segunda-feira, 30 de agosto de 2010

DESABAFO DE UM PARANOICO - Juarez Nogueira

Juarez Nogueira - escritor e professor de Divinópolis/MG


Com meu sincero respeito e admiração por esse paranoico estoico que eu chamo de amigo, Juarez Nogueira.

É um texto intenso como ele o é.

Quem gosta dele, assim como eu, o entende.

Se concordo com as posições dele é outra coisa, mas uma coisa é certa, ele sabe escrever seus sentimentos com tanta veemência que só nos cabe reles mortais uma reflexão mais aprofundada das questões levantadas.

Este Blog foi feito para publicar textos inteligentes e de sentimentos.

Como este!!!!!!!!

Parabéns Juarez pela lucidez paranoica.
Sua admiradora de sempre
Roberta Carrilho - 30/08/10

Gente, gente!

Amiga amante do deus Lullah disse que estou ficando paranoico por causa do ódio (é o que ela diz) que “transparece” nas mensagens sobre o “cara”. Vê-se que ela já aprendeu depressa, com o Mullah, a chamar os outros de aloprados. O que é o fanatismo de uma religião, hein?

Para quem me conhece – ou acha que me conhece – sabe que paranoico é uma ofensa. Magoei. Como é que alguém tenta me rebaixar assim do meu degrau de louco de pedra?

Estou mesmo muito ofendido. Tanto que vai aí o meu desabafo. Para os íntimos e nem tão íntimos.

E pensar que a amiga é psicóloga... Será que ela já ouviu falar da Dra. Nilse Silveira, a mais renomada psiquiatra brasileira, discípula de Carl Yung, que também foi ridicularizada e menosprezada pelos médicos de seu tempo? Perco a amizade, mas não perco a hora. Nem o guizo. (Eu ia dizer juízo, mas... prefiro rir enquanto posso.)

Abraço,
Juarez


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Juarez Nogueira estava discutindo com uma amiga dele psicóloga que eu não me lembro o nome no momento... era ou é uma antiga amiga dele e durante todo este debate ele foi compartilhando com sua rede de amigos entre eles eu estava. Não era comigo esta discussão! Comigo foi ao final que eu me posicionei e ele arrematou com o fim da nossa amizade! 


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Eis o desabafo do paranoico (mandei o texto para a amiga lúcida e racional demais também, viu gente?):

A tática é velha conhecida.

A estratégia de covardes, apaniguados e medíocres, dos “espertos”, é tentar desacreditar o outro sob a pecha de “aloprado”. Muitos fazem isso para se safarem da própria responsabilidade ou desviar o foco de sua estupidez. Trocando em miúdos, é como alguém que tenta desmerecer a credibilidade de outrem impingindo-lhe desvios para desviar a atenção daquilo que primeiro se desviou. É ribaldo que monta erro para amoitar errados.

A História é pródiga de exemplos.

Os sumo-sacerdotes judeus, liderados por Caifás, trataram primeiro de ridicularizar Jesus Cristo para depois acusá-lo de blasfêmia. Só um louco subversivo se proclamaria filho de Deus. O final dessa história todos sabem – embora muitos se “esqueçam”, ignorem.

O filósofo Giordano Bruno foi ridicularizado, atacado e, por fim, expulso da Inglaterra. Na Itália, foi acusado de heresia e condenado à fogueira pelo Santo Ofício, a pedido das autoridades de Veneza, não sem antes dizerem que era envolvido com magia.

A guerreira Joana D’Arc foi, antes de condenada à fogueira, ridicularizada por seus trajes masculinos e publicamente desacreditada, sob acusação de heresia e de bruxaria por “ouvir vozes”.

Há muitos outros casos: Sócrates, Boécio, Galileu Galilei, Vincent Van Gogh, Lutero, Santos Dumont, Gandhi...

Que dizer da atriz Erika Mann, filha do escritor Thomas Mann, que por pouco conseguiu escapar da Alemanha de Hitler? Ou do cientista Alain Turing, matemático e criptoanalista, um dos pioneiros da computação, que conseguiu decifrar os códigos das forças hitleristas? Foi por causa de seu trabalho que o Exército Aliado conseguiu finalmente barrar a besta nazista. Apesar disso, que fim levou Turing após a guerra? Acusado de ser doente, por ser homossexual, acabou numa prisão britânica, onde, induzido à loucura, se suicidou com cianeto.

O poeta e teatrólogo Antonin Artaud foi acusado de louco, internado em hospícios ao longo de sua vida. Deu ao mundo uma inteligência estética da vida e do corpo. Se foi louco, foi talvez um dos mais lúcidos de toda a história. Entre as obras de Artaud, está “O Teatro e seu Duplo”, o mais influente livro sobre o teatro escrito no século XX. Nessa obra, o “louco” e ridicularizado Artaud fala de “chaves profundas do pensamento e da ação sob todo espetáculo”. Por “todo espetáculo” pode-se entender a cena política, a cena social, a tragicomédia humana, enfim, o teatro de toda a vida.

E que dizer dos artistas da Semana de Arte Moderna, a famosa Semana de 22, quando tiveram seus trabalhos e ideias execrados pelo público e mesmo por outros artistas que ali só viam garatujas non sense?

Quando Pedro Collor, irmão de Fernando Collor, o denunciou por corrupção e prevaricação junto com o tesoureiro PC Farias, tratou-se logo de dizer que Pedro tinha “perturbações psicológicas”. Pedro Collor se submeteu a um exame de sanidade mental e, munido dele, mais documentos, concedeu uma entrevista à revista Veja, na qual acusou PC Farias de operar uma extensa rede de corrupção e tráfico de influência na qualidade de "testa-de-ferro" do presidente, o qual não reprimia tais condutas por ser um beneficiário direto daquilo que ficou conhecido como "esquema PC". Hoje, quem vê Lulla de bracinho dado com Collor, deve pensar mesmo: será que eu pirei?

Vou parafrasear Vinicius de Morais, os muito racionais que me perdoem, mas loucura é fundamental. Principalmente quando a “loucura” não é a acomodação da “ingenuidade” ou da “imbecilidade” subjazente ao afrouxamento da moral reinante, moral de rebanho mass media chegadinha em populismo e embotada de “carisma”, como se vê no Brasil de hoje. Tudo muito normal, tudo muito aceitável, não é? Tudo BBB: bom, bacana e bem-arranjado. Nas esferas brasilianas, claro. Sem contestação. Porque se contestar é aloprado. Se não for unanimidade, ai Jesus! Pois vou parafrasear também Guimarães Rosa: "pensar é muito perigoso".

Mas doido mesmo, ou burro, ou ingênuo útil, é quem aceita tudo que lhe dão sem questionar, sem aprofundar na análise, sem, como disse o louco genial Antonin Artaud, sondar as “chaves profundas do pensamento e da ação sob todo espetáculo”. Ou, como disse Shakespeare, que se deixa guiar como cego.

Melhor a paranoia de uma única pessoa do que a razão falsamente ingênua e manobrada de todos que dessa pessoa fazem troça por razões e interesses escusos. Deve ser bem por isso que Jean Cocteau advertiu: "o limite extremo da sensatez é o que o resto batiza de loucura". Embora, eu reconheça, a sensatez não convém a todos, apenas aos grandes espíritos. Idem a loucura. Ou a paranoia ou qualquer distúrbio que perturbe a comodidade da ordem por meio da dúvida, do questionamento, do incômodo que é alguém que pensa em voz alta.

Há um texto de Pirandello que diz: “Basta que a verdade comece a gritar na cara de todos para ninguém acreditá-la e tomá-la como louca.” Então, se isso é loucura, se é paranoia bater-se pela sabedoria para descobrir as vergonhas, quero tomar a inteligente resolução de enlouquecer. E de deixar que me julguem como louco, paranoico  Posso também pedir clemência, compaixão, implorar: oh, não me julguem paranoico  oh, não! Porque estoico sou. Mas no tribunal da inquisição dos imbecis, dos medíocres e dos covardes, não cabe estoicismo. A paranoia sim, e ali ela serve para acusar e tentar calar. Para institucionalizar a idiotice, como se viu naquela fábula da roupa nova do rei. Foi preciso uma criança gritar ‘o rei está nu!’, para que rei e reino recobrassem o juízo. Se obstinação e calor na argumentação, se cetic ismo na busca da verdade, no questionamento dos fatos e no entendimento da possibilidade de uma conexão entre eles é paranoia e loucura, podem me chamar. Estou dentro. Digo presente. Antes assim. Até porque, antes de mim, Michel de Montaigne, que já não via novidade sob o sol, obstinou pensar: “Há alguma coisa tão teimosa, porfiada, desdenhosa, contemplativa, grave e séria, como um burro?"

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Depois de quase 20 anos de amizade e cumplicidade ele simplesmente acabou tudo no dia 09/11/10 por e-mail (abaixo) porque eu disse que iria votar na Dilma e não José Serra. Simples Assim! Sofrido Assim!
Apesar desta atitude irascível e radical dele eu continuo respeitando e admirando sua mente brilhante. Fique em paz meu amigo Juarez ou Juju.
Abraços,
Roberta Carrilho

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Date: Mon, 1 Nov 2010 11:14:23 -0200
From: junarez@bol.com.br
Subject: Só leia se for Gente Decente!
To: robertacarrilho@hotmail.com


Amigos, Gente de Bem!

Aqui estou, redivivo e pronto para qualquer luta ou descanso. Confesso que um tanto quanto inapetente para a luta contra a mediocridade e a louvação dos finados. E justifico: contra a mediocridade, sabemos, até os deuses pelejam em vão. Mas vai passar rapidinho essa inapetência. Vai passar porque antes quero ser derrotado no bem do que vencer no mal.

Por isso, Amigos, Pessoas de Bem!, escrevo àqueles que vivem não de vitórias, mas de luta. Aqueles que sabem: a derrota moral infligida é mais grave do que o desastre material. Que sabem: por trás de alguns triunfos há sempre um ressentimento e numa razão direta que varia a grandeza – desse triunfo ou desse ressentimento –, se é que nisso possa haver grandeza.

Digo isso porque há os que vencem e não lhes importa como vençam, porque nunca conquistam a vergonha. E vitória sem vergonha é veleidade, não mais. 

Digo isso porque aprendi, com meu amigo Saint-Exupéry, autor d’O Pequeno Príncipe (aquele livro que todo mundo diz que leu, mas que raros leram com a alma) que algumas vitórias exaltam, outras corrompem, outras despertam. E também, porque devo ao Mestre Antônio Vieira o entendimento de que a vitória tanto menos vale quanto mais custa.

Sim. A vitória que tanto menos vale quanto mais custa. É esta a vitória a que o povo brasileiro assistiu com o resultado democrático das urnas nestas eleições. É este o ganho de Dilma Roussef ou Vana ou Estela ou Lúcia ou Patrícia ou sei lá quem não sabemos, até que democraticamente seja aberta a urna que contém a ficha dessa pessoa, escondida no Supremo Tribunal Militar e venha a luz a verdadeira identidade. Amigos, Pessoas de Bem! Para avaliar esse triunfo nas urnas, é preciso considerar se houve grandeza. Aqui, vão os dados das eleições, de acordo com o TSE, em relação ao número de votos:

Dilma Roussef: 55.752.09
José Serra: 43.710.422
Nulos: 4.689.310
Nulos: 4.689.310
Abstenções: 29.194.356
Total de eleitores: 135.804.433 

A aritmética da grandeza, percebam, não está nos números do triunfo. Naquilo que se convencionou chamar de ‘maioria’. Ora, maiorias podem ser tão obstinadas quanto cavalgaduras, quanto minorias podem ser tão tacanhas em sua estultice. Ou não.

Mas somem os votos de José Serra, os nulos, brancos e abstenções e verão que, para bem conhecer, não é preciso demonstrar nem explicar: basta alçar a visão. Ver além. Os números confirmam um resultado imediato, mas mostram que Dillma não ganhou com a maioria. Note que eu digo que Dillma ganhou, não venceu.

Dillma ganhou, portanto, com a manobra da ilegalidade de seu criador, Luis Inácio Lulla da Silva, que abandonou as responsabilidades do cargo de presidente para ser cabo eleitoral. Por isso, o ganho de Dillma vale menos, muito menos. Porque não é a vitória do mérito. Da competência. É o ganho do apadrinhamento, da indicação, da facilitação de recursos com dinheiro público para entronizá-la na veleidade do triunfo – a qualquer custo. Não é a vitória de uma mulher como Irmã Dulce, Dra.Zilda Arns, Bertha Lutz, Nísia Floresta, Marina Silva, Dra.Nise Silveira, Pagu, Tarsila Amaral, Chiquinha Gonzaga, entre tantas, tantas outras mulheres que se fizeram per si, e não porque um marmanjo as manobrou como bonequinha de corda. Quem ganhou mais, portanto, não foi Dilma, foi Lulla.

E Lulla também não ganhou por seu mérito, porque os números confirmam o óbvio: sua dita popularidade é uma farsa. Tanto que não ganhou, não elegeu sua marionete no primeiro turno. Tanto que deitou seu mal contido ressentimento ao dizer que “70 milhões de brasileiros não foram inteligentes o suficiente para decidir eleição em primeiro turno”.

Pois bem. Esses 70 milhões de brasileiros que não votaram em Dillma, nem no primeiro nem no segundo turno, são, em grande parte, os brasileiros que não se deixaram engrupir no conjunto dessa obra de mentiras, falácias e bravatas que o apedeuta Lulla propõe perpetrar neste país onde uma convicção não vale mais que uma bolsa-esmola.

Dillma ganha perdendo porque não convenceu (convencer significa vencer com) as pessoas de bem, cientes e conscientes do mensalão, do dinheiro na cueca, do caso Lullinha, dos cartões corporativos, da mentira de que o país pagou a dívida do FMI e é so acessar o site do Banco Central do Brasil e do FMI para conferir o valor de U$235,3 bilhões, do circo armado das olimpíadas, da inflação percebida na alta dos alimentos toda semana, nas alianças com Collor, Sarney, Maluf, Edir Macedo, Hugo Chavez...

A vitória de Dillma – se vitória se pode dizer – não é uma vitória que exalta. É um ganho que corrompe. Corrompe porque é continuísmo. Corrompe porque é fruto de locupletamento com os “cumpanhêro”, de emparelhamento estatal, de uso da máquina pública e do culto da personalidade de seu mentor, Lulla, e não da autonomia de Dillma como pessoa, como mulher, como política, como cidadã.

Mas esse ganho também deve despertar. Despertar as pessoas de bem deste país para o fato de que precisam conhecer mais, trabalhar mais, agir mais. Inquietar-se mais e mais incomodar. Despertar para a necessidade de não se abaterem, cientes de que Dillma ganhou, mas não venceu com grandeza nem com mérito. 

E então, volto a uma frase de Saint-Exupéry: os homens compram tudo pronto nas lojas... Mas como não há lojas de amigos, os homens não têm amigos.

O atual momento é emblemático de uma releitura que a partir daí faço: há políticos que compram tudo com bolsas... Mas como não há bolsas de vergonha, esses políticos não têm E-LEITORES, têm clientes. É só rodar a bolsa.

Amigos, pessoas de bem! Comecem a trabalhar agora, aí, onde estiverem. Sem trégua! Com a cara corada de vergonha, mas limpa, erguida! Firmes no propósito de não se impressionarem com o grito dos maus, dos violentos, com os ganhos dos corruptos, mas de não se permitirem o silenciar do bem e da ética!

A luta continua!
E eu estou aqui!
Meu abraço sincero,
Juarez Nogueira

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Em 09/11/ 2010 17:39:00
robertacarrilho@hotmail.com escreveu:


Eu li Juarez, apesar de entender você e sua eloquência, não compartilho a mesma opinião. A democracia está aí, ou seja, aceitar e respeitar as diferenças. 

Eu o respeito pelo que você é e não pela sua posição política. Esta não me interessa, você sabe que eu sou LULA, de peito aberto; o que me interessa é só a sua amizade, nada mais.


"Democracia: é uma crendice muito difundida, um abuso da estatística". Jorge Luis Borges


"As diferenças de opiniões nunca devem suscitar inimizades nem ressentimentos". Carlos Bernardo González

"A confidência corrompe a amizade, muito contato a consome, o respeito a conserva". Cícero


"Amigo é aquele que sabe tudo a seu respeito e, mesmo assim, ainda gosta de você." 

Abraços,
Roberta Carrilho




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Date: Tue, 9 Nov 2010 18:14:00 -0200
From: junarez@bol.com.br
Subject: Re: RE: Só leia se for Gente Decente!
To: robertacarrilho@hotmail.com


Foi um equívoco de minha parte!
Note que eu sempre me dirijo a "Gente Decente"!
É compreensível que haja quem não se reconheça nesse grupo.
Por isso já decidi: vou deletar seu contato de minha lista.
Eu já entendi que você tem um caráter muito sublime para que eu me considere seu amigo.
Tiau!




terça-feira, 24 de agosto de 2010

TODOS CONTRA A PEDOFILIA

Jantar oferecido pela empresária Sandra Amaral,
para o Senador da República, Magno Malta, em Divinópolis.
Eu participo ativamente desta campanha:
TODOS CONTRA A PEDOFILIA

Magno Malta e eu

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O AMOR NÃO ACABA, NÓS É QUE MUDAMOS

Um homem e uma mulher vivem uma intensa relação de amor, e depois de alguns anos se separam, cada um vai em busca do próprio caminho, saem do raio de visão um do outro.

Que fim levou aquele sentimento? O amor realmente acaba?

O que acaba são algumas de nossas expectativas e desejos, que são subtituídos por outros no decorrer da vida. As pessoas não mudam na sua essência, mas mudam muito de sonhos, mudam de pontos de vista e de necessidades, principalmente de necessidades.

O amor costuma ser amoldado à nossa carência de envolvimento afetivo, porém essa carência não é estática, ela se modifica à medida que vamos tendo novas experiências, à medida que vamos aprendendo com as dores, com os remorsos e com nossos erros todos.

O amor se mantém o mesmo apenas para aqueles que se mantém os mesmos. Se nada muda dentro de você, o amor que você sente, ou que você sofre, também não muda.

Amores eternos só existem para dois grupos de pessoas.

O primeiro é formado por aqueles que se recusam a experimentar a vida, para aqueles que não querem investigar mais nada sobre si mesmo, estão contentes com o que estabeleceram como verdade numa determinada época e seguem com esta verdade até os 120 anos.

O outro grupo é o dos sortudos: aqueles que amam alguém, e mesmo tendo evoluído com o tempo, descobrem que o parceiro também evoluiu, e essa evolução se deu com a mesma intensidade e seguiu na mesma direção. Sendo assim, conseguem renovar o amor, pois a renovação particular de cada um foi tão parecida que não gerou conflito.

O amor não acaba. O amor apenas sai do centro das nossas atenções.

O tempo desenvolve nossas defesas, nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar.

Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice.

Paixão termina, amor não.

Amor é aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços, enquanto for bem-vindo, e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não funciona mais, mas que nunca expulsamos definitivamente de casa.

Martha Medeiros


É absolutamente certo isso. O amor não acaba ... quando é verdadeiro e recíproco.
Mas quando não é torna sofrível e a vida nos dá outra alternativa. Mudar!
Hoje me sinto bem ... acabou uma paixão doentia que existia e persistia.
Demorou mas acabou.
Acabou tudo!!!

Estou refazendo meu caminho sozinha e é uma sensação estranha de alívio; de liberdade incondicional; de ar nos pulmões. Eu  já tinha até me esquecido o quanto é bom sentir assim. É como dizem alguns ditados populares: "A ingratidão mata a paixão", "O tempo é o melhor remédio", "Tudo passa!" e outros.
Roberta Carrilho

EPITÁFIO - TITÃS

Os Titãs conseguiram colocar numa linda melodia uma grande reflexão sobre a vida neste Epitáfio (texto inscrito em lápides e placas que buscam homenagear o defunto). Faz lembrar muito os pensamentos do filósofo estóico, Epicteto - Arte de Viver.

É sensacional tanto a melodia quanto a letra, é uma das melhores músicas da banda Titãs.
Roberta Carrilho

Devia ter amado mais.
Ter chorado mais.
Ter visto o sol nascer.

Devia ter me arriscado mais,
e até errado mais.
Ter feito o que eu queria fazer.

Queria ter aceitado as pessoas como elas são.
Cada um sabe a alegria,
e a dor que traz no coração.

O acaso vai me proteger.
Enquanto eu andar distraído.
O acaso vai me proteger.
Enquanto eu andar.

Devia ter complicado menos,
e trabalhado menos.
Ter visto o sol se por.

Devia ter me importado menos,
com problemas pequenos.
Ter morrido de amor!

Queria ter aceitado a vida como ela é,
A cada um cabe alegrias, e a tristeza que vier.

Titãs

terça-feira, 17 de agosto de 2010

PENSAMENTOS INTERESSANTES









Lembre-se: E A VACA NÃO MORREU!!!


São ótimos estes pensamentos!!!
Adorei as ilustrações...
Roberta Carrilho

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O PERIGO DA INTELIGÊNCIA por de José Virgolino de Alencar (comentário de Juarez Nogueira)

Recebi este texto do meu amigo de longos anos, JUAREZ NOGUEIRA, sempre muito presente. Admiro não só pela sua inteligência privilegiada, ou pelos seus talentos literários, mas pela fidelidade dos seus sentimentos e coesão entre a fala e ação.
É tão bom ter amigos ... amigos inteligentes, coerentes, sensíveis é ainda melhor.
Beijussss Juarez...

É um texto extremamente lúcido e reflexivo.
Adorei!!!
Roberta Carrilho


Mas o texto lembrou-me o conto do escritor H.G.Wells, “A terra dos cegos”.

O conto fala de um lugar onde as pessoas são cegas há várias gerações. Porque não podem ver, não reconhecem seu problema. Até que um homem, Nunez, com visão normal, tenta persuadir a população cega do problema da falta de visão. Num trecho da obra, lê-se:

“A imaginação de outros tempos fora substituída pela que a atmosfera de trevas lhe ditava, auxiliada pela sensibilidade dos ouvidos e das pontas dos dedos. Nunez apercebeu-se de que mais tentativas para lhes fazer compreender a verdade resultariam absolutamente infrutíferas”.

Sim, ele fracassa. E a população decide, por fim, arrancar-lhe os olhos para curá-lo de sua ilusão.

O texto me lembrou o conto “Teoria do Medalhão”, de Machado de Assis (1881). É a história de um pai que aconselha o filho sobre seu futuro para garantir a recompensa de seus esforços. O pai diz ao filho que não pense muito, não tenha ideias próprias, seja popular. Assim será sempre lembrado, pois agrada a todos, é simpático, quando na verdade não é. O pai aconselha o filho a não divergir dos demais, a ser conivente com a maioria das pessoas para ser tido como necessário em todos os lugares, eventos sociais e festas. Isto para ser lembrado durante a vida e depois da morte também.

Também me lembrou Samuel Pepys, no Diary (1665):
“(...) living as I do amongst so many lazy people, that the diligent man becomes necessary (…). Traduzindo: “(...) vivendo como eu vivo entre tantos picaretas, um homem diligente se faz necessário (...)”.

Os que já me conhecem, sabem: tenho miopia, astigmatismo, daltonismo, fotofobia e vista cansada. Principalmente vista cansada. Principalmente.

(Independentemente dos meus distúrbios de visão, também me fez pensar bastante, ah isso fez, no fato de que a UFMG dispensou a leitura de obras literárias... Será por quê, hein? Ah, deixa pra lá... Isso é outra história...)

Então, segue o texto, com meu abraço: 
O perigo da inteligência
Juarez Nogueira

Do eterno girar do tempo e dos seculares conflitos entre os poderosos e as sociedades humanas, são incontáveis os exemplos de que a inteligência é um perigo, de que o talento causa susto aos títeres e aos incompetentes e despreparados que detêm o mando, seja o econômico, seja o político. A ascensão ao poder e a conquista de riquezas são fatos que, com raríssimas exceções, ocorrem com personagens medíocres, pouco familiarizados com o saber culto, mas sabidos (não sábios) nessa artimanha de dominar a cena, monopolizando o comando político e a propriedade dos bens de produção.

Apesar do poder e da riqueza, tais personagens são inseguros e medrosos diante da inteligência, do talento e da competência. Vivem assustados ante a possibilidade de ver seus alicerces de poder e de força econômica minados pela letalidade da palavra dos sábios, que costuma ter efeito de canhão quando mirada na direção da mediocridade do poderoso.

Quando Winston Churchill, ainda jovem, fez seu primeiro discurso na Câmara dos Comuns, ao terminar, perguntou a um parlamentar mais antigo o que ele achara do pronunciamento. O experiente membro da Câmara inglesa põe a mão no ombro de Churchill e dispara: “Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi muito brilhante neste seu primeiro discurso na Casa. Isso é imperdoável! Devia ter começado um pouco mais na sombra. Devia ter gaguejado um pouco. Com a inteligência que demonstrou hoje, deve ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos. O talento assusta”.

A lição dada a Churchill pela velha raposa do parlamento britânico, mesmo com um certo quê de ironia, de certo modo traduz uma verdade observada em todas as épocas da evolução da humanidade, com muitos episódios em que o talento assustou até os impérios e seus Kaisers, sendo inúmeros os casos em que reinados caíram sem guerra armada, mas derrubados pela palavra de pensadores talentosos e corajosos. Como também a história registra fatos de perseguição, degredação, exílio e aniquilamento de homens inteligentes que desafiaram o poder, quando este, infelizmente, dispunha de armas e força física invencíveis.

Mesmo vencido, o talento incomoda, quando expõe uma verdade crua fustigando os poderosos. Rui Barbosa é um exemplo de brasileiro talentoso, ousado, que incomodou o império e a velha república com sua palavra de fina ferinidade. Vejam esse epigrama/trova do velho Rui, espicaçando ironicamente a burrice:


“Ha tantos burros mandando
em homens de inteligência,
que, às vezes, fico pensando
que a burrice é uma Ciência”. 

Pela obstinação e capacidade que têm os burros de conquistarem poder e riqueza, é de concluir-se que a burrice tem uma qualidade oculta a desafiar a ciência, a psicologia, a sociologia, enfim, o conhecimento mais remoto do ser humano. O burro não vai ter, por isso, reconhecida qualquer competência, mas ter-se-á uma explicação para o fenômeno, estranho, misterioso.

Acho que, mesmo em sendo um trocadilho definindo o paradoxo entre o medíocre e o competente, “o burro é sagaz para ganhar dinheiro; o inteligente é inapetente para consegui-lo”. O filósofo André Comte-Sponville diz que “há gênios infelizes e há imbecis felizes”. Contudo, é de se notar que a infelicidade do gênio não é nenhuma frustração, mas pura lamentação pelo domínio da burrice. A felicidade do imbecil é mera alienação, felicidade esta que geralmente é estragada pelas estocadas dos sábios, com suas certeiras flechas do saber.

De forma refinadamente bem-humorada, Nelson Rodrigues também ironiza o medo do poderoso burro diante do talento, afirmando: “Finge-te de idiota, e terás o céu e a terra”. A sutileza de Nelson Rodrigues ensina que se o talento meter-se a besta, o burro pode destruí-lo. Então, para sair-se bem e não ser incômodo, o talento deve fingir-se de idiota.

Disso tudo, se conclui:
O talento é um perigo!



José Virgolino de Alencar


terça-feira, 10 de agosto de 2010

A MONSTRUSIODADE DA INVEJA por Alan Brizotti





Este texto de Alan, eu dedico aos amigos e aos "in" amigos (inimigos) para uma reflexão íntima.
Roberta Carrilho

Alguém disse que "o ódio é assinado, mas a inveja é anônima". Essa clandestinidade, esse caráter oculto, acaba por criar uma armadilha mortal, pois não conseguimos perceber que nossos atos e palavras, às vezes, são motivados pela mesma inveja que facilmente diagnosticamos na conduta do outro. Como disse William Hazlitt, "nós facilmente convertemos nossos vícios em virtudes, e as virtudes dos outros em vícios".

A inveja sempre foi um assunto estranho. Sempre gerou reações. É difícil falar ou ler sobre ela sem ser atingido pelo assunto.

A inveja tem a capacidade de esconder-se, agir sem despertar aplausos. Zuenir Ventura escreveu: "O ódio espuma. A preguiça se derrama. A gula engorda. A avareza acumula. A luxúria se oferece. O orgulho brilha. Só a inveja se esconde".

O professor Gabriel Perissé acertou em cheio quando escreveu o que pensa um invejoso: "que ninguém veja a minha inveja... nem eu".

O invejoso vive ruminando angústias, mastigando amarguras. Nunca confessa sua inveja, pois é humilhante demais reconhecer que inveja o outro. É uma verdadeira tortura. O cúmulo da inveja é quando o invejoso passa a invejar os que conseguiram livrar-se da inveja! É um ciclo do mal. Uma praga que habita a intimidade. Uma espécie de diabolização que faz com que tudo que o outro possuir despertará a dor da alma. Uma frase antiga diz: "Não grite alto a tua vitória, pois a inveja tem o sono leve!"

Ivonne Bordelois definiu que do ponto de vista etimológico, a inveja é cegueira em diversos sentidos. Um primeiro sentido possível de "in" + "videre" (ver): a partícula "in" tem aqui a ideia de oposição, ou seja, ver invejosamente é ver "contra". Ver torcendo contra.

É alegrar-se discretamente quando a pessoa invejada perde os bens que possuía. Em alemão, a alegria de ver o fracasso alheio tem um nome: schadenfreud - numa tradução livre, "o amigo-da-onça".

A cada vez que o invejado faz sucesso, o invejoso morre um pouco, mas também renasce quando a desgraça se abate sobre o outro. Esse é outro sentido para a palavra inveja. Atribuindo à partícula "in" a ideia de penetração. O olhar invejoso perfura o invejado, quer matá-lo, perfurá-lo, feri-lo com esse olhar-faca, olhar do rancor, olhar doente. Esse é o legítimo "olho gordo", o olho descomunal, inchado por sua doença secreta.

Um terceiro sentido, é quando atribuímos à partícula "in" a negação: inveja é in-visão, o não-ver, a cegueira!

Perissé escreveu que "quanto maior a inveja, menor o coração". É a cegueira da alma.

Giovanni Papini, escritor italiano, disse que "a inveja é a sombra obrigatória do gênio e da glória". Não é fácil desempenhar uma missão quando estamos sob a mira fria dos invejosos.

A monstruosidade do íntimo ainda atinge muita gente. Portanto, costumo brincar dizendo que se você estiver olhando para o sucesso de alguém usando óculos escuros, cuidado, a inveja pode ter cravado suas garras em você, pois como definiu Plutarco: "a inveja é como os olhos que se irritam diante de tudo que tem brilho".

Alan Brizotti



quarta-feira, 4 de agosto de 2010

ASAS DO ESPÍRITO

Da mesma forma como o deserto 
necessita de chuva,
Da mesma forma como uma criança 
necessita de um nome,

Da mesma forma como as rosas 
necessitam de água,
O espírito humano necessita de 
atenção e cuidado.

Esta existência terrena é 
a infância da Eternidade.
Tal como a infância, 
a existência terrena é 
um período de deleite,
e também de aprendizado.

Somos aprendizes, 
e a nossa lição nesta breve 
jornada terrena 
pode ser resumida em três palavras:
Purificar o coração.
A beleza do mundo,
e a fragilidade da vida.

As imagens da infância que 
nos acompanham pelos anos, 
e que constituem o que somos.

A beleza da criação, 
e o mistério da transcendência.
A suave melodia trazida pela brisa, 
as horas abençoadas, o mundo e o olhar.

A frescura de todas as sedes, 
e a presença de todas as horas.

O que é efêmero, e o que é Real?
Que coisas têm verdadeiro valor, 
e quais as coisas que passarão?

Sons e cores do mundo 
distraem os sentidos, 
e muitas vezes ofuscam 
 aquilo que é Essencial.

Essencial é a ascendência, 
o aprimoramento interior.
Ser capaz de ouvir com o coração, 
nas frestas das miudezas do cotidiano,

o ruflar das asas dos anjos.

E em meio às banalidades do dia-a-dia, 
sentir as fragrâncias eternas.
Essencial é examinarmos 
o nosso coração, 

Todas as noites, 
para verificar se tivemos 
 lucros ou perdas no 
nosso capital espiritual.

Essencial é lembrarmos que 
a nossa passagem 
por aqui é finita, 
e que em breve seremos 
 chamados a partir.

O nosso corpo físico assemelha-se 
a uma gaiola, 
e a nossa alma, a uma ave.

Chega o dia em que a Mãe Amorosa 
abre a porta da gaiola, 
e diz para a ave do espírito:
“É chegada a tua hora, Voa...”

O que fará nesta hora decisiva a alma, 
recém-liberta da gaiola do corpo?
Quão alto conseguirá ela voar?
As asas do espírito, e as virtudes da alma.

“Vive, pois, os dias de tua vida, 
os quais são menos 
de um momento fugaz, 
mantendo sem mancha a tua ente,
imaculado teu coração, 
puros teus pensamentos 
e santificada tua natureza.”

“De modo que, livre e contente, 
possas abandonar essa 
forma mortal, 
recolher-te ao paraíso místico e habitar, 
 para todo o sempre, no reino eterno.”

Bahá’u’lláh



“Vê que a vida é uma grande ponte, 
não constrói nela tua casa, atravessa somente.”
Pensamento Budista

“Bem-aventurados os que 
buscam com mãos puras.”

“Bem-aventurados os que buscam a Luz.”

“Bem-aventurados aqueles que, com confiança,
 encontram o caminho da Luz.”

“Bem-aventurados os que aspiram 
tornar-se Filhos da Luz.”

“Bem-aventurados os puros de coração.”
Jesus Cristo