quinta-feira, 16 de maio de 2013

NOTA DE FALECIMENTO POLÍTICO: MORRE MARINA SILVA (candidata a presidência 2014, ex-verde e conservadora) em 15 DE MAIO DE 2013


Foto: Nando Chiappetta /DP/D.A Press




Em defesa a Feliciano, Marina disse: "ele está sendo hostilizado mais por ser evangélico do que por suas declarações equivocadas". 

A virtual candidata do novo partido Rede Sustentabilidade à Presidência da República nas eleições de 2014, a ex-senadora Marina Silva saiu em defesa do atual presidente da Comissão de Direitos Humanos, o deputado e pastor Marco Feliciano (PSC). Na noite desta terça-feira (14), diante de um auditório repleto de estudantes na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), a ex-verde declarou que o parlamentar estava sendo hostilizado "mais por ser evangélico do que por suas posições políticas equivocadas”. 

Marina afirmou que não gosta como o debate vem sendo conduzido (legalização do aborto e casamento gay). Segundo ela, hoje, se tenta eliminar o preconceito contra gays substituindo por um preconceito contra religiosos. Marina afirmou que Marco Feliciano entra neste “jogo de injustiças”, e claro, pode se tornar uma das vítimas nesta inversão de valores. “Feliciano está sendo mais criticado por ser evangélico que por suas posições políticas equivocadas. Aí, a gente acaba combatendo um preconceito com outro”, completou, afirmando ainda que gostaria que um ateu fosse julgado pelo que disse e não pelo fato de ser ateu.

Feliciano é acusado de estelionato e o crime será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O parlamentar também defende que os gays são pessoas “doentes” . Na Comissão de Direitos Humanos, o religioso colocou em pauta o projeto polêmico que defende a “cura” dos homossexuais. O pastor ainda confrontou o movimento negro ao afirmar, em redes sociais, que os descendentes dos africanos são “amaldiçoados” segundo a Bíblia.



Candidata à Presidência nas eleições de 2010, Marina foi alvo de polêmicas sobre suas pautas conservadoras. A ex-senadora se posicionava contra o casamento (religioso) gay, a legalizações do consumo da maconha e da prática do aborto. Algumas pautas, inclusive, eram defendidas, na época, por alguns membros históricos do PV, partido em que Marina se desfilou após ser derrotada no primeiro turno das eleições com um saldo de 19,5 milhões de votos (19,4% dos votos válidos).

Na palestra intitulada “Democracia e Sustentabilidade”, a possível candidata também debateu temas sociais e econômicos. Defendeu que além de uma crise mundial, o planeta é vítima de uma “crise civilizatória” pelo qual todos os povos passam, que é fruto da ênfase no fazer e não do ser.

“Não temos em quem se espelhar como modelo de como passar por uma crise civilizatória. Egito, Grécia e Roma passaram por essa crise e não conseguiram superar. A diferença é que hoje a crise da civilização envolve todo o planeta. Mas temos uma vantagem. Desconfio que eles não perceberam que estavam em crise e tentavam apagar o fogo com gasolina. Nós podemos evitar isso”.


Tércio Amaral
Publicação: 15/05/2013 09:19 Atualização: 15/05/2013 19:44
http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/politica/2013/05/15/interna_politica,439515/em-agenda-no-recife-marina-silva-sai-em-defesa-do-pastor-marco-feliciano.shtml#.UZONzRpAnAY.twitterhttp://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/politica/2013/05/15/interna_politica,439515/em-agenda-no-recife-marina-silva-sai-em-defesa-do-pastor-marco-feliciano.shtml#.UZONzRpAnAY.twitter



Faço das palavras do jornalista Paulo Nogueira as minhas.

Defender um beócio desse não tem a mínima chance 
de ser minha representante no poder.
Roberta Carrilho


Marina Silva faleceu politicamente hoje, 15 de maio, vítima de si própria. Morreu abraçada ao irmão evangélico Marco Feliciano.

As três linhas acima resumem o fato político mais importante do dia. Num erro de avaliação impressionante, Marina Silva, numa viagem ao Recife, tomou a defesa de Feliciano.
Disse que ele estava sendo atacado, em boa parte, por ser evangélico.
Vou repetir.
Disse que ele estava sendo atacado, em boa parte, por ser evangélico.
Ora.
Feliciano, desde que irrompeu do anonimato, tem repetido barbaridades homofóbicas e racistas em sucessivas e despudoradas odes à intolerância e ao fanatismo.
Quando já achávamos que ele tinha esgotado o estoque de obscurantismo agressivo, eis que aparece um vídeo no qual ele diz que Deus assassinou John Lennon porque não gostou de uma coisa que Lennon disse.

E com todo esse passivo brutal de posições que fazem mal à sociedade, Marina consegue dizer que a rejeição a Feliciano se funda mais na religião que na obra do pastor.

“Quando penso em certas coisas que disse, invejo os mudos”, escreveu Sêneca, o grande filósofo estoico da Antiguidade romana.
Eis uma frase que cabe em Marina.

Para quem num certo momento surgiu como esperança de renovação política, não poderia haver desfecho mais patético do que falecer na bizarra defesa do que existe de mais vulgar, mais mistificador e mais atrasado na política brasileira, o pastor Feliciano.

Paulo Nogueira. Jornalista baseado em Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo

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