segunda-feira, 12 de julho de 2010

ACABE COM A CHATEAÇÃO CONSTANTE (PEGAR NO PÉ) - Livro: Amar sem Mimar





Mariane, uma das mães que conheci, tinha lembranças terríveis da chateação constante de sua mãe e estava determinada a não fazer o mesmo com a filha. "Quanto mais minha mãe frisava algo, mais eu empacava como uma mula. Eu quis ensinar a Alice o comportamento apropriado sem ter que repetir tudo uma centena de vezes!", ela recorda. Mas Alice, uma garota curiosa de dois anos de idade, não estava cooperando com o plano do jogo. Quando ela decidia que queria algo, perseguia seu objetivo, não importava quantas vezes a mãe dissesse não. Arrancava todos os livros da estante ou comia lanches na cozinha antes do jantar. Mariane passava o dia todo dizendo: "Pare com isso!" ou "Não mexa aí!", sem proveito. Depois de um tempo, ela ficou tão exasperada que seu tom de voz ficou mais alto. "Alice, eu já disse cem vezes não!" Por que você não me escuta?".

Lá no fundo, Mariane sabia a resposta: porque ela tinha se tornado uma chata. Alice estava se comportando do mesmo modo que ela, ou seja, ignorava sua própria mãe. O problema era: Mariane não sabia mais o que fazer para conseguir que sua filha a escutasse.

Nenhum pai quer ser um chato. Então, por que tantos de nós acabamos desse jeito e como podemos evitar isso? A verdade é: o único modo para deixar de chatear é deixar de falar - e começar a tomar atitudes para corrigir o problema. "Você pode falar até ficar azul", disse uma mãe. "Você pode gritar até ficar roxo. Mas, se você estivar usando aquele discurso 'tom de mãe', pode estar é falando com a parede".

Frequentemente, nós enganamos em pensar que nossas valiosas lições são algo diferente de pura chateação. Pensamos: "Meu filho apanhará seus brinquedos, fará a lição de casa, pensará duas vezes antes de ferir os sentimentos de alguém, se manterá longe do fogão...", e assim por diante, sem os infinitos lembradores verbais. Ou então acharmos que mensagens importantes sobre segurança ou questões morais não serão transmitidas sem constante chateação. O problema é que esse tipo de palestra raramente funciona.

Uma razão para as crianças responderem tão negativamente às nossas reprovações exasperadas é que elas se sentem humilhadas. Antes de você dizer qualquer coisa, imagine como expressaria a mesma mensagem a uma criança que não fosse seu filho. Por exemplo, se a criança de um vizinho estivesse jantando em sua casa, eu duvido que você gritasse: "Pare de esfregar sua boca na manga da camisa - que falta de educação!". Muito provavelmente, se você falasse alguma coisa, seria dita em um tom mais suave, como: "Aqui, pegue um guardanapo". Ou você agiria sem dizer uma palavra e simplesmente poderia lhe oferecer um guardanapo. Há muitas ocasiões ao longo do dia em que você se sairia melhor se simplesmente agisse e não falasse nada: pegar a mão de seu filho na hora de deixar o playground ou lhe dar um paninho quando ele derramar suco na mesa.

A maioria dos pais passa muito tempo emitindo lembretes constantes. Eles assumem que devem imprimir em seus filhos as lições importantes que precisam aprender. Eu acredito que os lembretes constantes sejam apenas um eufenismo para chateação. E as crianças nos ignoram mais rápido do que possamos dizer: "Não se esqueça...".

Uma história de pais: Deixe os especialistas fazerem o discurso
O filho de cinco anos de Cathy tinha fascinação por acender fósforos. Ela fazia sermões e sempre alertava, sem proveito. Ele continuava sem escutar. Um dia ela o pegou queimando papel no quarto dele e ficou muito transtornada, como nunca havia ficado na vida. Então, em vez de lançar seu habitual sermão, ela disse calmamente: "Vista seu casaco". Ela o levou rua abaixo, até o posto dos bombeiros, e pediu ao capitão que falasse a seu filho sobre os perigos do fogo. No final da conversa deles, o filho jurou que nunca mais acenderia outro fósforo e realmente ele não fez mais isso.

Você realmente pode culpá-lo? Imagine como você se sentiria se seu chefe repetisse as instruções infinitamente, em um tom desdenhoso e grave. Em vez disso, o que você pode fazer? Reforce as consequências e aja. Foi isso então o que Leslie fez.

Todas as noites, quando ela colocava o jantar na mesa da cozinha, chamava seus dois filhos que estavam na sala: "Desliguem a TV e venham jantar". Dois minutos depois, a TV estava ligada. Leslie gritava: "Eu disse que está na hora de desligar a TV e vir jantar".

Normalmente, Leslie tinha de chamar pelo menos mais uma vez da cozinha antes que a TV fosse desligada ou tinha que ir até lá e desligar. Perguntei para Leslie se ela tinha alguma idéia de por que eles estavam ficando surdos aos seus repetidos pedidos. "Eu sei que eles escutam!", ela disse, "Eles simplesmente me ignoram até que eu perca totalmente a calma".

Sugeri que ela tentasse a estratégia do falar-uma-vez-e-depois-agir. Na primeira noite, quando as crianças não responderam ao seu primeiro chamado, Leslie entrou na sala de estar e desligou a televisão sem dizer uma palavra. As crianças uivaram em protesto, mas se levantaram do sofá e foram jantar. Depois, ela calmamente sugeriu que era incoveniente para ela interromper o que estava fazendo para desligar a TV. "Seria mais fácil para mim e ela não fosse nem ligada", ela disse; depois parou, deixando-os pensar na mensagem. Na noite seguinte, assim que as crianças ouviram os passos dela, desligaram a TV. Dentro de uma semana, eles estavam desligando a TV depois da primeira chamada.


Em estudos de matrimônios prósperos, pesquisadores descobriram que o elemento essencial em um matrimônio feliz são as comunicações amorosas excederem as comunicações críticas. A mesma dinâmica funciona com crianças. Quando as palavras que nossas crianças ouvem normalmente soam críticas, ressentidas ou mal-humoradas em vez de úteis, amorosas e encorajadoras, seu desejo para cooperar e seu senso de auto-estima podem afundar.

Uma história de pais: Vamos rápido!
"Minha filha de três anos achava que seu nome completo era Karen Vamos. Eu comecei a notar quantas vezes por dia eu dizia: 'Karen, vamos rápido!' Isso foi embaraçador!".


Nancy Samalim e Catherine Whitney

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