sábado, 31 de agosto de 2013

QUE SETEMBRO VENHA COM BONS VENTOS - Caio Fernando Abreu




COSTUME AFRICANO MUITO BONITO


Há uma tribo africana que tem um costume muito bonito.

Quando alguém faz algo prejudicial e errado, eles levam a pessoa para o centro da aldeia, e toda a tribo vem e o rodeia. Durante dois dias, eles vão dizer ao homem todas as coisas boas que ele já fez.

A tribo acredita que cada ser humano vem ao mundo como um ser bom, cada um de nós desejando segurança, amor, paz, felicidade.

Mas às vezes, na busca dessas coisas, as pessoas cometem erros. A comunidade enxerga aqueles erros como um grito de socorro.

Eles se unem então para erguê-lo, para reconectá-lo com sua verdadeira natureza, para lembrá-lo quem ele realmente é, até que ele se lembre totalmente da verdade da qual ele tinha se desconectado temporariamente:"Eu sou bom".

Fonte: Dharma Comics


TCHAU AGOSTO E QUE VENHA SETEMBRO!



quarta-feira, 28 de agosto de 2013

HOJE COMPLETA 50 ANOS DO DISCURSO HISTÓRICO DE MARTIN LUTHER KING - EU TENHO UM SONHO (na íntegra)





E eu também tenho vários sonhos ...
Linda homenagem a este ser humano 
extraordinário e humanista.
Roberta Carrilho


EU TENHO UM SONHO

28 de agosto de 1963 Washington, D.C.

Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração de Independência estavam assinando uma nota promissória de que todo norte americano seria herdeiro. Esta nota foi a promessa de que todos os homens, sim, homens negros assim como homens brancos, teriam garantidos os inalienáveis direitos à vida, liberdade e busca de felicidade.

Mas existe algo que preciso dizer à minha gente, que se encontra no cálido limiar que leva ao templo da Justiça. No processo de consecução de nosso legítimo lugar, precisamos não ser culpados de atos errados. Não procuremos satisfazer a nossa sede de liberdade bebendo na taça da amargura e do ódio. Precisamos conduzir nossa luta, para sempre, no alto plano da dignidade e da disciplina. Precisamos não permitir que nosso protesto criativo gere violência físicas. Muitas vezes, precisamos elevar-nos às majestosas alturas do encontro da força física com a força da alma; e a maravilhosa e nova combatividade que engolfou a comunidade negra não deve levar-nos à desconfiança de todas as pessoas brancas. Isto porque muitos de nossos irmãos brancos, como está evidenciado em sua presença hoje aqui, vieram a compreender que seu destino está ligado a nosso destino. E vieram a compreender que sua liberdade está inextricavelmente unida a nossa liberdade. Não podemos caminhar sozinhos. E quando caminhamos, precisamos assumir o compromisso de que sempre iremos adiante. Não podemos voltar.

Digo-lhes hoje, meus amigos, embora nos defrontemos com as dificuldades de hoje e de amanhã que eu ainda tenho um sonho. E um sonho profundamente enraizado no sonho norte americano. 

Eu tenho um sonho de que um dia, esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seus princípios: "Achamos que estas verdades são evidentes por elas mesmas, que todos os homens são criados iguais". 

Eu tenho um sonho de que, um dia, nas rubras colinas da Geórgia, os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos senhores de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade. 

Eu tenho um sonho de que, um dia, até mesmo o estado de Mississipi, um estado sufocado pelo calor da injustiça, será transformado num oásis de liberdade e justiça. 

Eu tenho um sonho de que meus quatro filhinhos, um dia, viverão numa nação onde não serão julgados pela cor de sua pele e sim pelo conteúdo de seu caráter.

Quando deixarmos soar a liberdade, quando a deixarmos soar em cada povoação e em cada lugarejo, em cada estado e em cada cidade, poderemos acelerar o advento daquele dia em que todos os filhos de Deus, homens negros e homens brancos, judeus e cristãos, protestantes e católicos, poderão dar-se as mãos e cantar com as palavras do antigo espiritual negro: " Livres, enfim. Livres, enfim. Agradecemos a Deus, todo poderoso, somos livres, enfim,

O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.

Se um homem não descobriu nada pelo qual morreria, não está pronto para viver.

O perdão é um catalisador que cria a ambiência necessária para uma nova partida, para um reinício.

No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos.

Pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios.

É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar.
É melhor tentar, ainda que em vão que sentar-se, fazendo nada até o final.

Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa me esconder.

Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver.

Se soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira.

O que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos.Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos.

O que vale não é o quanto se vive...mas como se vive.

Nós não podemos nos concentrar somente na negatividade da guerra, mas também na positividade da paz.

Nós não somos o que gostaríamos de ser.
Nós não somos o que ainda iremos ser.
Mas, graças a Deus,
Não somos mais quem nós éramos.

Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo.

Saiba que seu destino é traçado pelos seus próprios pensamentos, e não por alguma força que venha de fora. O seu pensamento é a planta concebida por um arquiteto para construir um edifício denominado prosperidade. Você deve tornar o seu pensamento mais elevado, mais belo e mais próspero.

Cada dia é o dia do julgamento, e nós, com nossos atos e nossas palavras, com nosso silêncio e nossa voz, vamos escrevendo continuamente o livro da vida. A luz veio ao mundo e cada um de nós deve decidir se quer caminhar na luz do altruísmo construtivo ou nas trevas do egoísmo. Portanto, a mais urgente pergunta a ser feita nesta vida é: 'O que fiz hoje pelos outros?

O comunismo existe hoje por que o cristianismo não está sendo suficientemente cristão.

Mesmo as noites totalmente sem estrelas podem anunciar a aurora de uma grande realização.

Aprendemos a voar como os pássaros, a nadar como os peixes; mas não aprendemos a simples arte de vivermos junto como irmãos.

Quando os nossos dias se tornarem obscurecidos por nuvens negras e baixas, quando as nossas noites forem mais negras do que mil noites. Lembremo-nos, que no universo a um grande e benigno poder , que e capaz de abrir caminho onde não há caminho, e de transformar o ontem sombrio num luminoso amanhã

O que afeta diretamente uma pessoa, afeta a todos indiretamente.

Enfrentaremos a força física com a nossa força moral.

"Eu também sou vítima de sonhos adiados, 
de esperanças dilaceradas, mas, apesar disso, 
eu ainda tenho um sonho, porque a gente não 
pode desistir da vida."

"O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons.

A covardia coloca a questão: 'É seguro?'
O comodismo coloca a questão: 'É popular?'
A etiqueta coloca a questão: 'é elegante?'
Mas a consciência coloca a questão, 'É correto?'
E chega uma altura em que temos de tomar uma posição que não é segura, não é elegante, não é popular, mas o temos de fazer porque a nossa consciência nos diz que é essa a atitude correta.
Martin Luther King

complementando ... 

Aniversário

Economia deve marcar fala de Obama em evento sobre Martin Luther King

Primeiro presidente negro dos EUA vai discursar no mesmo local em que pastor fez o histórico pronunciamento "Eu tenho um sonho...", há cinquenta anos

O pastor Martin Luther King, líder da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, numa das manifestações em Washington

O pastor Martin Luther King, durante o célebre discurso em Washington (AFP PHOTO/FILES)
Em meio a questões delicadas, como a crise na Síria e o vazamento de informações secretas sobre operações de espionagem, Barack Obama reservará uma parte de sua agenda nesta quarta-feira para discursar em frente ao Memorial de Lincoln, em Washington, no evento dos 50 anos do célebre discurso “Eu tenho um sonho...”, do pastor Martin Luther King Jr. Na condição de primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos, Obama deverá fazer um discurso calcado na economia. Na homenagem a Luther King, o democrata estará acompanhado dos ex-presidentes Jimmy Carter e Bill Clinton.
Obama já abordou a questão nos últimos dias. Na Universidade Binghamton, em Vestal Nova York, o presidente disse que o legado de discriminação nos EUA é uma desigualdade persistente entre negros e brancos. Acrescentou que a busca por igualdade hoje atinge também hispânicos, imigrantes, gays e outras minorias que cada vez mais têm peso no eleitorado americano. Em uma entrevista a um programa americano no início desta semana, lembrou que o discurso do pacifista, em 28 de agosto de 1963, também foi sobre empregos e justiça e que, quando se fala em economia, os Estados Unidos “não conseguiram mesmo progresso visto nas áreas civil e social”.
“King e Obama, nascidos com 32 anos de diferença, aprenderam que um líder afro-americano precisa ligar à questão da igualdade racial a causa mais ampla da justiça econômica, que inclui brancos, classe média e trabalhadores para evitar o fracasso, a revolta e a marginalização”, analisou o site americano Politico. “Para Obama, a economia é uma forma segura de falar sobre raça”, disse ao site o historiador Taylor Branch, autor de uma série sobre o movimento de direitos civis no período Martin Luther King.
O texto afirma ainda que Obama tem se mostrado mais à vontade para falar de questões raciais de um ponto de vista pessoal agora que não terá mais uma corrida eleitoral pela frente. Pode até ser, mas os objetivos políticos estão presentes, como no pronunciamento feito no mês passado sobre a morte do jovem negro Trayvon Martin. Em sua fala, Obama fez referência a experiências pessoais de discriminação e falou em um “histórico de disparidades raciais na aplicação das leis” nos EUA. Ele falou dias depois da absolvição do vigia comunitário George Zimmerman, em um julgamento legítimo realizado na Flórida.
Obama já havia citado Martin Luther King em seu discurso de posse, no dia 21 de janeiro, feriado nacional em homenagem ao líder negro. Desta vez, ele deverá ligar as esperanças do pacifista com conquistas de seu governo e com objetivos de seu segundo mandato, que inclui questões complicadas, como a reforma imigratória, a taxação maior para os mais ricos, a redução dos custos do ensino superior para os estudantes.
Será uma oportunidade para o democrata apresentar uma agenda positiva, diante dos escândalos que marcam esse início de segundo mandato, um leque que vai da manipulação de informações sobre a ameaça terrorista na Líbia – onde um ataque ao consulado em Bengasi deixou quatro funcionários americanos mortos – à perseguição do Fisco a opositores do governo, passando pela perseguição a jornalistas e a divulgação de informações sobre o abrangente esquema de vigilância de cidadãos pelos Estados Unidos.
Saiba mais:


Evento – Há cinquenta anos, 250 000 pessoas foram a Washington acompanharam as palavras de King e de outros oradores que falaram sobre a situação racial e social do país. Milhões de outras pessoas acompanharam o evento pela televisão. King, então com 34 anos, foi o último a faltar naquele dia. Seu discurso, distante da visão revanchista de outros ativistas da época e carregado com um forte tom cristão – que havia sido aperfeiçoado em púlpitos de igrejas batistas do sul dos EUA – pedia conciliação, esperança e, sobretudo, justiça. 
Incluía algumas das frases que ficaram gravadas na história: "Eu tenho um sonho de que um dia esta nação se levantará e tornará real o verdadeiro significado de seus princípios: 'acreditamos que estas verdades são evidentes: que todos os homens são criados iguais'". E ainda: “tenho um sonho de que meus quatro filhos viverão um dia em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo teor de seu caráter”.
No ano seguinte ao discurso, 1964, a segregação oficial em escolas e locais públicos nos EUA foi finalmente banida com a aprovação do Ato dos Direitos Civis, que havia sido enviado pelo presidente John Kennedy ao Congresso ainda em 1963, a culminação de mais de uma década de luta por igualdade. 
A contribuição de King foi reconhecida no mesmo ano, quando ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz – aos 35 anos, King tornou-se o mais jovem a receber o prêmio. Quatro anos depois, ele seria assassinado. 
Os negros representam 14,2% da população dos Estados Unidos. Entre eles, o desemprego chegou a 12,6%, em julho, o dobro da média nacional. Já a renda média de uma família negra equivale a dois terços da renda geral. O nível de pobreza dos negros, apesar de ter caído nos últimos 50 anos, passando de 41,8% para 27,6%, continua sendo muito maior do que a média geral, que é de aproximadamente 15%. 


terça-feira, 27 de agosto de 2013

LUTO - DR. RUBENS LUIZ SARTORI

Foto by Mariana Pereira - último sábado dia 24 de agosto de 2013.

Hoje é um dia muito triste para mim...

Meu querido amigo Dr. Rubens foi para o Plano Espiritual no último domingo dia 25/08/13 e fiquei sabendo hoje pela sua filha, Cláudia Sartori. Meu coração está em luto.


Quero que saiba onde estiver amigo que sentirei falta de ti. Você é um ser iluminado de Deus! Humanista e sensível para as causas sociais. Poeta e Piadista! Estudioso e Brincalhão! Sentirei falta das nossas prosas. Tínhamos muitas afinidades e ideologias. Você estará sempre em minhas mais doces lembranças. 


Um poema eu fiz para ti


Siga em frente!
Receba meu carinho de sempre!
Onde estiver saiba que me deixou descontente!
Desta sua ida tão precocemente!


E também receba minha singela prece...

Que Deus-Pai misericordioso e os amigos do Plano Superior possam lhe acolher querido amigo e dar o amparo nesta nova etapa da sua existência eterna. Sentirei saudades de ti! Fique em paz!!

Sua amiga de sempre e sempre
Roberta Carrilho




"Campo Mourão, com amor,
abrigou-me desde piá;
de açougueiro a Promotor.
Os meus ossos guardará"...

E assim foi feita a vontade de meu pai

Cláudia Sartori


POETA DO FÓRUM - Rubens Luiz Sartori (promotor aposentado) 


http://robertacarrilho-div.blogspot.com.br/2011/11/poeta-do-forum-rubens-luiz-satori.html?showComment=1377629276023#c545762197918642335


AGRADECIMENTO DO PROMOTOR RUBENS LUIZ SARTORI - Poeta do Fórum





Rubens Luiz Sartori - 1953 - 2013



O promotor aposentado, advogado, professor e comentarista político e esportivo, Rubens Luiz Sartori, 59 anos, morreu pouco depois das 19h de domingo (25). Ele se recuperava em casa de um AVC (Acidente Vascular Cerebral).


Momentos de sua vida política


Uma das paixões de Rubens Sartori, foi a política. Desde jovem se destacava nos Grêmios Estudantis. Em 1974, com apenas 20 anos, ele já aparecia nos palanques do “velho MDB” ao lado de políticos importantes do partido. Foi um dos fundadores do MDB em Campo Mourão.

Na eleição de 1976, Sartori saiu como vice de Luiz Gonzaga de Oliveira. Aquele pleito foi vencido por Augustinho Vecchi.



à direita, ao lado do radialista Anísio Morais

Outras paixões de Sartori era pescar e participar dos programas de rádio fazendo comentários políticos e de futebol. No esporte acabou ganhando o apelido de “Doutor da Bola”. Não dispensava uma prosa com chimarrão e cultuava as tradições gaúchas.

No centro da foto, Sartori comentava futsal pela Rádio Rural AM, ao lado de Luizinho F. Lima, Gerson Maciel, Carlos Roberto Soares e Luiz Claudio Vieira de Moura

Rubens Luiz Sartori foi diretor da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão. A instituição suspendeu as atividades administrativas e acadêmicas nesta segunda-feira (26) e decretou luto por 3 dias.

Natural de Santa Catarina, Sartori morava em Campo Mourão desde os 4 anos. Advogado, formado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), foi professor na Unespar/Fecilcam em 1977 quando a instituição era chamada de Facilcam. 

Esteve à frente da direção entre 2001 e 2005. Antes disso, respondeu como vice-diretor entre 1997 e 2001.

Em sua trajetória acumula a participação na fundação da União Mourãoense de Estudantes Secundários (UMES), e da Academia Mourãoense de Letras entidade na qual foi o primeiro presidente.

Fonte: Baú do Luizinho


Mourãoenses renderam últimas homenagens ao doutor Rubens Sartoripublicado em: 26/08/2013 - 20:36h






segunda-feira, 26 de agosto de 2013

TRISTEZA FAZ BEM - Revista Super Interessante - por Mariana Sgarioni

Eu não tenho dúvidas que o 'Grande' e 'Imortal' Vinicius de Moraes era um maníaco-depressivo. Ele era maravilhoso na sua tristeza. Eu amo todas suas lindas, sensíveis composições e poemas. No mês de outubro será comemorado o centenário de Vinicius de Moraes, que nasceu no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913. Amo este poetinha!!!

Ser ou Estar em depressão é um estado de alma e não é uma doença contagiosa. Pelo contrário aí que essas pessoas sensíveis precisam de apoio e acolhida. Só os sensíveis entram em depressão! O contrário nunca vi... Roberta Carrilho





Ninguém consegue ser feliz 24 horas por dia. Estar triste é chato, sim, mas ajuda no equilíbrio da mente e do corpo. O segredo é saber reagir aos momentos debaixo-astral até mesmo para ser alguém mais feliz

É bem melhor ser alegre do que ser triste, já dizia Vinícius de Moraes. Sem dúvida. O poetinha ia mais longe, entoando em rima e prosa que tristeza não tem fim. Já a felicidade, sim. Até hoje, muita gente chora ao ouvir esses versos porque tocam num ponto nevrálgico da vida humana: os sentimentos. E quando tais sentimentos provocam algum tipo de dor, fica difícil esquecer – e ainda mais suportar. A tristeza, uma das piores sensações da nossa existência, funciona mais ou menos assim: parece bonita apenas nas músicas. Na vida real, ninguém gosta, ninguém quer.

Pois bem, caro leitor, está na hora de rever seus conceitos. Você já deve ter percebido que a tristeza faz parte da vida, então o jeito é aprender a lidar com ela. Quem já experimentou a sensação de felicidade, certamente, já ficou triste também – até porque uma não existe sem a outra. Por isso, em vez de ficar se lamentando, a partir de agora você vai descobrir que o estado de melancolia tem seu lado bom, podendo até ser produtivo em muitos casos.

Por que ficamos tristes?

Tristeza é um sentimento que responde a estímulos internos, como recordações, memórias, vivências; ou externos, como a perda de um emprego ou de um amor. Não se trata de uma emoção, que é uma resposta imediata a um estímulo. No caso da tristeza, nosso organismo elabora a sensação e amadurece-a antes de manifestar. É uma resposta natural a situações de perda ou de frustrações, em que são liberados hormônios cerebrais, chamados neuromônios, responsáveis pela angústia, melancolia ou coração apertado.

Como ninguém recebe somente notícias boas o dia todo, não há como fugir do estado de tristeza. O que dá para mexer é no significado dos estímulos e assim fazer com que ela apareça em menor grau de intensidade. “A tristeza é uma resposta que faz parte da nossa forma de ser e estar no mundo. Passamos o dia flutuando entre pólos de alegria e infelicidade”, afirma o médico psiquiatra Ricardo Moreno, coordenador do Grupo de Doenças Afetivas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Se passamos o dia entre esses pólos de flutuação, é bom não levar tão a sério os comerciais de margarina em que a família é linda, perfeita, alegre e até os cachorros parecem sorrir o tempo inteiro. Não apenas na televisão, mas vivemos uma época em que a felicidade constante é praticamente um dever de todos. O físico, matemático e filósofo francês Blaise Pascal é autor de algumas das mais famosas reflexões sobre o tema. “A felicidade é o motivo de todas as ações de todos os homens, inclusive dos que vão se enforcar”, escreveu no século 17. O desejo desenfreado de querer ser feliz ganhou até status de direito social a partir do movimento iluminista, no século 18, cuja filosofia influenciou a Revolução Francesa e a independência dos Estados Unidos. Na Constituição americana, a busca da felicidade é assegurada como um “direito inalienável” dos cidadãos. “Quando passo por momentos de melancolia sem saber o porquê, me sinto até culpado. Afinal, como um sujeito bem-sucedido profissionalmente, com namorada e uma família linda, poderia se sentir triste?”, diz o analista de sistemas Guilherme Azevedo,de 26 anos.

Felicidade tirana

É fato: a obrigação de ser feliz o tempo todo está virando uma obsessão a ponto de causar angústia. “A felicidade é efêmera por definição. Por isso, as pessoas que só pensam nela sofrem muito mais e se distanciam das pequenas alegrias da vida”, afirma o escritor francês Pascal Bruckner, autor do livro A Euforia Perpétua (Bertrand Brasil, 2002), no qual critica o que chama de “tirania da felicidade”. “Hoje em dia, sofre-se também por não querer sofrer, do mesmo modo que se pode adoecer de tanto procurar a saúde perfeita.” Não é à toa que os antidepressivos são um sucesso arrebatador nas farmácias. Para se ter uma idéia, em 2000, o Prozac, propagado como a “pílula da felicidade”, rendeu 2,6 bilhões de dólares aos cofres do laboratório fabricante. “É bom lembrar que essas drogas não fazem efeito em pessoas normais, ou seja, em quem não sofre de depressão. As substâncias antidepressivas não são necessariamente estimulantes”, diz o psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo.

Evitar a tristeza vem sendo um ideal tão perseguido que está chamando a atenção de pesquisadores do mundo todo. A conclusão: estar infeliz é mais do que natural, é necessário à condição humana. Segundo o psicólogo americano Martin Seligman, da Universidade da Pensilvânia, a tristeza é um dos raros momentos que nos permite reflexão, uma volta para nós mesmos, uma possibilidade de nos conhecer melhor, de saber o que queremos, do que gostamos. E somente com essa clareza de dados é que podemos buscar as atividades que nos dão prazer, isto é, que nos fazem felizes.

Ferreira-Santos concorda. “A tristeza com relação a algum fato nos leva a pensar sobre ele. Pensamos em soluções, ou seja, trata-se de um mecanismo psíquico que nos dá condições de reflexão sobre nós mesmos e até mesmo para evitar a repetição do erro.” Assim como a dor e o medo, a tristeza nos ajuda a sobreviver. Sim, porque se não sentíssemos medo, poderíamos nos atirar de um penhasco. E se não tivéssemos dor, como o organismo poderia nos avisar que algo não vai bem?

Insatisfação passageira

O pesquisador americano Robert Wright acredita que a tristeza tenha sua participação até mesmo no processo evolutivo. “Se a alegria que vem após o sexo não terminasse nunca, os animais copulariam apenas uma vez na vida”, diz Wright. Para ele, a felicidade é propositadamente projetada para escapar – e dessa forma corremos atrás daquela maravilhosa sensação que sentimos anteriormente. Um estudo feito em 1978 com ganhadores da loteria mostra o caráter momentâneo da felicidade: os sortudos tiveram picos de alegria logo após a premiação, mas tenderam a voltar aos níveis anteriores pouco tempo depois. O inverso é verdadeiro. No mesmo estudo, pessoas que ficaram paraplégicas em acidentes recuperaram seus níveis de felicidade dois meses depois. Ou seja: a tristeza, quando é um sentimento saudável e natural da vida, tem fim. Se não passar, aí é bom se preocupar, pois pode virar depressão, doença que afeta cerca de 20% da população mundial.

“Mas tem muita gente que confunde as coisas, diz que está deprimido porque perdeu o emprego ou brigou com a namorada. Isso não é depressão, é tristeza. Depressão é uma síndrome e nunca vem isolada”, afirma o psiquiatra Ricardo Moreno. Foi o que aconteceu com a administradora de empresas Patrícia Menziane, de 25 anos. “Depois de perder um bebê, me senti muito mal. As pessoas me cobravam uma volta por cima, me incentivavam a sorrir, mas não dava. Demorou para descobrir que eu não era infeliz, apenas estava infeliz”, conta.

Um dos pilares do budismo é a impermanência, segundo a qual tudo é transitório, em constante mudança. Para Dalai Lama, se as coisas podem ficar ruins de um momento para outro, as ruins também podem ficar boas rapidamente. O ideal é aprender os recados da tristeza enquanto ela não vai embora.

Impulso criativo

Alguns artistas e intelectuais viveram o auge da produção nos momentos de melancolia

O que seria da música se seus compositores não tivessem passado por terríveis dores-de-cotovelo? Provavelmente, não existiriam os mais belos sambas, valsas, tangos, chorinhos e afins que tanto fazem bem aos nossos ouvidos. E essa constatação vale também para outras formas de expressão artística.

O compositor alemão Ludwig van Beethoven redigiu a maior parte de suas sinfonias, incluindo a “Nona”, em momentos de profunda tristeza – acredita-se que o sentimento era alimentado pela sua precoce surdez e por três amores impossíveis. Outro clássico alemão, Franz Schubert, um melancólico de carteirinha, compôs em 1822 a maravilhosa “Oitava Sinfonia”, obra tão angustiada que ficou inacabada.

Na literatura, o poeta português Fernando Pessoa escreveu a maioria de seus textos quando se sentia ensimesmado – prova disso é que assumia diversas personalidades literárias.Um estudo da Harvard Medical School, de Boston, publicado em 2003, examinou a criatividade de 17 pacientes com depressão e concluiu que eles tiveram um melhor desempenho criativo do que pessoas sem histórico de doenças psíquicas. Isso indica que até mesmo a tristeza que se torna patológica pode ter lá sua serventia.

Fique atento

Ao contrário da tristeza natural, a depressão é uma doença séria que exige ajuda médica. Veja alguns sintomas da depressão

• Melancolia profunda e incessante por mais de 15 dias consecutivos.
• O sentimento é incapacitante, ou seja, impede ou dificulta a execução das atividades normais.
• Perda de interesse em atividades que antes davam prazer, incluindo sexo.
• Dificuldade de raciocínio e concentração.
• Irritabilidade e ansiedade.
• Fadiga constante e perda de energia.
• Alterações nos hábitos de sono, como excesso de sonolência ou insônia.
• Pensamentos freqüentes sobre morte e suicídio.
• Mudanças no apetite.• Tendência ao isolamento.

por Texto Mariana Sgarioni


A depressão, por Vinicius de Moraes



Daqui a algumas semanas será comemorado o centenário de uma das figuras mais importantes do nosso cancioneiro, Vinicius de Moraes, que nasceu no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913. Desnecessário falar de sua importância para a cultura brasileira, especialmente no que diz respeito ao surgimento da Bossa Nova, nos anos 50.

Mas entre tantas coisas que Vinicius produziu, quero destacar uma pequena poesia, que travei contato pela primeira vez ao ler o livro “Para Viver Um Grande Amor”, que comprei quando ainda estava na Faculdade de Medicina (e edição original é de 1962). Entre os textos de crônicas e poesias que constam no livro, a poesia chamada “Dialética” me marcou muito:



Dialética

É claro que a vida é boa 

E a alegria, a única indizível emoção 

É claro que te acho linda 

Em ti bendigo o amor das coisas simples 

É claro que te amo 
E tenho tudo para ser feliz 


Mas acontece que eu sou triste...


Não quero fazer uma análise estrutural do poema, composto de versos brancos e livres, quero apenas dizer que em sua aparente simplicidade formal, Vinicius de Moraes descreve nesse poema o sentimento exato de uma pessoa com depressão.

Vejam que o eu-poético insiste em deixar bem evidente, através da repetição do “É claro”, que tem muitas razões para ser uma pessoa contente. No entanto, ele nos diz na última frase que, muito pelo contrário, é uma pessoa triste. Essa contradição, revelada pelo título “Dialética”, que quer dizer uma contraposição de ideias, está presente nos pacientes que sofrem de transtorno depressivo. É justamente por isso que a depressão é uma doença (mas muitas pessoas não pensam assim), porque ela deixa o seu humor rebaixado, porque o faz chorar e se sentir sem ânimo para nada quando tudo que lhe acontece na vida só deveria fazê-lo feliz ou, no mínimo, satisfeito com a vida que leva. Muitas pessoas que sofrem com depressão passam muito tempo tentando achar uma explicação para o sentimento de tristeza que lhes aflige, não admitindo que esse sentimento não possa ter explicação, ou melhor, não admitem que a explicação seja uma doença!

Do livro “Para Viver Um Grande Amor”, entre tantas coisas belas, esse foi o texto que mais me chamou a atenção. Acho que eu nem pensava em ser psiquiatra quando o li pela primeira vez. É possível que a as contradições e riquezas de emoções da alma humana que emanam desse pequeno poema de Vinicius e que li na faculdade me tenham feito enveredar pelos caminhos da mente e da Psiquiatria.

Saravá!

Postado por Dr. Deyvis Rocha // 2 de novembro de 2012 

Eu não existo sem você
Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você
Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você
Vinícius de Moraes

Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos... 


Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre... 

Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados... 

Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo... 

Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida! 

A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos... 
Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo... 
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... 
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores... mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!
Vinícius de Moraes

Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinícius de Moraes



Se eu morrer antes de você, faça-me um favor. Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam. Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles. Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase: ' Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus!' Aí, então derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxuga-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele. Você acredita nessas coisas? Sim??? Então ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Eu não vou estranhar o céu . . . Sabe porque?
Porque... Ser seu amigo já é um pedaço dele!
Vinícius de Moraes



À FRENTE DO DESESPERO - Joanna de Ângelis





Dias há nos quais tens a impressão de que mesmo a luz do sol parece débil, sem que consiga fulgir nos panoramas do teu caminho. Tudo são inquietações e ansiedades que pareciam vencidas e que retornam como fantasmas ameaçadoras, gerando clima de sofrimento interior. 

Nessas ocasiões, tudo corre mal. Acontecem insucessos imprevistos e contrariedades surgem de muitas situações que se amontoam, transformando-se em óbice cruel de difícil transposição. 

Surgem aflições em família que navegava em águas de paz, repontam problemas de conjuntura grave em amigos que te buscam socorros imediatos e, como se não bastassem, a enfermidade chega e se assenhoreia da frágil esperança que, então, se faz fugidia. 

Nessa roda-viva, gritas interiormente por paz e sentes indescritível necessidade de repouso. A morte se te afigura uma bênção capaz de liberar-te de tantas dores!... 

Refaze, porém, a observação. 

Tudo são testemunhos necessários à fortaleza espiritual, indispensáveis à fixação dos valores transcendentes. 

Não fora isso, porém, todas essas abençoadas oportunidades de resgate, e a vida calma amolentaria o teu caráter, conspirando contra a paz porvindoura, por adiar o instante em que ela se instalaria no teu imo. 

Quando tudo corre bem em volta de nós e de referência a nós não nos dói a dor alheia nem nos aflige a aflição do próximo. Perdemos a percepção para as coisas sutis da vida espiritual, a mais importante, e desse modo nos desviamos da rota redentora. 

Não te agastes, pois, com os acontecimentos afligentes que independem de ti. 

A família segue adiante, o amor muda de domicílio, a doença desaparece, a contrariedade se dilui, a agressão desiste, a inquietude se acalma se souberes permanecer sereno ante toda dor que te chegue, enquanto no círculo de fé sublimas aspirações e retificas conceitos. 

Continua fiel no posto, operário anônimo do bem de todos, e espera. 

Os ingratos que se acreditaram capazes de te esquecer lembrar-se-ão e possivelmente volverão: os amigos que te deixaram, os amores que te não corresponderam, aqueles que te não quiseram compreender, quantos zombaram da tua fraqueza e ridicularizaram tua dor envolta nos tecidos da humildade, os que investiram contra os teu anelos voltarão, tornarão sim, pois ninguém atinge a plenitude da montanha sem a vitória pelo vale que necessita vencido. 

Tem calma! Silencia a revolta! 

Refugia-te na palavra clarificadora do Evangelho Consolador e enxuga tuas lágrimas com as suas lições. Dos seus textos extrai o licor da vitalidade e tece com as mãos da esperança a grinalda da paz para o coração lanhado e sofrido. Se conseguires afogar todas as penas na oração de refazimento, sairás do colóquio da prece restaurado, e descobrirás que, apesar de tudo acontecer em dias que tais, Jesus luze intimamente nas províncias do teu espírito. Poderás, então, confiar e seguir firme, certo da perene vitória do amor. 

Espírito Joanna de Ângelis 


MAS EU QUERO VOCÊ





Autoria desconhecida - infelizmente!
Fantástico num é assim que acontece muitas vezes?
Linguagem desta nova geração 'z' é interessante! 
"Cara!" (sentido de você- risos!)
Roberta Carrilho


25 FOTOS QUE VÃO FAZER VOCÊ ACREDITAR NO AMOR VERDADEIRO


Bom Dia para todos!
Uma boa notícia ... 


Buzzfeed fez uma seleção para lá de linda. São as 25 fotos cheias de carinho, que fazem qualquer um acreditar no amor em suas mais variadas versões. Confira:

1. O pedido de casamento surpresa de Daniel.
2. Ahmad e Fatima, um casal que, apesar de Ahmad não ter braços e Fatima não ter pernas, cuidam um do outro.
3. O homem que está ensinando sua namorada o alfabeto após ela perder sua memória.
4. Os pais que tatuaram bombas de insulina para seu filho diabético não se sentir “diferente”.
5. O momento em que o primeiro e mais legal casal gay registrou sua união em Washington.
6. A reunião de um soldado e seu namorado após o retorno de uma missão.
7. Este rapaz pendurado na janela de um trem, despedindo-se de sua mulher em 1950.
8. Este homem tentando encontrar um doador de rim para sua esposa.
9. A rainha Elizabeth II e o príncipe Philip em seus 66 anos de casamento.
10. Louis Armstrong tocando para sua mulher em Giza, 1961.
11. A história do casal que manteve-se juntos contra todas adversidades.
12. Estes noivos vendo suas futuras esposas pela primeira vez.
13. O casal que morreu no hospital com uma hora diferença entre os dois, após 72 anos de casados.
14. Este pedido de casamento surpresa na escola antiga do casal.
15. Phyllis Siegel, 76, e Connie Kopelov, 84, que se tornaram o primeiro casal gay a se casar em New York.
16. Esta notinha do pai de Nate.
"Nate, eu escutei sua conversa com Mike na noite passada sobre seus planos de se assumir gay. A única coisa que você precisa planejar é trazê-lo para jantarmos após a aula. Estamos assumindo, como você. Eu sei que você é gay desde que você tem seis anos. Eu amo você desde que você nasceu. PS: sua mãe e eu achamos que você e Mike são um casal bonito!"
17. Todas essas fotos.
18. Este homem lembrando de sua mulher.
19. Este casal que sobreviveu aos tempos de escola.
20. Esta notinha de uma garota para seu veterinário.
"Bryant, obrigado por consertar meu cachorro; eu o amo mesmo com três pernas"
21. Este casal que deixou suas roupas de casamento juntinhas.
22. A mulher cujo marido já faleceu, mas ela ainda almoça com ele todos os dias.
23. Este homem que nada com seu cachorro para aliviar suas dores.
24. Este casal que está há 60 anos juntos.
25. E, é claro, esta foto.
"Eu tenho estes nuggets. Agora tudo o que eu preciso é você.”

Na definição do Dictionnaire de la Psychanalyse, de Roland Chemama, no verbete amour (références Larousse), o amor é um "sentimento de afeição de um ser por outro, às vezes profundo, violento mesmo, mas sobre o qual a análise mostra que pode estar marcado de ambivalência e, sobretudo, que não exclui o narcisismo".

O amor inspirou os poetas e os filósofos desde sempre, a própria Filosofia se intitulando como "amor da sabedoria".

O que está escrito n’O Banquete de Platão é : "é impossível a qualquer pessoa dar aquilo que não tem, nem ensinar aquilo que não sabe". O Banquete foi citado também por Freud nos textos: Três ensaios sobre a teoria da sexualidade e Além do princípio de prazer. No prefácio à quarta edição dos Três ensaios, Freud assinala que a nova dimensão dada ao conceito de sexualidade, na psicanálise, corresponde ao conceito de "Eros" do divino Platão.

Lacan toma O Banquete como base para desenvolver o seminário sobre a transferência. O Banquete se compõe de vários discursos sobre o amor, que Lacan nos orienta a ler como se fossem relatos de sessões de análise.

Numa versão que só se encontra em Platão, assim é descrito o mito do nascimento do Amor: Amor é filho de Poros (a Astúcia, a Riqueza) e de Penia (a Pobreza ou Miséria). Por ocasião do nascimento de Afrodite (aquela que nasceu dos órgãos castrados de Zeus, lançados ao mar), os deuses deram um banquete comemorativo, ao qual compareceu Poros. Durante a festa, Penia sentou-se do lado de fora, nas escadarias, para mendigar as sobras da mesa. Não entrou, porque não tinha nenhum presente a oferecer. Acontece que Poros se embriagou, saiu para o jardim, e Penia se fez engravidar por ele, enquanto estava adormecido. Nasceu Amor, de um masculino passivo, desejável, e um feminino ativo, desejante.

O que ocorre entre o amante e o amado?

O que é amante? É aquele que, sentindo que algo lhe falta, mesmo sem saber o que seja, supõe em outro, o amado, algo que o completaria. O amado, por sua vez, sentindo-se escolhido, supõe que tem algo a dar, sem saber bem o quê. Mas, como o amado é também um ser falante e faltante, algo também lhe falta, como ao amante. Assim, o que ambos têm a dar é um nada, um vazio. E aquilo que o amado supõe ter para dar, não é o que falta ao amante.

O amante não sabe o que lhe falta, o amado não sabe o que tem, um não-saber que é do inconsciente.

Quanto ao amor, nada mais discordante, como diz Lacan: "basta que se esteja nele, basta amar, para ser presa desta hiância, dessa discórdia".

O amor é um significante, uma metáfora, uma substituição: "É na medida em que a função do Érastès, do amante, na medida em que é ele o sujeito da fala, vem no lugar, substitui a função do Éroménos, o objeto amado, que se produz a significação do amor".

No Seminário XI, sobre "Os quatro conceitos fundamentais da Psicanálise", Lacan é mais enfático, dizendo que "amar é querer ser amado", formulação bem próxima do conceito de amor narcísico em Freud. Sendo assim, no mesmo momento em que o amante constitui alguém como amado, transforma-o em seu amante, e vice-versa. Do lado do amante, está a posição ativa, que provoca automaticamente sua reversão em passividade. A metáfora do desejante aponta para a resposta à questão: "o que é desejado? É o desejante no outro". Isto é tão profundo e forte que, se fosse convocado um exército feito de amados e amantes, segundo Lacan, "seria um exército invencível, na medida em que o amado, para o amante, tanto quanto o amante para o amado, são eminentemente suscetíveis de representar a mais alta autoridade moral, aquela diante da qual não se cede, aquela diante da qual não se pode ser desonrado. Esta noção alcança, no seu ponto extremo, o amor como princípio do sacrifício último".

Mas, o paradoxo do amor ostenta seu lado fraco, um impasse e um problema, na medida em que "o sujeito não pode satisfazer a demanda do Outro senão rebaixando-o, fazendo deste Outro o objeto de seu desejo".

Mesmo assim, o amor é privilégio do ser falante. Os animais não amam porque não podem demandar a um outro que produza a metáfora do amor.

Por isto, se alguém responde à demanda de amor dando alguma coisa sem metaforizar, não está amando. É um engano, um logro. "Há, no rico, uma grande dificuldade de amar". Porque ele se apressa em responder à demanda, dando o que tem. Para Lacan, "dar o que se tem, isso é a festa, não é o amor". O rico, ao dar, quer se livrar do pedinte. Dar, para o rico, é o mesmo que recusar o amor. A má reputação dos ricos os dificulta de entrar no reino dos céus. Ali só entram os santos, os que, não tendo nada para dar, sendo pobres, podem amar verdadeiramente, estando aí sua riqueza.

Qual era o encantamento que levava Alcebíades a declarar amor a Sócrates? Ele mesmo o diz n’O Banquete: "Começarei dizendo que Sócrates é semelhante a esses silenos que se encontram nas oficinas dos estatuários;... quando se abrem estas estátuas, vê-se que no interior se aloja um deus". O que continham estas estátuas, ninguém sabe ao certo. Lacan sugere: ornamentos, enfeites, jóias, ex-votos, fetiches; eram sempre objetos preciosos e brilhantes, chamados de "Agalma", de onde Lacan extrai a letra "a" do "objeto a". São correlatos, na psicanálise, aos conceitos de objeto parcial, objeto do desejo, “objeto a”, falo. Tê-lo ou sê-lo, é a dialética que gira em tomo do falo, este "objeto privilegiado no campo do Outro". O homem não é sem tê-lo, e a mulher é sem tê-lo. "É na proporção de uma certa renúncia ao falo que o sujeito entra na posse da pluralidade dos objetos que caracterizam o mundo humano".

E o analista? Este se coloca, inicialmente, na posição de amante, de demandante. Já que decidiu ser analista, este desejo lhe indicou que algo faltava. Faltava ser analista. Falta fundada no desejo de saber sobre o desejo do paciente, do amado. O analista pede, então, que o paciente lhe dê ou fale algo que ele, analista, não sabe o que é. O paciente, por sua vez, supondo que tem algo a dar, a dizer, o seu nãosaber sobre os sintomas, inverte a situação, passando a amante, agora na posição da atividade associativa. Esta gangorra do amanteamado, mestre-‘objeto a’, vai se substituindo. O paciente sabe que tem algo não-sabido, o analista sabe que seu saber é só suposto. Assim, cada um só tem a dar um nada. Isto é a transferência, dar o que não se tem, o verdadeiro amor. Diz Lacan: "Para que o analista possa ter aquilo que falta ao outro, é preciso que ele tenha a nesciência. É preciso que ele esteja sob o modo de ter, que ele não seja, ele também, sem tê-lo, que não falte nada para que ele seja tão nesciente quanto seu sujeito".

Daí a importância de que o analista não compreenda e não confie na sua compreensão. É bom até duvidar dela. Ele não tem que procurar, mas convém achar, justo onde não compreende e não espera encontrar. Pois, "é somente na medida em que, decerto, ele sabe o que é o desejo, mas não sabe o que esse sujeito, com quem embarcou na aventura analítica, deseja, que ele está em posição de ter em si, deste desejo, o objeto".

E se o analista sabe o que é o desejo, sabe-o pela própria experiência de se ter defrontado com o "objeto a", causa do desejo, em sua própria análise. Foi um processo de depuração de um desejo mais forte, uma mutação na economia de seu próprio desejo, que o transformou em desejante, habilitado a ocupar o lugar de desejado, lugar de causa do desejo.

Estão dadas assim as condições para que aconteça o verdadeiro amor, no dizer de Lacan: "A cela analítica, mesmo macia, não é nada menos que um leito de amor".

Duas pessoas se encontram, com determinada frequência, durante meses, durante anos, numa salinha trancada, onde passam horas a sós, falando do que há de mais íntimo, pessoal, secreto, sofrido, magoado, esperançoso, feliz, alegre, todas as fantasias à solta, nenhum risco de julgamento ou censura. Sem falsas promessas, dizem-se coisas que a ninguém mais é dado ouvir, nem aos pais, irmãos, parentes, amigos, namorados, amantes, parceiros, colegas; coisas que, se não fossem ditas ali, nunca mais seriam proferidas pelo resto da vida, e isso, diante de alguém total e incondicionalmente disponível a escutar, sem limites. Então, isto não é o grande e verdadeiro amor? Aquele que dá o que não tem?

Freud se interrogava se o amor de transferência era verdadeiro ou falso. Admitiu até que era verdadeiro, mas com a pessoa errada. O erro sobre a pessoa aconteceu também n’O Banquete. Quando Alcebíades tomou a palavra para proferir seu discurso sobre o amor, dirigiu-se a Sócrates e, entre encômios ao amor, lhe fez os mais rasgados elogios. Sócrates, contudo, numa interpretação psicanalítica, respondeu lhe: "todas as tuas palavras tendiam unicamente a suscitar inimizade entre mim e Agatão; crês que devo amar-te a ti e a ninguém mais; e que Agatão só deve ser amado por ti, e por mais ninguém. Nenhum de nós, porém, deixou de notar tua intenção".

Concluindo, uma citação da Direção da Cura: "Se o amor é dar o que não se tem, é bem verdade que o sujeito pode esperar que se lho dê, já que o psicanalista não tem nada mais a lhe dar. Mas, mesmo este nada, ele não lho dá, e é melhor assim: é por isto que, este nada, pagase a ele, e generosamente, de preferência, para mostrar que, se não fosse assim, isto não seria caro".

BIBLIOGRAFIA

CHEMAMA, R. Dictionnaire de Psychanalyse. Références Larousse.

FREUD, S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, E.S.B., vol. VII, Imago.

FREUD, S. Sobre a tendência universal à depreciação na esfera do amor, E.S,B., vol. XI, Imago.

FREUD, S. Sobre o Narcisismo: uma introdução. E,S.B., vol. XIV, Imago.

FREUD, S. Além do Princípio de Prazer, E,S.B. vol. XVIII, Imago.

LACAN, J. Écrits, La direction de la cure. Ed. du Seuil. LACAN, J. Seminário VIII: A Transferência, Jorge Zahar Ed.

LACAN, J. Seminário XI: Os quatro conceitos fundamentais da Psicanálise, Zahar Ed. LACAN, J. Seminário XX: Mais, ainda, Zahar Ed.

PLATÃO, Diálogos, Edições de Outro e Ed. Tecnoprint.

Obs. Este artigo foi publicado originalmente no livro Ideias de Lacan, de Oscar Cesarotto (org.), Iluminuras, São Paulo, 1995.