sábado, 19 de outubro de 2013

100 ANOS DE VINICIUS DE MORAES (19/10/13) - HOMENAGEM COMPLETA COM + 100 FOTOS, VÍDEOS, DOCUMENTOS, ÁUDIOS, ETC




O centenário do nascimento de Vinicius de Moraes é lembrado neste sábado (19). O poeta carioca nasceu no dia 19 de outubro, e morreu em 9 de julho de 1980, no Rio. Vinicius estudou Direito e lançou seu primeiro livro de poemas, "O caminho para a distância", nos anos 30. Em 1938, foi estudar língua e literatura inglesa na Universidade de Oxford. Ainda na Inglaterra, casou-se com Beatriz Azevedo de Melo. Voltou ao Brasil em 1939, devido ao início da Segunda Guerra Mundial. Já era reconhecido como poeta.
Em 1943, virou diplomata, e, três anos depois, foi para Los Angeles, nos EUA, como vice-cônsul. Serviu também em Paris, na França, e em Montevidéu, no Uruguai. Durante esse tempo, publicou várias obras e casou-se mais três vezes. No início dos anos 60, começou a compor em parceria com Carlos Lyra, Pixinguinha e Baden Powell. Também fez shows ao lado de Antônio Carlos Jobim e João Gilberto.

Em 1969, Vinicius foi exonerado do Ministério das Relações Exteriores pelo regime militar e se casou com Cristina Gurjão. No ano seguinte, casou-se com a atriz bahiana Gesse Gessy e iniciou sua parceria com Toquinho, com quem excursionou pelo Brasil e pela Europa. Durante a década de 70, fez vários shows e casou-se ainda mais duas vezes. Em 1979, sofreu um derrame, mas morreu no ano seguinte, aos 67 anos, de edema pulmonar, em sua casa, na companhia de Toquinho e da última mulher, Gilda Queirós Mattoso.
Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Toquinho e Miucha 
RTSI Televisione Svizzera (Show Completo Concert)





Uma entre muitas canções que mais gosto: Luz dos Olhos teus
 de Vinicis, Tom, Miucha, etc... 
I love too



FOTOS:



1910 - 1920







1920 - 1930







1930 - 1940









1940 - 1950


























1950 - 1960




















1950 - 1960



































































1960 - 1970









































1970 - 1980









































1980












DOCUMENTOS:


STELLAS - 1928



LOURA OU MORENA


29-01-1963



A MULHER QUE PASSA



DEDICATÓRIA



BOMBA ATÔMICA

CADERNO DE GUERRA



CARTA A MANUEL BANDEIRA




CARTA PARA PABLO NERUDA



CHEGA DE SAUDADE



GAROTA DE IPANEMA



HINO DA UNE






VIDEOS:








Termos ligados ao romantismo ("amor", "amar") e à dor causada pelo sentimento não correspondido ("chorar", "morrer", "sofrer"), referências à figura feminina ("mulher", "Maria", "Rosa") e predominância da primeira pessoa ("eu", "meu", "minha") estão entre os mais comuns. Na figura, as palavras mais usadas aparecem em tamanho proporcionalmente maior.

Outro termo comum mostra a parte do corpo mais citada pelo poeta em suas principais músicas: os olhos.

A figura foi formada a partir das 30 letras de músicas e poesias mais populares de Vinicius de Moraes no site Musica.com.br. "Garota de Ipanema", sua música mais conhecida, com Tom Jobim, é a mais buscada no site. Também fazem parte da "nuvem" as letras de "Pela luz dos olhos teus", "Aquarela" e o texto do "Soneto da fidelidade".











AÚDIO

“Vinicius – Poesia, música e paixão” é o mais completo documentário feito sobre Vinicius de Moraes. Foi produzido pela Rádio Cultura AM em 1993, por ocasião dos 80 anos do poeta e compositor, e volta a ficar acessível ao público duas décadas depois, para marcar o centenário (em 19 de outubro de 2013) de um dos mais importantes artistas brasileiros. O documentário vai ao ar numa parceria da Rádio Batuta (www.radiobatuta.com.br) com a Rádio Cultura Brasil (www.culturabrasil.com.br) e a VM Cultural, que representa a família de Vinicius. A série de 32 programas, cada um com quase uma hora de duração, tem roteiro, entrevistas e apresentação do jornalista João Máximo, um dos maiores conhecedores da história da música brasileira e biógrafo de Noel Rosa. Georgiana de Moraes, filha de Vinicius, participou da produção e das entrevistas. Há depoimentos de Tom Jobim, Chico Buarque, Baden Powell, Carlos Lyra, Edu Lobo, Francis Hime, Toquinho e vários outros artistas, além de irmãos do poeta e três das nove mulheres com quem ele se casou.







O TRAILER DE UMA VIDA

O primeiro programa é mesmo um trailer, em que João Máximo antecipa o que será a série. São fragmentos das entrevistas feitas com as ex-mulheres e com os parceiros musicas de Vinicius, inclusive Haroldo Tapajós, o primeiro da lista. Também se pode ouvir o poeta lendo dois de seus sonetos e, numa gravação, Carlos Drummond de Andrade exaltando o amigo. É o primeiro passo para se entrar nessa grande narrativa de uma vida.

AUTORRETRATO

João Máximo reúne neste programa informações sobre quem foi Vinicius, a começar pelas que o próprio deu, como num texto escrito em 1956 a pedido de João Condé, o criador dos “Arquivos implacáveis” – coluna na revista O Cruzeiro e atração na TV Tupi. “As coisas de que mais gosto: mulher, mulher e mulher”, afirmou, então. A diferença entre poesia e letra de música é o outro tema do episódio. Há depoimentos de Chico Buarque, Ferreira Gullar, Geraldo Carneiro e Tom Jobim, entre outros. Pode-se ouvir Vinicius recitar Soneto de separação e, em seguida, Tom cantar a versão musicada. Gravações de João Cabral de Melo Neto e Otto Lara Resende, além de um soneto escrito por Pablo Neruda para o amigo, também estão no programa.

NOSSO IRMÃO VINICIUS

A infância e a adolescência do poeta são contadas no programa por três irmãos de Vinicius: Lygia, Helius e Laetitia. A relação com os pais, as casas do Rio em que cresceu, os primeiros namoros e a perda da virgindade aparecem também nos poemas e nas canções selecionados por João Máximo.

O POETA E A LUA

Este programa mostra a presença das modinhas, das serestas na vida de Vinicius, desde a infância até os tempos de compositor consagrado. Sozinho ou com os seus parceiros (Baden Powell, Francis Hime, Jards Macalé e outros), ele criou várias canções à antiga, evocando a lua e outras típicas imagens seresteiras. Contendo músicas que se tornaram célebres, como Serenata do adeus, o episódio se encerra com Modinha, a villa-lobiana parceria com Tom Jobim, interpretada pelo próprio melodista.

O SENTIMENTO DO SUBLIME E A SAUDADE DO COTIDIANO

Os primeiros passos na poesia e na música são retratados minuciosamente no programa, cujo título combina nomes de dois volumes publicados por Vinicius reunindo livros anteriores. Ouve-se o próprio autor recitando versos que escreveu aos 6 anos, já para uma menina, e também a sua famosa Poética. Canções como Sem você (com Sylvia Telles), Canta, canta (com Tom Jobim), Canção do amanhecer (com Edu Lobo) e Por toda a minha vida (com Elis Regina) estão no repertório. A faculdade de Direito, a paixão pelo cinema e a atuação como censor cinematográfico também são abordados.

UM BARDO DA GÁVEA NA TERRA DE SHAKESPEARE

Vinicius ganhou uma bolsa para estudar em Oxford. Não chegou a ser feliz na universidade, mas se deslumbrou com os escritores britânicos e, sobretudo, com os sonetos de Shakeapeare. Ele se tornaria um dos mais importantes sonetistas brasileiros. Também na década de 1930, casou-se pela primeira vez. Beatriz, mais conhecida como Tati, lhe deu dois filhos, muitos anos de amor e novos pensamentos políticos, levando o poeta para a esquerda. O programa ainda aborda sua grande amizade com Jayme Ovalle, músico e figura marcante.

HOLLYWOOD E TODO AQUELE JAZZ

Vinicius passou no concurso do Itamaraty. Primeiro posto: Los Angeles. Ele se deliciou com o melhor da cultura norte-americana, conhecendo gigantes do jazz como Louis Armstrong e atuando como crítico de cinema, tendo acesso imediato às estreias de Hollywood (e sonhando com as estrelas das telas, Vivien Leigh, Marlene Dietrich e muitas outras). Também tornou-se frequentador da casa de Carmen Miranda. Ao voltar para o Brasil, estava fortemente influenciado pela experiência americana.

NOSSO HOMEM EM PARIS

Vinicius sofreu em Los Angeles a morte do pai, Clodoaldo, e o estremecimento do casamento com Tati. Em 1953, mudou-se para Paris casado com Lila Bôscoli, com quem teve mais dois filhos. Foram apresentados assim por Rubem Braga: “Vinicius de Moraes. Lila Bôscoli. E seja o que Deus que quiser”. Durou oito anos a relação. Na capital francesa, começou a nascer Orfeu da Conceição. Também é lembrada no episódio a amizade com Antonio Maria. O programa apresenta ainda uma versão deO operário em construção (poema escrito por Vinicius em 1956 e transformado em cantata por Radamés Gnattali) que era inédita em 1993, quando João Máximo realizou este grande documentário.

ORFEU SOBE O MORRO

A valsa que Vinicius compôs para os 15 anos de sua primogênita, Susana, virou aValsa de Eurídice, introdução de Orfeu da Conceição, a peça do poeta que se tornaria um divisor de águas em sua vida musical. Foi para compor com ele a trilha de Orfeuque, em 1956, por sugestão do jornalista Lúcio Rangel ("por que você não experimenta aquele cara ali?", indicou no bar Villarino, no Rio), Vinicius convidou o jovem Antonio Carlos Jobim, a quem conhecera três anos antes (na foto, Vinicius fala com sua mulher, Lila Bôscoli, entre Tom e Oscar Niemeyer, autor do cenário do espetáculo). Este programa conta, nas vozes de Tom e Vinicius, o início dessa parceria, além de mostrar outras canções importantes dos dois nos anos 1950, comoPoema dos olhos da amada (Paulo Soledade/Vinicius) e Se é por falta de adeus(Tom/Dolores Duran).

ORFEU SOBE AO PALCO

No segundo capítulo do documentário dedicado a Orfeu da Conceição, João Máximo, que viu a estreia do espetáculo em setembro de 1956 no Teatro Municipal do Rio, conta o impacto que teve sobre o público a peça de Vinicius de Moraes, com melodias de Tom Jobim, violão de Luiz Bonfá, cenário de Oscar Niemeyer e elenco todo negro (com o ator e pesquisador Haroldo Costa como Orfeu e o cantor Cyro Monteiro no papel de Apolo). As músicas feitas para a peça, como Se todos fossem iguais a você, são tocadas no episódio, mais um da parceria da Batuta com a Rádio Cultura.








    CANÇÃO DO AMOR DEMAIS

    Ao voltar ao Brasil após anos como diplomata no exterior, Vinicius ouviu, nas proximidades do porto de Santos, Canção de amor numa voz que ainda não conhecia. Era a de Elizeth Cardoso, para sempre associada pelo poeta àquele momento emocionante. Em 1958, ele teve a felicidade de ver Elizeth, a quem apelidou de Divina, gravando um disco apenas com músicas suas e de Tom Jobim:Canção do amor demais. O registro tornou-se histórico por também contar com o violão de João Gilberto em duas faixas, dando a partida na bossa nova. Do disco, podem ser ouvidas neste programa Janelas abertasModinha, Estrada branca, Medo de amar, Eu não existo sem você e, claro, Chega de saudade, dentre outras.

    POR TODA A MINHA VIDA

    Entre 1956 e 1959, Tom Jobim e Vinicius de Moraes trabalharam intensamente juntos, compondo dezenas de músicas. João Gilberto teve nelas matéria-prima fundamental para criar a bossa nova. Neste programa, ouve-se o João de voz empostada, do início dos anos 1950, e o João do final da mesma década, o de Brigas nunca mais, da dupla Tom/Vinicius. Depois de Canção do amor demais, um segundo disco dedicado à parceria seria feito, Por toda a minha vida. Como Elizeth Cardoso, Sylvia Telles e Maysa não foram liberadas por suas gravadoras, o selo Festa escolheu Lenita Bruno, mulher de Leo Peracchi, arranjador das 13 faixas. O bel-canto de Lenina não se casou perfeitamente com as músicas, mas ela teve o privilégio de lançar Eu sei que vou te amar. Também neste programa, pode-se ouvir Vinicius recitando o seu Balada da moça do Miramar.

    EM TEMPO DE BOSSA NOVA

    Vinicius de Moraes formou a trinca geradora da bossa nova com Tom Jobim e João Gilberto. Ao lado de Tom, fez as principais canções que viraram de cabeça para baixo a maneira de compor sambas (e outras bossas) no país: Chega de saudadeAmor em pazInsensatezEla é carioca etc. João, com sua voz e seu violão coesos e sem iguais, foi o intérprete que as consagrou como peças revolucionárias. Neste programa, João Máximo conta as origens desse som que todo mundo sabe o que é, mas ninguém, nem mesmo seus protagonistas, sabe definir: gênero? estilo? batida? Só é denominador comum que foi algo erguido por João, Tom e Vinicius. Ouvem-se aqui depoimentos dos dois últimos e também de Carlos Lyra, Chico Buarque e outros. E ouvem-se muitas canções, como as citadas e até "samboleros", nome dado pejorativamente às canções de fossa a que a bossa nova veio se contrapor.

    UMA GAROTA DE IPANEMA CORRE O MUNDO

    A internacionalização da bossa nova e de Vinicius passa por Orfeu negro (o filme de Marcel Camus feito a partir da peça Orfeu da Conceição), as primeiras gravações e apresentações nos EUA e, sobretudo, por Garota de Ipanema. A canção de Tom Jobim e Vinicius foi lançada no histórico show de 1962 na boate Au Bon Gourmet, em Copacabana, e este registro original, raro e nunca comercialmente lançado, pode ser ouvido aqui, inclusive com a introdução dividida entre João Gilberto e os dois autores. Neste episódio, João Máximo traça um panorama desse voo planetário, recorda as aversões que a bossa nova enfrentou no próprio Brasil e também fala de Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim, o salto na consolidação do brasileiro como um dos maiores compositores do mundo. A versão de Sinatra para Garota de Ipanema(acompanhado de Tom) encerra o programa.

    AMIGO NOVO, PARCEIRO NOVO

    Para Vinicius, parceria musical era como casamento, só que sem sexo. Enquanto Tom Jobim iniciava sua carreira internacional, Vinicius conheceu Baden Powell e compôs com ele canções que se tornaram clássicas, como Consolação e Amei tanto, ouvidas aqui nas vozes de Nara Leão e Clara Nunes, respectivamente. Além doSamba do benção, lançado por Vinicius no famoso show "O encontro". O poeta dizia que Tom, Baden e Carlos Lyra eram a sua santíssima trindade. João Máximo mostra que Baden (entrevistado no programa) fez boa parte de sua obra com Vinicius durante os três primeiros meses de amizade, período em que eles consumiram 20 caixas de uísque, ou seja, 240 garrafas.

    AMIGO NOVO, PARCEIRO NOVO - 2ª PARTE

    Continuando a tratar da parceria de Vinicius com Baden Powell, João Máximo reúne no programa saborosas histórias, como a do surgimento do samba Pra que chorar?, feito na Clínica São Vicente, no Rio, durante um suposto período de desintoxicação do poeta. A dupla bebia uísque às escondidas e concluiu a música enquanto um paciente vizinho morria. Chico Buarque acompanhou a história porque fora visitar um tio e Vinicius. No caso de Samba em prelúdio, também feita em meio a muito uísque, o letrista cismou que o parceiro estava copiando Chopin. Não estava, mas a melodia se assemalhava a uma peça de Villa-Lobos. Isto não impediu de se tornar um dos maiores sucessos dos dois. E ainda há a história de Gente humilde, composição de Garoto, ídolo de Baden, que insistiu para Vinicius criar uma letra. Demorou, mas saiu, e em Roma, ao lado de Chico, que acabou contribuindo com dois versos e virou parceiro de seu compadre. 

    EM BOA COMPANHIA

    A primeira parte da trinca de episódios batizada como "Em boa companhia", dedicada às parcerias de Vinicius, enfoca as músicas feitas com Carlos Lyra. Ele ouvia falar de Vinicius muito antes de conhecê-lo, pois seu pai o tinha como poeta favorito. Tornaram-se grandes amigos e até cúmplices, pois Carlinhos (como era chamado pelo parceiro) concebeu com Vinicius o rapto de Nelita Abreu Rocha, a jovem que se tornou a quinta mulher do poeta e foi levada para Paris com ajuda de Tom Jobim e Fernando Sabino. Em entrevista a João Máximo, Carlos Lyra conta histórias divertidas, mas também se recorda da "melancolia profunda, infinita" do amigo, que às vezes dizia querer "desencarnar". "Quando se apaixonava, era uma festa. Mas, quando se desapaixonava, era um funeral." Músicas de amor e também as políticas são ouvidas.

    No início do programa, outros parceiros como Tom Jobim, Baden Powell, Chico Buarque, Toquinho, Francis Hime, Edu Lobo e João Bosco falam da generosidade de Vinicius e da importância que ele dava às amizades.

    EM BOA COMPANHIA - 2ª PARTE

    Francis Hime poderia ter se tornado engenheiro; Edu Lobo estudava Direito e cogitava ser diplomata; Chico Buarque mirava na arquitetura. Os três tiveram suas rotas de vida definitivamente desviadas para a música graças a Vinicius de Moraes. Os dois primeiros fizeram as primeiras parcerias com o poeta na casa de Olivia Hime, em Petrópolis. Para Chico, Vinicius era presença frequente em sua casa, por causa da amizade com seu pai, Sérgio Buarque de Holanda ("Ele era adorado lá em casa, um herói"). Os três dão depoimentos neste programa, no qual se ouvem algumas das criações que o letrista fez com eles: entre outras, Sem mais adeus e Teresa sabe sambar (com Francis); Só me fez bem e Canto triste (com Edu); Valsinha e Desalento(com Chico).

     

    EM BOA COMPANHIA - 3ª PARTE

    O programa aborda outras parcerias de Vinicius, menos constantes, mas também significativas. O grande amigo Cyro Monteiro, o maestro Moacir Santos (foto), a cantora Alaíde Costa e os jovens (quando conheceram o poeta) João Bosco e Vicente Barreto estão entre elas. Ainda se lembra a história de Bom dia, tristeza, cujos versos foram entregues por Aracy de Almeida a Adoniran Barbosa, que criou a melodia sem conhecer Vinicius, fato raro na vida de um letrista que gostava de compor junto com os parceiros.

    POBRE MENINA RICA

    O musical Pobre menina rica começou a nascer após Vinicius ver um mendigo sodomizando outro e, pouco depois, receber uma leva de melodias de Carlos Lyra em que enxergou um encadeamento. Em maio de 1963, em forma de recital, a história estreou na boate Au Bon Gourmet, no Rio, com Lyra e Nara Leão. Na hora de se gravar o disco, um ano depois, Dulce Nunes foi a cantora, já que Nara estava impedida por questões contratuais. A então pouco conhecida Elis Regina foi vetada por Tom Jobim, que acabou cedendo seu lugar de diretor musical a Radamés Gnattali. Até hoje Pobre menina rica não foi encenada como musical, apenas como recital. Este programa apresentado por João Máximo recupera toda a história, que gerou grandes músicas como Maria MoitaSabe você e A primavera.








    LUZES DA RIBALTA

    Vinicius era apaixonado por Luzes da ribalta, de Charlie Chaplin. Neste programa, é lida a crônica que ele escreveu sobre o filme, que amava mais por sua ligação com o teatro. João Máximo narra aqui os projetos do poeta para os palcos após Orfeu da Conceição. O drama lírico Cordélia e o peregrino nunca foi encenado, assim como o musical Blimp, mas este rendeu a primeira versão de Garota de Ipanema. A adaptação de Jesus Cristo superstar também não foi encenada, ao contrário de Deus lhe pague, espetáculo grande (com Walmor Chagas, Marília Pêra, Marco Nanini e outros) que não foi um sucesso, mas reengatou a parceria entre Vinicius e Edu Lobo.

    O CINEMA DOS MEUS OLHOS

    A paixão de Vinicius de Moraes pelo cinema o levou a se tornar amigo de Orson Welles e ter aulas com Gregg Toland, o cinegrafista de Cidadão Kane. Também escreveu artigos sobre o assunto, reunidos no livro O cinema dos meus olhos. E se tornou parceiro de Pixinguinha, "o ser humano mais admirável" que conheceu na vida. "Meu querido pai", dizia o poeta. Foi para o longa-metragem Sol sobre a lama, de Alex Viany, que Vinicius fez letra para Lamento (antes chamada Lamentos) e os dois compuseram outros temas, como Samba fúnebre. João Máximo fala neste programa dos outros filmes em que Vinicius se envolveu, dos quais saíram canções como Olha, Maria.  

    O BRANCO MAIS PRETO DO BRASIL

    Os afro-sambas de Baden Powell e Vinicius de Moraes não foram um projeto premeditado, racional, mas uma necessidade de ambos seguirem impulsos da sua natureza, ressalta João Máximo neste programa. Vinicius escreveu o poema Blues para Emmet Louis Till em homenagem a um menino assassinado no Alabama e sempre destacou sua afinidade com os sons e os traços culturais africanos. Dizia-se "o branco mais preto do Brasil", como em Samba da benção. Baden, que condensou no violão Rio, Bahia e África, foi o parceiro perfeito.

    RANCHO DAS FLORES

    Vinicius escreveu vários poemas e canções dedicados às flores, sobretudo às rosas. No programa estão Samba da rosaO velho e a rosaO tempo da florFlor da noite e outras músicas, além dos versos de Rosa de Hiroshima recitados. E estão depoimentos de parceiros, como Baden Powell e Toquinho, e mulheres que conviveram com ele, casos de Elizeth Cardoso e Maria Clara Machado. As paixões intensas do poeta, repletas de um ciúme que o levava a bater com uma garrafa na própria cabeça, são relatadas por filhas e mulheres (como Cristina Gurjão, seu sexto casamento) e retratadas em Medo de amar, na voz de Nana Caymmi.

    SAUDADES DO BRASIL

    No momento mais repressivo da ditadura militar, entre o final da década de 1960 e os primeiros anos da de 1970, Vinicius de Moraes ficou muito tempo fora do Brasil. Fazendo shows ou encontrando amigos, esteve na Argentina, na Itália, na França, muito em Portugal (onde fez o fado Saudade do Brasil em Portugal, cantado por Amália Rodrigues). Um tempo de novas experiências e de bastante tristeza e apreensão, como mostram os relatos de Tom Jobim, Chico Buarque, Toquinho e outros a João Máximo. O programa conta com Vincius lendo seu poema Pátria minha.

    POETA, MOÇA E VIOLÃO - 1ª PARTE

    Ao lado do jovem Toquinho, Vinicius de Moraes se descobriu um showman, fazendo turnês, cantando suas músicas, contando histórias no palco, lembra João Máximo neste episódio. Foram dez anos intensos, iniciados na Argentina, com um show (e disco ao vivo) em que a dupla era acompanhada de Maria Creuza. Depois, vieram outras cantoras para compor a trinca "poeta, moça e violão", como Maria Bethânia e Marília Medalha. Toquinho e Vinicius fizeram muito sucesso graças a Como dizia o poetaTarde em Itapoã, Cotidiano nº 2. e muitas outras composições. Tanto sucesso custou ataques por parte da crítica, sobretudo a acadêmica. "Confudiram nosso trabalho com música fácil", diz Toquinho no programa, assumindo que o objetivo deles era mesmo conquistar popularidade com simplicidade. De todas as parcerias, a mais criticada foi A tonga da mironga do kabuletê.

    POETA, MOÇA E VIOLÃO - 2ª PARTE

    Assim como no episódio anterior, Toquinho é o parceiro de Vincius nas histórias vividas na década de 1970, a começar pelos shows com Clara Nunes (na foto, os três juntos). Era uma época em que eles estavam sob a mira da Censura e dos críticos, que condenavam a simplicidade de suas composições. "Eu sempre fui partidário de uma linha mais simples de canção", diz Toquinho em entrevista a João Máximo para o documentário. Mas também viviam em muitas festas, entre risos e mulheres. Ouve-se no programa o poeta recitando sua homenagem a três Pablos mortos em 1973: Picasso, Neruda e Casals. O poema termina com um palavrão contra o "ano assassino". E ele e Toquinho cantam duas músicas que se complementam ao falar de amor e desamor: Regra três e Samba da volta.

    O CARIOCA MAIS BAIANO DO MUNDO

    A afinidade entre Vinicius de Moraes e a Bahia teve seu ápice em 1972, quando o poeta se casou (pela sétima vez) com Gesse Gessy, tendo Jorge Amado e Zélia Gattai como padrinhos, e foi viver em Salvador, enfronhando-se de vez no candomblé. Mas sua porção baiana era antiga, estimulada, por exemplo, pela amizade com Dorival Caymmi. Os dois e as também baianas do Quarteto em Cy realizaram um show de sucesso que ficou um ano e meio em cartaz, tendo estreado em dezembro de 1964 na boate Zum Zum, em Copacabana. Este programa lembra momentos desse show que ficaram clássicos, como os de Vinicius lendo "Carta ao Tom" e "Dia da criação". Anos depois, ele escreveu versos como "a patota de Ipanema não me interessa mais" e deixou (provisoriamente) o Rio. Como sempre, foi atraído por uma paixão, que acabou com muita dor. "Vinicius viveu sob o signo da paixão", resume o parceiro Toquinho em entrevista a João Máximo.

    TELINHA PEQUENA

    Vinicius de Moraes detestava TV, que chamava de "telinha pequena". Mas se acostumou a participar de programas como O fino da bossa. Não gostava de festivais, mas aceitou ter músicas em parceria com Edu Lobo inscritas em dois: em 1965, vencendo com Arrastão, na interpretação de Elis Regina; em 1966, com Canto triste. Ao lado de Toquinho, fez trilhas para novelas, sendo a mais bem-sucedida a de O bem-amado, da qual estão neste programa No colo da serra e Paiol de pólvora. O episódio tem entrevistas com Chico Buarque, Edu Lobo, Baden Powell e Toquinho.

    ARCA DE NOÉ

    Vinicius começou em 1950 a escrever poemas infantis inspirados na Bíblia, principalmente na história da Arca de Noé. Antes mesmo de virar livro, parte dos versos foi musicada por Paulo Soledade, como os de "São Francisco". "O pato" e "O peru". Em 1980, pouco antes de morrer, Vinicius concluiu os temas ao lado de Toquinho, com quem já vinha compondo a trilha. As canções deram origem a dois discos que se tornaram históricos, o primeiro mais bem realizado do que o segundo, como ressalta João Máximo. Neste programa, ouvimos "Corujinha" (com Elis Regina), "O gato" (com Marina), "A foca" (com Alceu Valença) e outras músicas.







    SERENATA DO ADEUS







    Toquinho lembra que Vinicius, às vezes, falava em morte e até em suicídio, contando como poderia se matar: comendo doces na banheira até chegar ao coma diabético. A morte chegou mesmo na banheira, em 9 de julho de 1980, aos 66 anos, mas depois de o poeta já ter sofrido duas isquemias e passar o fim de vida muito enfraquecido. Chico Buarque, Tom Jobim, sua nona mulher, Gilda Mattoso, e seus irmãos lembram a João Máximo, neste programa, os últimos momentos de Vinicius. Carlos Drummond de Andrade exalta o amigo e colega de poesia.

    Fotos, Vídeos, Documentos, Áudios do site Oficial do Vinicius de Moraes: http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br

    "Foi o único de nós que teve a vida de poeta", sintetizou Carlos Drummond de Andrade. O mineiro tímido falava com admiração (e um tantinho de inveja) da "independência de espírito" do colega. E parece ser este, curiosamente, o nó central da recepção acadêmica da obra literária de Vinicius: teria ele gastado muito de sua poesia na própria vida e pouco nos livros? 

    Vinicius de Moraes, que completaria cem anos hoje, é ainda pouco estudado e não tem muito espaço na universidade. Teses e livros de análise dedicados aos seus poemas são poucos, segundo poetas e professores ouvidos pela Folha.

    Este deve ser um dos poucos sinais de desdém na trajetória do sedutor Vinicius, ainda mais se levarmos em conta o sucesso mundial de sua carreira na música a partir do final dos anos 1950, com o estouro da bossa nova.

    Victor Rosa, mestrando que prepara dissertação sobre Vinicius, diz que quase não ouviu falar dele durante seu curso de letras na UFRJ. "Costumo dizer que o Vinicius é uma espécie de América [time de futebol]. Tudo mundo tem carinho por ele, mas não tem coragem de torcer."

    A repercussão crítica da obra de Vinicius ganhou impulso nos últimos anos, quando a Companhia das Letras passou a reeditar seus livros, com organização do também poeta Eucanaã Ferraz.

    "Durante muito tempo a universidade esnobou Vinicius, mas ele não precisou dela para se firmar entre os leitores", diz Ferraz. "Suas músicas angariaram novos leitores para a poesia. Hoje há um novo olhar para a obra dele."

    A carreira literária de Vinicius de Moraes teve uma trajetória curiosa. Seus primeiros livros, "O Caminho para a Distância" (1933) e "Forma e Exegese" (1935), depois renegados por ele, trazem versos com feição simbolista, de religiosidade opressiva e tom grandiloquente.

    A grande virada começa a partir dos anos 1940, quando a sensação de culpa do poeta sai de cena e ganham espaço o erotismo, um ambiente solar e a ode às mulheres.

    É a grande fase de Vinicius, com os célebres sonetos de "Poemas, Sonetos e Baladas" (1946) e "Novos Poemas (II)" (1959). Depois disso, seu foco passa a ser a música e a produção em poesia diminui.

    "O sucesso com as canções obscureceu o lado poeta. Mas sinto que isso está mudando. Vinicius é o maior sonetista do Brasil, não deve nada aos grandes da língua portuguesa", diz o poeta e tradutor Paulo Henriques Britto.

    'FÁCIL DE FAZER'

    José Castello conta que escreveu a biografia "Vinicius de Moraes - O Poeta da Paixão" (1994) para lutar contra o estigma de "poetinha" associado a ele. "Há um desprezo grande pelo lirismo de Vinicius, como se fosse algo menor, fácil de fazer. Ficou a imagem de um show man, um homem cercado por belas mulheres, o que acabou prejudicando a avaliação do real tamanho de suas poesias."

    Já o professor de literatura brasileira da USP Alcides Villaça diz que Vinicius ainda não foi compreendido de forma integral. "Ele é o poetinha, mas ao mesmo tempo tem um verso que diz 'poeta sou altíssimo'. Ele está nessas duas partes e em tudo o que está no meio disso."
    MARCO RODRIGO ALMEIDA
    FOLHA DE SÃO PAULO


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