já se encontram em depen­dência alcoólica.

E mais perigosa, naturalmente, a feição crônica, com boa dose de suporte do organismo que se desequilibra em delírios, quando por ocasião de breve abstinência ou mes­mo por um pouco de excesso, em razão da progressiva degenerescência dos centros nervosos.

Invariavelmente, a ansiedade desempenha um papel preponderante no uso do álcool, por causa da ilusão de que a sua ingestão acalma, produz alegria, o que não cor­responde à verdade. Em muitas personalidades psicopatas, o álcool produz rápidas alucinações ou depressão, levando, na primeira hipótese, à prática de ações criminosas, alucinadas, que desaparecem da lembrança quando volve a consciência.

Noutras vezes, a necessidade irresistível de ingerir o álcool, oferecendo o prazer mórbido do copo cheio, carac­teriza o dipsômano ansioso e consciente da sua enfermida­de. Esse tipo de enfermo pode manter relativa abstinência e períodos de grande ingestão alcoólica, em verdadeiro cír­culo vicioso de que não se consegue libertar, definindo o rumo do abandono do vício.

Ao lado desse, existe o hipômano, que se apresenta com pequenas e constantes intoxicações, podendo demorar meses sem beber qualquer quantidade de substância alcoólica, quando se encontra na sua fase de normalidade, logo celebrando alegremente o retorno a ela, em algumas sema­nas de degradação, na qual se apresenta a manifestação maníaco-depressiva, em que aparecem os episódios delirantes.

Não se pode negar que existe uma herança ancestral para o alcoólico. Descendente de um viciado, ele apresenta tendência a seguir o hábito doentio. Igualmente há outros fatores orgânicos, como lesões nervosas, encefalopatias, traumatismos cranianos. Do ponto de vista psicológico, podem ser assinalados como causas os conflitos de qualquer natureza, especialmente sexuais, empurrando para o vício destruidor. A timidez, a instabilidade de sentimentos, o ciúme, o complexo de inferioridade, os transtornos masoquistas propelem para a ingestão de substâncias alcoóli­cas como fuga das situações embaraçosas. Algumas vezes, para servir de encorajamento; e outras, com a finalidade de apagar lembranças ou situações desagradáveis.

Sob qualquer aspecto considerado, porém, essas si­tuações apresentam-se mediante altas doses de mau humor e de agressividade, derivadas dos tormentos íntimos do pa­ciente que não foram acalmados.

O dependente alcoólico é portador de compromissos espirituais transatos muito grandes, à semelhança de ou­tros enfermos. No caso específico, há um histórico anterior, em experiência passada, quando se entregou às dissipações, especialmente de natureza etílica, assumindo graves compromissos perturbadores com outros Espíritos que lhe pa­deceram as injunções penosas e que o não perdoaram. Reencontrando-o, estimulam-no à antiga debilidade moral, a fim de o consumirem na alucinação, ao tempo em que também participam das suas libações, dando prosseguimento aos de­safies que a ausência do corpo já não lhes permite.

a semelhança do que ocorre com o tabagista e o dro­gado, estabelece-se um conúbio vampirizador por parte do desencarnado, que se torna hóspede dos equipamentos nervosos, via períspirito, terminando por conduzir o pa­ciente ao delirium tremens, como resultado de insuficiência suprarrenálica, quando o organismo exaurido tomba sob situações de hipoglicemia e hiponatremia.

Noutras vezes, prosseguem na desforra, em razão do sentimento ambíguo de amor e ódio, no qual satisfazem-se com as aspirações dos vapores etílicos que o organismo do enfermo lhes proporciona e do ressentimento que conservam embutido no desejo da vingança.

Assim sendo, igualmente entorpecem-se, embria­gam-se, pela absorção da substância danosa que o períspirito assimila, enlouquecendo, além do estado infeliz em que se encontram. Nessa situação, tomam da escassa lucidez do hospedeiro psíquico e emocional, ampliando-lhe o quadro alucinatório e levando-o à prática de atos abjetos e mesmo de crimes hediondos.

A questão é tão grave e delicada, que nem sequer a desencarnação do obsidiado faz cessar o processo que, não raro, prossegue sob outro aspecto no Mundo espiritual.

O vício, de qualquer natureza, é rampa que conduz à infelicidade.


Prejuízos físicos, morais e mentais do alcoolismo.

Considerando-se a falta de estrutura dos valores éti­cos na sociedade hodierna, determinados comportamentos que deveriam ser considerados como exóticos, quando não perturbadores e censuráveis, assumem respeitabilidade e passam a constituir-se modelos a serem seguidos pelas personalidades dúbias.

O alcoolismo é um desses fenômenos comportamentais que, desde priscas eras, vem atormentando o ser humano.

A criança e o jovem ambientados ao clima vigente, por imitação ou estimulação de outra natureza qualquer, aderem às libações alcoólicas, procurando ser semelhantes aos outros, estar no contexto geral, demonstrar aquisição de identidade e de liberdade pessoal...

Os danos que decorrem desse hábito infeliz são incalculáveis para o indivíduo e para a sociedade, assim como os prejuízos de vária ordem, inclusive econômicos, para as organizações governamentais de saúde.

A intoxicação apresenta-se sob dois aspectos: aguda ou embriaguez, e crônica. Não existe uma linha demarcatória entre ambas, podendo estar combinadas, o que ocor­re na maioria das vezes. A embriaguez é de duração breve no seu aspecto clínico. No entanto, pode evoluir, passando por três fases: excitação, depressão e coma.

Na primeira, surge a euforia, como mecanismo de li­bertação de conflitos emocionais reprimidos durante a abs­tinência. E de duração breve, relativamente entre uma hora e meia e duas horas. É muito conhecida como vinho alegre.

A depressão, também chamada vinho triste, ocorre a seguir ou pode surgir de maneira inesperada, de chofre. O paciente entrega-se ao desmazelo, ao abandono, movimen­ta-se trôpego, trêmulo, numa espécie de ataxia física e men­tal. Oscila entre a tristeza e a alegria, apresentando sudorese abundante, náuseas, vômitos... logo depois, advém um tor­por, uma espécie de sono com estertores, que se apresenta em forma do coma da embriaguez. Nessa fase, pode ocorrer a desencarnação resultante de algum colapso cardíaco.

Surgem, também, manifestações diferenciadas em forma sensorial, afetiva e motora, que se podem fundir em uma situação lamentável.

Os sentidos físicos ficam afetados, os estados oníricos tornam-se tormentosos, as alucinações fazem-se frequentes.

Cada uma dessas formas de embriaguez tem a sua característica, sempre degradante para o paciente, que perde completamente o controle da razão, da emoção e do organismo físico, no qual instalam-se problemas de alta gravidade.

Também é conhecida a embriaguez simples ou excitação ebriosa, na qual o paciente pode apresentar-se de forma expansiva ou depressiva, de acordo com a sua cons­tituição emocional.

Na situação, sem controle sobre as inibições, desvela-se, e, em face da liberação, pode tornar-se vulgar, agressivo, ultrajando as pessoas, agredindo os costumes, derivando para diversos tipos de crimes contra o cidadão, o patrimônio...

Lentamente, o paciente começa a sofrer perturbações intelectuais e de memória, embotamento dos sentimentos e distúrbios de conduta. Além desses desequilíbrios, a face apresenta-se pálida e de expressão cansada; a língua, saburrosa; hepatomegalia, febre; facilidade para permitir-se infecções, como gripe, erisipela, pneumonia.

Quando irrompe o deliríum tremens, o paciente en­contra-se em fase adiantada de alcoolismo, com impossi­bilidade imensa de retornar à sanidade, ao equilíbrio, em razão dos distúrbios profundos nos sistemas nervoso cen­tral, neurovegetativo, simpático e parassimpático, além das disfunções de outros órgãos que se encontram afetados pelo excesso de álcool: fígado, rins, pâncreas, estômago, intestino, coração...

Noutras vezes, o paciente é conduzido à demência alcoólica, em decorrência do enfraquecimento generaliza­do de todas as funções psíquicas, particularmente as inte­lectuais, ao tempo em que é atingido na afetividade e na moralidade.

Nessa fase, a morte é quase iminente, pois as fun­ções orgânicas exauridas já não podem manter-se em ritmo de trabalho equilibrado, cedendo lugar ao descontrole e à exaustão.

Pode acontecer que, em muitos pacientes crônicos, antes da ocorrência dos acidentes delirantes subagudos, surjam estados neurasteniformes, caracterizados pela fadi­ga, por dores esparsas, astenia muscular, perturbações di­gestivas, cefaleia... Por extensão, o sono é assinalado por confusão mental e inquietação, produzindo mal-estar e aumentando o cansaço pela falta do repouso que se faz ne­cessário à manutenção da maquinaria orgânica.

A verdade insofismável é que o alcoólico é um pacien­te que apresenta grande dificuldade de aceitação terapêuti­ca, por estar escamoteando sempre os tormentos sob justifi­cações, ora acusatórias, como de responsabilidade daqueles que lhes criam situações difíceis, ou como de vítimas das circunstâncias, que dizem poder reverter, quando quiserem, mas que nunca o conseguem. 


Terapia para o alcoolismo

Em face da gravidade do alcoolismo, são necessários recursos psiquiátricos, psicológicos e orientação social, com o propósito de auxiliar o paciente na recuperação da saúde.

De acordo com a extensão de cada caso, é sempre recomendável a orientação psiquiátrica, com o conveniente internamento do enfermo, a fim de auxiliá-lo na desintoxicação, naturalmente acompanhada de cuidadoso tratamen­to especializado.

Nessa fase, sempre pode ocorrer o colapso, em defluência da falta do álcool no organismo. A medida que vai sendo recuperada a lucidez, a ajuda psicológica é de grande valor, por facilitar a identificação das causas subjacentes e que se encontram inibidas, como efeito de uma infância malvivida, frustrada, ou de reminiscências inconscientes — clichês mentais inesperados - pertinentes às experiências malogradas em existências anteriores...

A boa leitura certamente propicia o despertamento da consciência para a nova situação, demonstrando que a realidade não é tão agressiva conforme se crê, dependendo de cada um na sua forma de enfrentá-la.

A aplicação da bioenergética é de grande utilidade, porque robustece o ânimo do paciente e ajuda-o na li­bertação das tenazes que sofre por parte do perseguidor desencarnado.

Graças a esse recurso, torna-se mais fácil a mudança de comportamento para outra faixa vibratória, mais eleva­da, favorecendo o fortalecimento moral e espiritual através da oração, por cuja terapia passa a sintonizar com outras mentes mais nobres e a captar a presença dos Guias espirituais que são atraídos e o auxiliarão na conquista do seu reequilíbrio.

A Psicologia e a Psiquiatria espíritas conseguiram demonstrar que existe outra realidade além da objetiva, da convencional, na qual a vida é estuante e apresenta-se em forma de causalidade, onde tudo se origina e para a qual tudo retorna.

Dessa forma, levantaram o véu que dificultava a visão do mundo espiritual existente e desconhecido, vibrante e gerador de fenômenos que se apresentam na esfera física, an­tes não entendidos e considerados miraculosos, desbordando em fantasias e mitos, ora fascinantes, ora aterradores...

A confirmação da imortalidade do Espírito facultou o entendimento em torno das relações que existem entre as duas esferas da mesma vida, ensejando a compreensão da finalidade do processo reencarnacionista, assim proporcionando sentido e significado especiais à existência corporal.

Desse modo, importante é o ser, em si mesmo, por­tador de possibilidades quase infinitas na sua trajetória, de­pendendo sempre da sua eleição pessoal em torno da busca da plenitude.

Enfermidades, desaires, sofrimentos, alegrias e espe­ranças fazem parte do trajeto a percorrer, nunca esquecen­do que a cada passo dado, uma nova conquista se insere no equipamento de realizações enobrecedoras. Eis por que a jornada humana deve caracterizar-se pela visão e pela ação positivas, no incessante labor de autorrealização para melhor contribuir em favor da coletividade da qual faz parte.

A cura real, portanto, de qualquer paciente, reside na sua transformação moral para melhor, porquanto pode recuperar a saúde física, emocional e mesmo psíquica; no entanto, se não aceitar a responsabilidade para auto iluminar-se, logo enfrentará novos problemas e situações desa­fiadoras. Essa reabilitação deve dar-se, por certo, do inte­rior para o exterior, dos sentimentos para a organização fisiológica.

Tendo em vista a presença da morte e da imortali­dade, convém ter-se sempre em mente que a cura lograda, por mais amplia



Divaldo Pereira Franco ditado pelo
Espírito Joanna de Ângelis



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TABAGISMO (FUMAR): CAUSAS. INSTALAÇÃO E DANOS DA DEPENDÊNCIA E TERAPIA por Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis



Foto by Brett Walker - link: https://www.flickr.com/photos/brettwalker/


Causas do tabagismo



O cultivo dos hábitos saudáveis, considerados como virtudes morais, oferece o bem-estar gerador de harmonia pessoal e social. Eles contribuem decisi­vamente para o equilíbrio orgânico, emocional e psíquico, facultando uma existência realmente prazerosa.



Esses hábitos proporcionadores de felicidade inscul­pem-se no cerne do ser e ajudam-no a conquistar o proces­so de autorrealização.

Dentre os mais expressivos e edificantes, em toda a sua grandeza destaca-se a superação do egoísmo através da prática do bem com total desinteresse, definindo o biótipo espiritual triunfador.

Sob outro aspecto, os hábitos viciosos atormentam, desenvolvendo ou ampliando conflitos que entorpecem o indivíduo, enfermando-o, desarticulando-lhe as resistên­cias morais.

Certamente, há aqueles que se afeiçoam com facili­dade aos bons costumes e vivenciam-nos com relativa fa­cilidade, em razão de se haverem exercitado em existências anteriores, enquanto outros que tombam na dependência viciosa, estão iniciando-se ainda na experiência da luta para adquirir imunização ao seu contágio.

Os hábitos de qualquer procedência são resultados da dinâmica de manutenção do exercício, mediante a afi­nidade com este ou aquele, seja possuidor de benefícios ou de aflições.

Quanto mais se repetirem as tentativas e ações, mais serão fixadas no comportamento, tornando-se uma deno­minada segunda natureza.

Os vícios, pois, decorrem da acomodação mental e moral a situações penosas e equívocas, que exigem esforço para salutar direcionamento, mas que a falsa sensação de prazer transforma-se em desar ou aflição, logo que fruída.

Dentre os denominados vícios sociais destaca-se o tabagismo, de consequências danosas para o organismo físico do dependente da nicotina e dos demais conservantes do fumo, bem como gerando transtorno da emoção.

De duas ordens são as causas do tabagismo: a primei­ra delas, de natureza subjetiva, porque ínsita no emocional do indivíduo, apresentando-se sob variado elenco de manifestações, tais como a timidez e o medo, o complexo de inferioridade e a insegurança, a baixa estima pessoal e a ansiedade, que resultam de processos anteriores da evolução ou que ressumam dos conteúdos psíquicos inconscientes arcaicos e infantis do fumador.

Nessa situação, é fácil a busca do bastão psicológico de sustentação, no caso em tela o tabaco para mascar ou fumar, mais genericamente em forma de cigarro, charuto ou cachimbo, que é queimado, tendo tragada a sua fumaça.

Sob o ponto de vista psicanalítico, conforme Freud, durante o período de desenvolvimento oral na criança, toda vez que essa apresenta qualquer necessidade e chora, logo recebe a chupeta, a amamentação, o dedo na boca, as guloseimas, indo repetir-se esse fenômeno na idade juvenil e adulta, quando se busca o tabaco na sua forma social e elegante, para restituir a tranquilidade, vencendo aparente­mente a ansiedade.

Aquela fase oral do desenvolvimento infantil grava-se no inconsciente, nos seus aspectos positivos e negativos, representando a gratificação que os pais e os familiares oferecem ao bebê com o objetivo de deixá-lo feliz.

Desse modo, na juventude, o cigarro especialmente torna-se o consolo ante as incertezas, os desafios e o apoio psicológico para os temores de enfrentamentos em relação à angústia e principalmente à solidão. Nesse período de incertezas da existência, o jovem experimenta muita ansiedade e sofre grave insegurança, acreditando que, no fumo, irá encontrar os valores que lhe faltam no momento, assim tombando no vício.

Indispensável, dessa forma, entender-se a oralidade, a fim de resguardar-se da fuga para o tabagismo.

A segunda é de natureza objetiva, social, externa, defluente da convivência com outros dependentes da ni­cotina, que fingem haver adquirido a independência (dos pais, dos familiares, dos mestres), afirmando a personali­dade, adentrando-se na sociedade dos adultos, igualmente viciados...

Receando ser discriminado no grupo em que se mo­vimenta, por não proceder de maneira idêntica (relacionamentos-espelho, em que os indivíduos refletem-se na conduta uns dos outros), o jovem ou mesmo o adulto, permite-se a iniciação, nem sempre muito agradável, logo parecendo capaz de afirmar-se perante os demais, já que não tem convicção das próprias possibilidades, tornando--se dependente do vício.

As pressões sociais e emocionais, os incontáveis em­bates do crescimento como ser inteligente, quando produ­zem ansiedade e geram inquietação, empurram o incauto para o recurso do bastão psicológico de apoio, com a finali­dade enganosa de tranquilizar e inspirar soluções.

Também são sugeridas outras espécies de causas, como sejam: a voluntária, pelo excesso de fumo ou de mas­tigação do tabaco, e a profissional, que atinge os trabalha­dores dessa indústria perversa.

Dependentes das substâncias absorvidas pelo uso do tabaco, alguns desses tipos psicológicos frágeis criem que a ingestão do álcool, mesmo que em doses mínimas, propicia inspiração, qual ocorre no período da sesta, em favor da criatividade, e buscam esse estímulo morbífico.

A criatividade, a inspiração, o êxtase legítimo, de­correm da perfeita lucidez, num período de bem-estar e de integração com o Cosmo, após o esforço da busca para o auto encontro, facultando ao subconsciente ou ao pré-consciente o auxílio necessário e eficaz.

Nesse comportamento, atinge-se com relativa faci­lidade o estado alterado de consciência, em vez de mergu­lhar-se em estados de consciência alterada, pela ingestão de substâncias alucinógenas, portadoras de danos imprevisíveis ao cérebro e aos respectivos departamentos emocional e psíquico do usuário.

Assim, o êxtase deve ser alcançado mediante perfeita sintonia com as faixas sutis da vida, sem a intoxicação resultante de qualquer substância vegetal ou química.

Quando ocorre a transcendência temporária na dicotomia sujei to/objeto, dá-se o êxtase, sem qualquer co­notação neurótica ou pejorativa, ou ainda, regressão a ser­viço do ego.

Será sempre nesse estado de perfeita afinidade que su­cede, facultando o abandono do ego e suas injunções para a harmonia com o self numa outra dimensão espaço/tempo.

Os vícios, sejam de qual constituição se apresentem, tornam-se cadeias escravizadoras de consequências lamentáveis para os seus aficionados.

Melhor, portanto, evitar-lhes a instalação do que a posterior luta pela sua superação.


Instalação e danos da dependência viciosa

Iniciada a experiência desastrosa, sempre que haja qualquer tipo de conflito, de ansiedade, de insegurança, o paciente busca o recurso do tabaco na vã ilusão de alcançar os resultados do bem-estar, da serenidade.

À medida que o organismo intoxica-se, aumenta o índice da necessidade, passando à dependência coercitiva e perturbadora. Simultaneamente aparecem os sinais que tipificam os danos causados ao organismo, que podem vir a sós ou associados uns aos outros.

O tabagismo é responsável, portanto, por diversas enfermidades, especialmente as do sistema nervoso central, como dos aparelhos cardiovascular, respiratório, digestivo e das glândulas endócrinas, com perturbações da fala, acidentes de estenocardia e dos vasos periféricos. Na sua fase aguda, surgem as náuseas, vômitos, desmaios, dores de ca­beça, fraqueza nas pernas, sialorreia...

Na ocorrência de insuficiência coronária e bronquite crônica, nas dispepsias gástricas e biliar, diabetes, o taba­gismo piora os quadros, levando a desenlaces dolorosos e inevitáveis.

O fumante pensa haver conseguido ganhos com o hábito danoso, como por exemplo fazer parte do círculo de dependentes, sentindo-se aceito e idêntico, especialmente na fase das conquistas amorosas, quando o outro - masculino ou feminino - é viciado.

A ampla divulgação pela mídia de que o fumador é um indivíduo triunfante, conquistador invejável e realiza­dor de façanhas poderosas, contribui para que as persona­lidades conflitivas busquem o tabaco, a fim de alcançarem realização semelhante. Infelizmente, a mídia não apresenta os seus modelos, quando estão sendo devorados pelo câncer que resulta do hábito inveterado de absorver nicotina em altas doses...

A ilusão proporcionada pelo tabagismo é paradoxal: inicialmente parece que acalma, que dá vitalidade, no entanto, quanto mais a vítima se deixa arrastar pelo uso doentio, mais neurótica, mais insegura e mais instável apresenta-se.

O indivíduo farmacodependente atinge um nível de transtorno de tal monta, que se sente incapaz de enfrentar qualquer tipo de atividade sem o apoio do cigarro, muitas vezes mesmo antes de qualquer refeição, a fim de iniciar o dia.

Quando tenta evitar-lhe o uso, e casualmente o an­seio da ação não corresponde ao esperado, logo supõe que é a falta do cigarro que se faz responsável pelo que considera insucesso, e recorre-lhe ao apoio, reabastecendo-se de ânimo e formando o círculo vicioso.

Mesmo quando o dependente reconhece os danos que o vício vem-lhe causando ao organismo, teme abando­ná-lo, embora o deseje sem grande esforço, prosseguindo, porém, vitimado nas suas garras.

O eminente psiquiatra Sigmund Freud, já referido, denomina esse fenômeno como a pulsão de morte, ou seja, a maneira mórbida como a pessoa deixa-se arrastar pelas condutas doentias e destrutivas.

Fenômeno especial ocorre nessa como em qualquer outra dependência viciosa, que é a presença de Espíritos igualmente enfermiços que se utilizam do paciente para a convivência obsessiva, dando prosseguimento aos hábitos infelizes em que se compraziam e ora sentem falta, em face da ausência da organização física.

Assim, estabelecem-se ligações mórbidas, ensejando processos de vampirização que se fazem mais complexos, quando utilizam dos vapores etílicos, das emanações do tabaco, das drogas, para continuarem comprazendo-se.

Essa ingerência mais agrava o estado do paciente fí­sico, porque, mesmo usando a bengala psicológica, prosse­gue frustrado, em razão do desvio daquelas substâncias que lhe pareciam auxiliar quando em tormento.

À medida que a parasitose espiritual mais se aprofun­da no comportamento do encarnado, este sente-se ainda mais enfraquecido, aturdido e infeliz, esvaziado de ideais de superior significação.

Toda vez quando pensa em abandonar o vício, tem a mente invadida por pavores e ameaças não verbalizadas, que mais o afligem e o atiram no vazio existencial.

O existencialista francês Jean-Paul Sartre sugeriu que se desvestisse o tabaco de qualquer significado es­pecial, reduzindo-o à questão de uma erva que arde e se consome, não merecendo, por isso mesmo, qualquer outra conotação.

Dá-se, porém, o oposto, porque o viciado olha-o com enorme expectativa, a ponto de transformá-lo em sua tábua de salvação, guardando o último cigarro com verda­deira volúpia, quando escasseiam em suas mãos, a fim de que, no momento da angústia, que já formula inconscien­temente, disponha do mecanismo de apoio e de liberação do mal-estar.

O lamentável em todo esse processo é que além dos males proporcionados pelo tabagismo à vítima, alcança as pessoas que ao seu lado se encontram, porque as obriga a aspirar o fumo perverso que espalha, intoxicando-as tam­bém. Não poucas vezes, aqueles que se expõem às emana­ções do cigarro ficam impregnados de tal forma, que se enfermam, apresentando sintomas típicos de usuários do produto destrutivo.

A cultura do cigarro, do charuto e do cachimbo, em nossa sociedade dita civilizada, faz parte dos grandes meca­nismos inconscientes de fuga da realidade para a fantasia, para o exibicionismo, para autorrealizaçóes equivocadas.

Dando-se conta dos prejuízos que já experimenta expressiva massa de fumantes, muitos procuram fórmulas mágicas para libertar-se do vício e tentam os recursos de ocasião que aparecem com certa periodicidade, sem que, de fato, desejem pagar o alto preço pela abstinência do fumo.

Assim, param por algum tempo, e à medida que vão sendo vítimas da síndrome dela decorrente, apresentam-se irritadiços, depressivos, impacientes, sofrendo interrupção do sono, confusão mental, insatisfação, retornando prazerosamente ao hábito consumista e extravagante.

Assevera-se que determinado famoso escritor, crítico literário irlandês, afirmou com certa dose de ironia: "Dei­xar de fumar é fácil. Eu já o deixei inúmeras vezes..."

Qualquer hábito, para ser liberado do indivíduo que lhe aceita a injunção, deve ser substituído por outro, de forma que não surja o vazio, a ausência de algo que parece importante, em face de se estar acostumado à sua presença.


Terapia para o Tabagismo

Da mesma forma como se instalou o vício, a sua libertação ocorre mediante um processo semelhante e de prolongado curso.

Os danos causados quase sempre são irreversíveis, sendo alguns, ainda em início, possivelmente diminuídos com a ausência da nicotina.

A denominada compensação do fumante - apresen­tar a carteira de cigarros, retirá-la de coberturas de luxo, a postura exibicionista — cria dificuldade quando ele se resolve por abandonar o hábito. Naturalmente a falta do mentiroso prazer que está arraigado no seu comportamen­to, gera-lhe algumas perturbações, que se prolongarão en­quanto dura a intoxicação.

Uma postura psicológica deve ser levada em conta inicialmente: a maneira como se vai libertar, a fim de ser um ex-fumante e não alguém que deixou de fumar — uma forma de perda - desejando realmente alcançar o êxito, porquanto ele já sabe que deve parar, a fim de que real­mente deseje parar.

É necessário, desse modo, uma mudança de comportamento, na qual o paciente deve possuir uma clara percep­ção da sua ansiedade, aprendendo a superá-la, vencendo-a sem o uso do tabaco. Essa mudança propõe várias etapas, nas quais o paciente vai-se adaptando a cada uma delas, no curso do seu processo de cura, evitando criar outros hábi­tos, como o uso de caramelos e pastilhas, de substitutivos placebos...

O desejo real deve ser mantido pelo pensamento ra­dicado na lógica e no anelo de uma existência saudável, na qual os valores pessoais disponham-se a superar as dificul­dades do estágio em que se encontra.

A aplicação de tempo e de energia nessa mudança que deverá ser durável, não lhe deve permitir recidivas ex­perimentais de que apenas uma só vez será bastante para acalmar-se quando em aflição, desse modo, reiniciando o vício.

Só então começam a surgir as vantagens, os resul­tados bons da decisão, quando a mente apresenta-se mais clara, o organismo, mesmo em fase de eliminação dos tó­xicos, tem respostas melhores e mais rápidas, o sono faz-se mais tranqüilo e o bem-estar instala-se a pouco e pouco.

Conflitos Existenciais

O estímulo para ser um ex-fumante contribui para ganhos emocionais, e não perdas, alcançando um novo pa­tamar de vida, o estímulo de uma vitória sobre si mesmo, a alegria de haver conseguido o que muitos outros ainda não se resolveram por alcançar, facultando vantagens psicológi­cas compensadoras.

Simultaneamente, a ajuda psicoterapêutica de um especialista, a fim de acompanhar o procedimento que irá restituir a saúde e a paz, torna-se fator essencial para o êxito que se deseja conseguir...

Como corolário da decisão, o paciente deve buscar as Fontes Generosas da Espiritualidade, por intermédio da oração e da concentração, a fim de receber os fluxos de energia renovadora para a manutenção da estabilidade dos propósitos abraçados.

Mantendo a vigilância de que é um paciente em con­tínuo tratamento, cabe-lhe evitar qualquer possibilidade de cedência ao vício, não lhe aceitando os desafios subliminais que atingem a todos que se encontram nessa fase de transformação.






Divaldo Pereira Franco ditado pelo
Espírito Joanna de Ângelis





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