domingo, 20 de janeiro de 2013

A DIFICULDADE DOS HOMENS PARA COMPRAR ABSORVENTES - Mathias Naganuma

Achei interessante esta crônica do Mathias Naganuma  para complementar outra crônica parecida que publiquei em 2009.
 "Um dia de modess na vida de um homem 
de Luís Fernando Veríssimo". 
http://robertacarrilho-div.blogspot.com.br/2009/12/um-dia-de-modess-na-vida-de-um-homem.html

Resolvi publicá-la aqui também.
Bom Domingo para todos!
Roberta Carrilho




Para nós homens, um pedido da namorada, da amiga, da esposa, da irmã, da prima ou qualquer ser do sexo feminino que nos peça para comprarmos absorventes, considero ser um gesto de maldade plena, quase um sadismo, tamanho o grau de dificuldade e complexidade que enfrentamos para acertar o tipo de absorvente pretendido em razão da enormidade de marcas, formatos, desenhos, tamanhos, perfumes, tecidos e as mais diversas opões que hoje temos no mercado.

Me recordo perfeitamente que anos atrás em um certo dia minha ex-namorada pediu que fosse a farmácia comprar um pacote de absorventes pois o dela estava no fim. Missão teoricamente fácil, quase ridícula em um primeiro momento. Ela me disse a marca, se referiu que teria que ser o modelo com abas e me disse até a cor do pacote. Não tinha erro. Era chegar na farmácia ir na prateleira dos absorventes olhar marca, cor do pacote e se estava escrito “com abas”.

Assim sendo, saí rapidamente e me dirigi a farmácia mais próxima para comprar o tal pacote de absorventes, pois tínhamos um jantar com uns amigos confirmado para as 21h e já estávamos levemente atrasados. É óbvio que estávamos atrasados, vocês sabem como são as mulheres, não é mesmo? Minha ex-namorada me mostrou e vestiu uns 7 tipos de roupas diferentes para ver o que eu achava, afinal de contas, é nossa “função” ajudá-las. É evidente também, que para mim, ela estava linda com o primeiro conjunto que havia vestido, mas ela não se convencera, ignorou minha opinião e resolveu tentar uma outra opção. Com a segunda roupa eu já tinha certeza do quão irresistível ela estava e disse: – Amor, é essa!!!! Agora você ficou mais maravilhosa do que já é!!! Mas quem disse que ela me deu ouvidos? Tirou a roupa, jogou em cima da cama, junto com a primeira, junto com os cabides, com os sapatos, bolsas e demais acessórios para cada conjunto, bisbilhotou o armário, passou a mão pelos cabides repletos de roupas o qual não sobrava espaço e não permitia nem que um pernilongo voasse por lá sem morrer sufocado por falta de ar, virou para mim com uma feição de sem teto e soltou: Amor, descobri que estou sem roupas!!! 

Nesse momento já comecei a ficar tenso, o jantar estava marcado para as 21h e as 21:15h ela havia descoberto que não tinha roupas. 

É claro que imediatamente falei com um tom exclamatório: – Amor, já estamos atrasados 15 minutos e você me diz que não tem roupas? Como assim? Você nem consegue fechar a porta do armário com tanta coisa que tem aí dentro!!! Vamos logo!!! O pessoal já deve estar nos esperando… Com qualquer uma das duas roupas que você escolheu você estava linda… Você não é minha namorada? Então, o importante é que eu te ache bonita e eu estou te falando com toda minha sinceridade que você está linda!!! Não sei qual a dificuldade… Vou te esperar no carro!!!

Hoje sei, que ao falar aquilo, naquele momento tão importante, significativo e relevante de nossas vidas, fui ingênuo e perdi qualquer migalha de sanidade mental que me restava, mas como disse anteriormente, os ponteiros do relógio me deixavam mais que apreensivo. Devido a esse momento de loucura e “com toda certeza” falta de bom senso da minha parte, vi o semblante de minha ex-namorada se transformar em um olhar assassino e lá veio: – Nossa, agora estou vendo realmente quem você é, um insensível, grosso, macaco, um verdadeiro primata!!! Nem para me ajudar escolher uma roupa você é capaz de fazer por mim!! 

E rapidamente transformou o semblante novamente fazendo um olhar de choro, me fez sentir culpado e o cara mais “tosco” do universo. Quase que por uma ação e reação, imediatamente pedi desculpas, disse o quanto a amava e falei que continuaria ali ao lado dela na “difícil” missão de encontrar o melhor “pedaço de pano” para a ocasião. 

Bom, para encurtar um pouco a história, após 7 trocas de roupas e uma cama com uma montanha de vestidos, brincos, anéis, pulseiras, colares e o chão tomado por sapatos e sandálias ela acabou escolhendo a única roupa que eu não tinha gostado. Talvez para ser do contra, ou mesmo para me irritar, ou pediu minha opinião apenas para se certificar de que ela estava sempre certa.

Não importava. Mesmo não gostando tanto assim da roupa, estava aliviado pelo fato dela ter se decidido e desejava sair o mais rápido possível da casa dela, afinal, nossos amigos já tinham ligado para saber onde nos encontrávamos e menti dizendo que estávamos quase chegando.

Mas a odisseia para o restaurante estava longe de acabar. Depois de ter decidido a roupa ela foi ao banheiro se maquiar e se “ornamentar” quando fui surpreendido com o seguinte pedido: – Amor, enquanto eu acabo de me arrumar você poderia ir a farmácia para comprar um pacote de absorventes para mim, por favor?

É claro que mesmo achando um absurdo ela esperar o último minuto para me pedir uma coisa dessas, respondi afirmativamente para evitar qualquer tipo de embates e saí para a missão que considerava a mais fácil e rápida de todas, pois não dependia da opinião de ninguém, não dependia de decisões, era apenas chegar, pegar o pacote, pagar e ir embora.

E foi isso que aconteceu. Peguei o pacote de absorventes do jeito que ela havia descrito para mim, conferi a marca, cor do pacote e se era com as tais abas.

Retornei a casa dela correndo para tentarmos ao menos chegar para a sobremesa do jantar quando ela arregalou os olhos e me disse: – Amor, você realmente não presta atenção nas coisas que falo… 

Não é esse absorvente que eu uso. Nem isso você repara em mim!!! Eu não posso usar esse absorvente “dry” (de malha seca), porque me dá alergia… o que eu uso é o “soft” que é de algodão.

Pensei #$%@&*!@* desde quando agora eu fico lendo rótulo de absorvente. Será que vocês mulheres não entendem que homens não usam absorventes e, portanto, não entendemos dessas particularidades todas? Enfim, fiquei com os meus pensamentos e voltei para a farmácia mais uma vez para trocar o raio do absorvente, mas o problema consistia no fato de que nunca havia passado pela minha cabeça de que eu, assim como a maioria dos homens, seríamos tão incapazes de comprar um singelo pacote de absorvente corretamente. 

Convenhamos que é um pouco difícil para um homem médio do sexo masculino ser dotado de tamanha cultura para saber que existem absorventes com gel e sem gel, com anti-odor, coloridos, pintados, de uso diário, diurno, noturno, para fluxo intenso, moderado, fraco, que os absorventes internos se diferenciam pelo tamanho em mini, médio, grande e super grande, que existem outros que parecem com um coador de café para serem usados com calcinhas mais cavadas, que umas são mais espessas ou mais finas que outras, que determinadas marcas a cola da aba é tão forte que fica grudada na calcinha e depois é uma tortura tirar essa cola, que outras que não são tão boas principalmente as sem abas que dobram e ficam como se fosse uma canoa, que os tais absorventes dry que são feitos com um tipo de plástico furadinho impede mais a ventilação e com isso pode causar inflamações e fungos, que já existe no mercado absorventes ecológicos feitos com várias camadas de panos e que são laváveis e reutilizáveis pois estudos dizem que o absorvente industrializado contém substâncias cancerígenas além de demorarem aproximadamente 100 anos para desaparecerem no solo, que ainda escutamos nossas mães e avós e até meninas chamando absorvente de “modes” porque o tal do “modes” foi a primeira marca de absorventes que chegou ao Brasil na década de 30 e que na verdade o nome dessa marca é escrita com SS, ou seja, MODESS. 

Esses são apenas alguns poucos ensinamentos que aprendi com minha ex-namorada no trajeto de carro até o restaurante, onde ao mesmo tempo em que ela praticamente me chamava de ignorante por não saber comprar um simples absorvente, ela me culpava e brigava comigo por estarmos 1 hora atrasados para o nosso jantar porque eu não tinha prestado a devida atenção na hora de comprar o absorvente e tive que voltar 3 vezes na farmácia. 

Por fim, é claro, a culpa por termos atrasado 1 hora recaiu sobre mim pela minha falta de disposição para ajudá-la na escolha da roupa e da minha falta de atenção ao ir comprar o pacote de absorvente.

Pois é, amigos e amigas leitoras, para um homem comprar absorventes não é uma delegação de tarefa tão fácil como vocês imaginam!!! Se um dia, vocês homens forem obrigados a passar por uma situação como a minha, segue a dica: peguem a embalagem do absorvente vazio, levem com vocês e peçam ajuda para o primeiro ser do sexo feminino que estiver dentro da farmácia. Se você não tiver a embalagem, não tenha dó de pagar mais caro na sua conta de celular ou gastar seus créditos e ligue para a mulher que lhe fez esse pedido “tão simples” e leia descrevendo tudo que está no tal pacotinho sem preguiça de fazê-lo, pois mesmo cumprindo todas essas etapas você ainda incorre na possibilidade de ser surpreendido quando chegar em casa com a feliz notícia conjugado com um semblante de decepção, raiva e indignação de que você comprou o errado.

Um ótimo domingo e um excelente início de semana à todos vocês!!!



Twitter Pessoal: @MathiasNaganuma

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